Sencity e Outros Festivais Inclusivos


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Criado em 2003 pelo holandês Ronald Ligtenberg, o Sencity é um evento de música que têm um público-alvo bem incomum para o segmento: pessoas com deficiência auditiva. Em um primeiro momento, a ideia pode causar estranhamento. Porém, a proposta do evento é estimular todos os sentidos dos convidados, fazendo com que eles vivam a experiência de um show, mesmo que impossibilitados de ouvir sons.

Para isso, a organização utiliza diversas ações como uma pista de dança que emite vibrações, odores que provocam diferentes reações, objetos com texturas incomuns, uma cenografia de ponta com muitos efeitos visuais e interpretação das músicas com linguagem de sinais no palco. Pessoas que não possuem dificuldades de audição também são bem-vindas.

O apelo visual é um dos pontos principais do evento – Creditos: Facebook.
O apelo visual é um dos pontos principais do evento – Creditos: Facebook.

Em entrevista por e-mail, Ronald Lingtenberg afirma que o Sencity é uma ótima forma de indivíduos com deficiência auditiva conhecerem outros na mesma situação, trocarem experiências e participarem de um ambiente do qual se sentem excluídos. Além disso, garante que o projeto muda a percepção dos que podem ouvir sem restrições, pois promove uma profunda reflexão sobre a realidade e dificuldades que uma parcela da população têm que enfrentar diariamente.

Após passar por Nova Zelândia, Inglaterra, Argentina e Brasil – nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo -, o evento já confirmou a sua próxima edição: dia 8 de abril, vai acontecer o Sencity Festival em Rotterdam, Holanda, e as atrações ainda serão anunciadas. Você pode conferir um pouco mais sobre o projeto na apresentação que Ronald fez durante o TEDx em seu país natal, onde também apresenta o conceito de “Possibilizing”, que consiste em reavaliar criticamente as situações negativas e tentar tirar o máximo de proveito delas.

A preocupação com o bem-estar de pessoas com deficiências ainda não é uma realidade em grande parte dos festivais. Porém, é possível encontrar bons exemplos como Glastonbury, que possui uma equipe para dar informações sobre acessibilidade e outras questões relevantes, além de oferecer ônibus com acesso facilitado, banheiros especiais e carregadores elétricos para cadeiras de rodas automatizadas. Além disso, organizações como a Atittude is Everything trabalham em parceria com venues e produtores para melhorarem o acesso de pessoas com necessidades especiais a eventos musicais, oferecendo uma cartilha de boas práticas e consultoria especializada.

Deficiente visual e seu cão-guia no Rock in Rio – Créditos: UOL
Deficiente visual e seu cão-guia no Rock in Rio – Créditos: UOL

No Brasil, ainda existe um longo caminho a ser percorrido. Porém, festivais como o Rock in Rio possuem transporte especial para pessoas com dificuldade de locomoção, áreas exclusivas que facilitam a visualização das apresentações, além de banheiros adaptados. Outro grande destaque nesse quesito é o vídeo do anúncio do lineup do Lollapalooza Brasil 2017, com a presença de cadeirantes  e tradução para a linguagem de sinais. Isso mostra que o evento pretende ser cada vez mais inclusivo, o que é importante não apenas do ponto-de-vista social, mas também para conquistar um público que, muitas vezes, se sente impossibilitado de participar de grandes shows.

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