Não é novidade alguma afirmar que a quantidade de festivais cresce anualmente e já abrange todos as predileções possíveis. Já falamos por aqui da importância dada ao line-up nos dias atuais, onde prioriza-se a experiência; dos eventos sem álcool; dos festivais transformativos que expandem a consciência e espiritualidade; de festas criadas por fãs de seriados recriando determinada temática e até do Sencity, exemplo de inclusão no mercado do entretenimento. A verdade é que frequentar festivais nos dias de hoje tornou-se um programa cultural bastante comum e, com isso, o surgimento de um novo público-alvo veio à tona: as crianças.
Pensando nisso, o Meu Primeiro Festival foi criado e tomará forma, pela primeira vez, nos dias 12, 13 e 15 de novembro, na Praça do Passeio Público, no Rio de Janeiro, com mais de cem atrações, incluindo blocos de carnaval, bandas, orquestras e até oficinais (serão mais de 54!) para estimular a criatividade e a cidadania dos mais jovens. O projeto, totalmente gratuito e realizado num espaço de 30.000m², ainda contará com tradução simultânea das atividades para as Libras, linguagem dos sinais; rampas e banheiros para facilitar o acesso de cadeirantes e preocupação em utilizar majoritariamente materiais reciclados ou naturais. No quesito gastronômico, food trucks e bikes serão espalhados por todo o local. Para conferir a programação completa e como inscrever as crianças nos workshops, basta acessar este link.
Entretanto, alguns festivais já vem investindo em agradar o público infantil. O Lollapalooza, em todas suas diversas edições pelo mundo, por exemplo, reserva um espaço inteiramente dedicado aos pequenos: o Kidzapalooza. Por lá, shows, danças, brinquedos e até apresentações de DJ que tocaram nos palcos principais do evento dividem a atenção das crianças em todos os dias do festival.
O Splendour in the Grass, na Austrália, também se preocupa com essa questão e disponibiliza fraldários, microondas, babysitters e lounges para a família, além, é claro, de uma programação voltada para as crianças, com direito até a aulas de yoga e arte. O visual, extremamente colorido e com uma aura mágica, inspira até os mais crescidos e é uma das áreas de destaque do evento.
O Burning Man, um dos festivais mais bacanas do planeta, conta com a ajuda dos Black Rock Scouts, uma espécie de escoteiros que visa formar novos burners, isto é, entusiastas do evento que seguem fielmente aos pilares culturais propostos (leia: Por Que Levar seus Filhos ao Burning Man? e Afinal, O Burning Man Está Perdendo Seu Propósito?). Durante a semana em Black Rock City, eles “recrutam” as crianças daquela edição e as engajam em atividades que envolvem até temas como astronomia e sustentabilidade.
No Brasil, também já temos representantes desse novo olhar: o goiano Bananada lançou, na última edição, o espaço Meninada no Bananada, focado em práticas educativas e lúdicas, oficinas variadas (tem até serigrafia!) e pintura facial, tudo isso criado sob a curadoria dos profissionais da Escola Interamérica. A ideia é deixar os pais despreocupados na hora de curtir o festival e, ao mesmo tempo, entreter as crianças de forma saudável e construtiva.
Além disso, ainda podemos destacar o Elderflower Fields, o Wilderness, o Curious Art & Festival, o Just So, Deer Shed e o Beautiful Days como outros bons exemplos de propostas voltadas também para a família, sem deixar de lado todos os outros elementos que compõe uma festa tradicional. Alguns incluem piqueniques, passeios à cavalo, teatro, rodas de leitura, aulas de ciências e desenho.
Acreditamos muito que eventos desse porte são experiências essenciais para adultos, indo muito além da música, e verdadeiras oportunidades de nos despir de diversos preconceitos, além de vivenciar grandes momentos em comunidade. Por isso, ao aplicarmos a mesma lógicas às crianças, as incentivamos desde cedo a aceitar as diferenças, manter a mente aberta, lançar mão da criatividade quando possível e, é claro, se divertir sempre. E aí, já guardou um ingresso extra pro seu filho?