Reflexões sobre SXSW, Burning Man e Sónar


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Acredite se quiser: o SXSW Interactive 2014 reuniu 1.100 apresentações, 2.377 palestrantes e 32.798 participantes. Considerando 5 dias de evento e 10 horas por dia de atividades, temos uma média de 220 apresentações X dia (e 22 Xr hora). Ou seja…Haja conteúdo!

Dado o excesso de informações, fica a dica para quem deseja participar da experiência SXSW:

1. Prepare-se mentalmente e fisicamente. Mesmo sem assistir às sessions, acontece tanta coisa interessante em Austin durante os dias do festival que é impossível não ser levado pelo fluxo (não à toa o crescente número de sessions dedicadas à meditação, yoga e outras formas de mindfulness).

2. Aceite: você vai perder coisas incríveis. Afinal, não é esta a característica principal que define um bom festival?

3. Faça o dever de casa. Planeje, pesquise os palestrantes, sessions e atividades. Principalmente se você deseja participar de um dos seus disputados workshops.

UM BATE PAPO COM BURNING MAN

Durante o SXSW 2014, Carol e eu tivemos a oportunidade de participar de um workshop fantástico, Growth Dialogue: a Dialogue With Burning Man.

USA-NEVADA/BURNINGMAN

A cidade de Black Rock City, construída no deserto de Nevada exclusivamente durante o Burning Man

O tema do workshop não era o festival, e sim reflexões sobre cultura organizacional versus crescimento. Ao longo das 2 horas e meia, o time do Burning Man reforçou a importância de preservar e disseminar os valores da organização.

Valores promovem e sustentam o crescimento de uma visão. É o que gera empatia, reconhecimento e admiração. O que conquista fãs e seguidores reais. Podem até ser “fabricados”, mas mentira tem perna curta (graças às mídias sociais, cada vez mais).

Valores são também construídos com o tempo. Persistem à mudanças enquanto se adaptam a novos contextos. Por exemplo, durante o workshop do Burning Man, a equipe afirmou que uma boa parte dos novos “participantes” (como chamam seus clientes) é composta de pessoas que nunca participaram de seus eventos. Os “sparkling ponies” (algo como “pôneis brilhantes”) são os calouros, recém-chegados ao festival, que ainda não entendem os signos e códigos culturais da comunidade que estão inseridos.

” – Leva em média 3 anos para que eles comecem a entender. Os que não se identificam (com nossos valores) acabam naturalmente saindo e buscando outras coisas.” Afirmou uma das produtoras do festival.

Um dos pontos mais críticos para eles é o equilíbrio entre os novos participantes com os veteranos. O primeiro dos dez princípios do grupo, “Inclusão Radical”, é uma faca de dois gumes. Por um lado, significa dizer que eles estão abertos a todo e qualquer tipo de pessoa. Por outro, por normas político-ambientais, existe um limite máximo de pessoas que podem estar no deserto durante os dias do festival.

A tensão é administrada ano a ano pelos disputados tickets, que esgotam-se cada vez mais rapidamente. Uma forma de estimular a fidelidade de seus membros mais antigos é o voluntariado. A medida que eles aprofundam a experiência com a marca, acabam se sentindo mais propensos a não só participar do festival, mas também a (re)defini-lo e organiza-lo.  Não a toa toda a equipe que planejou, criou e apresentou o workshop era composta de voluntários.

SÓNAR BARCELONA. 21 ANOS DE ARTE E MÚSICA AVANÇADA.

Do deserto de Nevada à efervecência cultural catalã, outro exemplo de festival fiel a seus valores é o Sónar Barcelona.

O evento comemorou neste ano seu 21º aniversário com um público de culturas, nacionalidades e idades variadas. Como o Burning Man, o Sónar também parece ter conquistado o equilíbrio perfeito entre o calouros e veteranos. Vi lá crianças com protetores de ouvido sendo carregadas no colo por pais clubbers na faixa dos 40 dançando ao lado de hipsters barbudos recém chegados aos 20 anos.

Sonar kids

Sónar Kids 

Ao longo de duas décadas de existência, o Sónar pouco mudou seu formato. Existem os eventos de dia, com uma proposta mais experimental e voltado para um público mais maduro, e os de noite, que concentram um número maior de atrações “pop” e voltadas para um público mais eclético.

As atrações que se apresentam por lá não são exclusivas do festival. Mas a curadoria faz a diferença. E o público sente. Não é raro observar as vendas dos primeiros ingressos promocionais esgotarem-se, mesmo sem as atrações terem sido anunciadas.

O que faz um Sónar, Burning Man ou mesmo o SXSW existirem há tantos anos, reciclando seu público a cada edição, enquanto fidelizam parte de seus antigos (e mais valiosos) antigos frequentadores? O que faz estas marcas serem admiradas a ponto de extrapolarem os limites de suas produções para se tornarem um estilo de vida?

Seria raso, no mínimo ingênuo, afirmar que seus valores são a única resposta. É claro que existe um esforço diário de uma equipe que trabalha o ano inteiro para fazer a proxima edição sempre melhor que a anterior. Porém, sem raízes fortes, não há árvore que se sustente. E o mesmo vale para estes 3 festivais, hoje reconhecidos em todo o mundo, graças a um trabalho de base sustentado ao longo de duas décadas de existência.

Longa vida ao SXSW, Burning Man e Sónar! E que tenhamos pernas pra acompanhá-los pelos próximos anos…

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