Review Primavera Sound 2016: Um Festival Para Se Surpreender


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* Imagem: Maria Arteche (Primavera Graphic Sound)

Embora já tivéssemos carimbado em nossos passaportes três edições do Sónar Barcelona, esta foi nossa 1ª vez no Primavera Sound.

Antes de tudo é preciso dizer que este é um festival superlativo. Tudo é mega. Seja a quantidade de público – estima-se 190 mil pessoas nos 3 dias de festival – apresentações (foram mais de 200 artistas, bandas e DJ sets), palcos (são 12 só no Parc Del Fórum), horário (18 horas de música non stop por dia), opções de comidas e bebidas e até o número de marcas patrocinadoras (havia pelo menos uma dúzia de ativações rolando lá).

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O incrível é que TUDO funciona bem! Não enfrentamos filas para entrar em nenhum dos dias. Apesar do Uber ser proibido em Barcelona, diversas linhas de ônibus e uma fila gigantesca de taxis estava à disposição do público durante toda a madrugada na saída do festival (o metrô funciona até às 2h na sexta e no sábado roda 24 horas).

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Chegada ao Parc del Fòrum

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Balcão de informações logo na entrada do festival

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Estacionamento gratuito para bikes

Tentamos encontrar problemas, mas só encontramos 3, sendo todos irrelevantes perto da experiência que o Primavera oferece:

1. Distância

Entre o Beach Club, pista eletrônica do festival (que estreou nesta edição), e o palco Heineken, onde se apresentaram as principais atrações do Primavera, leva-se em média uns 30 minutos andando (sem paradas, tumultos ou filas). Deixamos de assistir a algumas apresentações simplesmente porque não dava tempo (ou faltavam pernas). Sem contar que a maioria dos nomes mais expressivos da pistinha tocavam entre 13h e 16h, justamente no início do festival (#fail).

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Caminho para o Beach Club

2. Bares

O serviço fluía tranquilo e havia MUITAS opções, além de ambulantes mochileiros e carrinhos com chopeiras atendendo a galera no meio das pistas. Mas, diferente do Brasil, onde você compra as fichas num bar, lá você pagava em dinheiro (ou cartão) para o mesmo atendente que te serve a bebida. Isso as vezes demorava mais que o necessário o atendimento. Depois do Tomorrowland Brasil e do Sónar Barcelona 2015, ambos com o sistema cashless (pulseiras carregáveis que dispensam o uso de dinheiro) fica meio old school ver um serviço como este ainda baseado em dinheirinhos.

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Bar ainda “tranquilo” durante a tarde

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E também dava pra comprar dos ambulantes

3. Educação

“Desculpa”, “com licença”, “perdón” e “permiso” foram palavras que mais falamos que escutamos. Parte do público nos pareceu bastante mal educado, especialmente quando disputando um lugar para sentar ou passando por cima de você no meio do show. Acontece em todo festival, eu sei… Mas no Primavera isso nos chamou mais a atenção (como tive que escutar de uma menina exaltada depois de me pisar 3 vezes: “hay que tolerar!”).

Felizmente nada disso tira o mérito quase perfeito do festival. Quer saber porque?

Primavera Sound Não é o “Novo Coachella”

Sim, rola um grande hype em torno do festival – especialmente depois do video de lançamento do line-up, até agora o mais bacana do ano na opinião do staff Pulso.

Porém, apesar da grande presença de muitas marcas e das apresentações “indie-blockbusters” dos palcos principais, não observamos ostentação, uniformidade estilística ou grandes afetações por parte do público.

Muito pelo contrário. Notamos uma grande presença de famílias com crianças (em alguns casos, bebês em berços) e um “público normal” em geral, visivelmente mais velho (na faixa dos 25 pra cima).

Diferente do Coachella, onde a cada ano mais se destacam as festas exclusivas bancadas por marcas em busca de ~influencers digitais~, a programação paralela do Primavera é feita 100% para democratizar o acesso do festival e de suas atrações.

Existe uma vibe muito diferente de um festival europeu de um norte-americano. Apesar de todo o hype, o Primavera nunca vai ser um Coachella. Ele tem uma personalidade própria, que é a cara da Catalunha. E só quem já foi num festival lá sabe.

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Um Line-Up Para se Surpreender… E se Jogar Com Vontade no Desconhecido!

É fato: o line-up do Primavera beira a perfeição.

Além de todos os shows começarem e terminarem no horário prometido e o sistema de som ser de altíssima qualidade, cada pista proporcionava uma experiência única e especial.

Havia os mega stages (Heineken e H&M eram os principais), palcos com arquibancadas (Ray-Ban) e de médio porte (Primavera, Adidas e Pitchfork), um auditório fechado (Rockdelux), um club stage (Bowers & Wilkins) e até um palco “secreto” (Heineken Hidden Stage).

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Palco Nightpro com arquibancada para assistir aos shows sentado

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Palco Heineken durante o show do Brian Wilson

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Palco Ray-Ban com maior visual

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Climão de praia e relaxamento no Beach Club

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Palco Bowers & Wilkins

Se no quesito música eletrônica Barcelona entrega um dos melhores line-ups do mundo com o Sónar, no Primavera Sound a capital catalã faz o mesmo na cena indie.

Assistimos a praticamente todos os grandes shows do Primavera – LCD Soundystem, Radiohead, PJ Harvey, Beirut, Brian Wilson, Sigur Ros e Moderat – sendo estes dois últimos os que mais nos impressionaram, tanto pelas projeções e iluminação de palco, como pela beleza e qualidade musical. Os demais shows foram grandes “greatest hits”, sem muitas surpresas, embora entregassem o que a maioria das pessoas estava ali esperando.

Mas o mais bacana mesmo foram as surpresas, com destaque os shows “lado b”, que aconteciam nos palcos alternativos do festival:

. Kamasi Washington e banda. Uma performance hipnotizante e de altíssima qualidade de jazz jam session. Foi “Epic” como o título de seu belíssimo álbum, um dos melhores de 2015 (Tim Festival feelings);

. Kiamos e seu nu-trance, minimalista e celestial. Foi um dos momentos mais emocionantes do Primavera, embora a performance da dupla islandesa tenha sido um tanto “afetada” demais pro tipo de som apresentado.

. John Carpenter, um respeitado senhor de 68 anos e compositor da trilha sonora de diversos filmes clássicos de terror dos anos 80 (Halloween, Christine, The Thing etc), cujos trechos passavam nos telões do palco enquanto ele apresentava cada nova música.

. Animal Collective, uma performance literalmente surreal, que contrastava explosões de gritos descompassados com momentos de calmaria experimental e psicodélica. Artsy, provocante e esquisitíssimo. A cenografia e iluminação foram um espetáculo a parte, incluindo uma imagem de fundo de inspiração cubista e três totens em cima do palco que pareciam mais ter saído de um filme do Spike Jonze.

. Tiger & Woods, que encerraram o club stage de sexta, numa seleção impecável de house e disco music, alegre e uplifting, pra dançar até os pés pedirem arrego.

Vale destacar também a presença Brasuca no festival: Aldo The Band, Mahmed, Inky, O Terno, Water Rats, O Quarto Negro e Nuvem se apresentaram nesta edição.

Fabrício Nobre, curador e idealizador do festival Bananada (veja aqui: O Festival Mais Plural do Brasil) estava lá, assim como o crew do Popload e do Queremos! Rolou uma pesquisa forte… Com sorte, podemos esperar algumas das revelações do Primavera em breve por aqui.

Everything In Its Right Place

Muitas marcas faziam parte do Primavera. Como acontece no Lollapalooza Brasil, Heineken, H&M, Bowers & Wilkins, Adidas, Ray-Ban, Firestone e Pitchfork assinavam o nome dos palcos. Diferente do Lolla, as marcas não competiam por atenção. Elas faziam parte do ambiente, estavam lá com ativações, mas de uma forma mais diluída entre tantas outras coisas que aconteciam no festival.

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Marcas no Primavera Sound

A lojinha de merchandising sempre estava cheia, ficava de frente à entrada do festival, cercada de uma feira onde era possível comprar discos de vinil, camisas e pôsteres das bandas que se apresentavam no Primavera ou acessórios para o look do dia.

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A praça de alimentação era farta, com opções para todos os gostos. De batatas fritas gourmet à kebabs, woks a crepes, hot dogs a comida vegana. Uma curiosidade foi que alguns bares também servia cafés – e parece vender muito bem, já que sempre rolava uma fila.

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Vai um vinhozinho?

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Praça de Alimentação Principal

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Food Trucks no Beach Club

Os banheiros ganharam nosso “prêmio inovação”. Não eram todos, mas em algumas partes do festival, havia uma série de cabines iluminadas com um bastão de leda. Quando ocupadas, a luz ficava vermelha (e verde quando livre). De longe, era possível saber qual banheiro estava ocupado ou não, uma praticidade que – de tão óbvia – a gente se pergunta porque nunca vimos antes.

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Enfim, um festival de produção impecável. Ou, como diria Thom York: everything in its right place.

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Voltamos impressionados e com vontade de retornar ao Primavera no próximo ano.

Um agradecimento especial para a Heineken pelo convite que garantiu a nossa cobertura e este review. Saúde!

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