Se você planeja ir para o Web Summit 2020, leia atentamente esse artigo até o final.
Estivemos lá pela 1ª vez neste ano. Embora tenhamos feito uma longa pesquisa sobre o festival, incluindo entrevistas com quem já havia ido em outras edições e residentes de Lisboa, ficamos bastante surpresos com algumas das experiências que passamos por lá.
“O maior festival de tecnologia do mundo” (Forbes) é mesmo uma “Glastonbury para geeks” (The Guardian).
De imediato, pergunta que não quer calar: vale a pena ir? SIM, vale. Mas – diferente do SXSW (por exemplo) – não é um festival que recomendaria para todo mundo.
Por ser bastante específico, vale a pena considerar os pontos abaixo antes de planejar sua viagem para o Web Summit 2020.
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Considere antes de ir para o Web Summit 2020
1. Pule o primeiro dia : vá de streaming
O Web Summit começa numa segunda-feira e vai até a quinta-feira. O primeiro dia é a abertura do festival. Os portões são abertos para o público a partir das 16:00. A primeira palestra começa às 17:00 e o único palco que funciona nesse dia é o Centre Stage, o maior deles, com a capacidade para 20 mil pessoas.
Nós chegamos lá exatamente às 16:50. Como eu estava credenciado como imprensa, entrei em menos de 10 minutos. Porém, todo o restante do meu grupo levou mais de uma hora para entrar. Alguns desistiram no meio do caminho.
O Web Summit vende 70 mil ingressos. Às 17:00, todos os 20 mil lugares do Centre Stage estavam devidamente ocupados. Faça as contas: sim, milhares e milhares de pessoas ficaram do lado de fora.
Não tem problema fica do lado de fora. A produção do festival poderia, por exemplo, abrir todos os demais palcos do festival – que estavam devidamente prontos – para as pessoas sentarem e assistirem à transmissão pelos seus telões. Só que não. O único espaço onde era possível acompanhar o que estava acontecendo dentro do Centre Stage era do lado de fora, no chão, com chuva e um telão com não mais que 3 metros. Foi uma frustração coletiva e um grande furo da produção.
Como foram apenas 5 palestras no primeiro dia, todas elas com 15 a 25 minutos de duração, considere “pular esse dia” e assistir pelo streaming a transmissão desses conteúdos acompanhado de uma bela taça de vinho português no conforto do quarto do seu hotel/Airbnb.
2. Os estandes de expositores tem prioridade às palestras
O formato do Web Summit privilegia os estandes dos expositores ao conteúdo das palestras.
Para entender: com exceção do Centre Stage, todos os demais palcos do festival ficam localizados dentro de gigantescos pavilhões, rodeados de expositores de startups e patrocinadores do festival por todos os lados.
Dependendo do lugar que você esteja, vai escutar e ver muito pouco o que está sendo apresentado. É comum ter um monte de gente em pé no fundo dos palcos, especialmente nas palestras mais “bombadas”.
3. As palestras são curtas e “encavaladas” umas nas outras
Não espere profundidade. Exceto nos casos de um assunto muito técnico e com apenas um palestrante.
As palestras do Web Summit duram, no máximo, 25 minutos. Em alguns casos, são 4 pessoas no mesmo palco falando sobre o mesmo assunto (imagine 6 minutos por pessoa).
Além disso, assim que acaba uma, começa a seguinte. Muitas vezes, de um tema completamente diferente. Mal dá tempo pra processar as informações da anterior.
Apesar do formato rápido e non-stop, assisti excelentes palestras. Algumas com insights profundos, daqueles do tipo que mudam a forma como pensamos antes e depois (leia aqui minha cobertura para o Meio & Mensagem onde destaco três palestras que vi no Web Summit 2019).
4. É quase tudo sobre tech, startups e investidores
Fiquei decepcionado em descobrir que algumas das minhas tracks preferidas – Music Notes, Modum e Health, por ex. – só teriam palcos no último dia de festival.
Tome nota: 100% dos assuntos que você vai ver no Web Summit são sobre tecnologia. Até mesmo as palestras mais “humanizadas” estão lá pra vender um app – ou prometer como a tecnologia pode ajudar a resolver alguma questão.
O foco do festival são startups e investidores. Em segundo plano, mas também onipresente no Web Summit, marcas de empresas (em centenas de estandes) e executivos de perfil C-Suite (CTOs, CMOs, CEOs, CCOs etc).
Sim, o Web Summit é um festival de inovação. Mas existem diversos tipos de festivais de inovação, cada um com sua inclinação. Neste caso, o foco é claramente o tripé tech-startups-business.
5. É proibido levar comida (e rola dress code)
Não é possível entrar com qualquer tipo de comida dentro do Altice Arena, espaço do festival.
E se você quiser comprar sua comida na “hora do almoço”, prepare-se para encarar uma experiência parecida com a Black Friday nas Casas Bahia.
Tá certo que lá pro último dia, fica mais suave. E tem muitos espaços “vazios”, que você só descobre desbravando o espaço. Mas esse foi o primeiro festival de inovação que vi assumir uma política tão mão-de-vaca (um hambúrguer lá dentro custa 10 euros e uma cerveja em torno de 5 euros).
Também foi o primeiro festival que vi publicar nas redes sociais e também no site “uma dica” de dress code. Afinal, seu investidor dos sonhos pode estar lá mais preocupado com como você se veste com o produto que você está apresentando, né?
PORQUE IR para o Web Summit 2020?
Agora que você já sabe a parte chata, vamos às boas notícias:
1. Para conferir lançamentos de apps e conhecer o futuro tecnologia
O SXSW já foi o festival onde se lançavam os apps que mudariam o mundo. Foi lá que Foursquare, Happn e o Twitter foram lançados, por exemplo. Mas hoje esse festival está mais focado em discutir o futuro da sociedade, com um olhar mais amplo para a cultura e comportamento, que jogar uma lupa em inovações tecnológicas.
No Web Summit, conheci mais de uma dúzia de novos apps, serviços e produtos high-tech. Me espantei de ver o Vochlea, um app de machine learning que transforma nossa voz em qualquer instrumento musical. Ou o Stockholm Exergi, um aparelho que usa da inteligência artificial para fazer companhia a idosos relembrando histórias de suas vidas. E fiquei boquiaberto com os robôs Sophia e Philip K Dick.
Vi por lá excelentes cases de marketing explorando possibilidade de comunicação altamente personalizadas e em tempo real baseadas em geolocalização. Isso sem falar no 5G, a “nova eletricidade”.
Ou seja, se você quer um mergulho profundo sobre como a tecnologia está mudando o mundo e moldando o futuro dos negócios, o Web Summit é o lugar para estar.
2. Para fazer network e se jogar no meio dos stands e ativações de marcas
Muitas das descobertas mais interessantes que você terá durante o Web Summit não estão nas palestras, e sim em volta delas.
O aplicativo do Web Summit permite que você pesquise as startups, marcas e expositores. Você pode enviar mensagens para eles, agendar reuniões, tudo ali, durante o festival.
Apesar do app do festival ser bem ruim (ainda estou pra achar um que seja incrível), sua “camada de network” é boa e funcional.
Fato: o Web Summit é pensado para quem quer fazer negócios. É menos “sala de aula” e mais “vamos sentar e trocar uma ideia”.
Além disso, marcas como Google, EDP e Amazon proporcionaram excelentes espaços de experiências. Para quem trabalha com ativação de marcas, bônus: é um ótimo lugar para pesquisar referências criativas.
3. Para entender o ponto de vista europeu sobre a disputa comercial EUA e China
Não foi à toa que o o presidente da Hauwei foi uma das palestras de abertura do 1º dia de festival.
Por isso, talvez, a Apple tenha sido uma das únicas grandes marcas de tecnologia a não marcar presença por lá. O Facebook também não estava (ao menos, não encontramos). Mas o tio Zuca tá passando por mals momentos agora, especialmente na Europa, que está prestes a assinar a GDPR (General Data Protection Regulation).
Um dos aspectos mais interessantes do Web Summit é poder entender o ponto de vista da comunidade Européia (e o Reino Unido também) sobre a disputa comercial entre EUA e China.
A palestra de encerramento da Margreth Vestager, comissionária da União Européia, foi um dos grandes momentos desta edição. Vale conferir.
4. Porque os Brasileiros já são a 2ª maior “delegação” do festival do Web Summit
Sim, já somos o 2º país com mais presença no festival.
Agora que o palco principal do evento apresenta tradução simultânea para o português, espere ver mais e mais Brasileiros por lá.
É aquela coisa… você ainda vai escutar muito: “o mercado tá todo lá, você precisa conhecer também!”. O FOMO espreita à sua porta.
5. Por que Lisboa é uma das melhores capitais do mundo
Um dos melhores atendimentos da Europa, bons preços (ainda), comida deliciosa, vinhos excelentes, clima agradável (para padrões europeus), facilidade de comunicação, familiaridade com a língua, a luz mágica dos fins de tarde…
Tudo isso faz de Lisboa seja mesmo uma das melhores capitais do mundo (não à toa a quantidade de Brasileiros que mora ou se mudou recentemente para lá).
Lisboa é a porta de entrada para a Europa, está seis horas de avião de Nova York e treze de Pequim. É também um excelente local para quem quer expandir negócios globalmente.
Além disso, a união entre política, mercado e sociedade para tornar Lisboa uma startup city, com forte vocação empreendedora e voltada para os negócios, torna o Web Summit apenas mais um ponto de contato para quem tem interesse em explorar oportunidades comerciais por lá.
Balanço final antes do Web Summit 2020
O Web Summit é um festival perfeito para quem:
- Tem ou trabalha em uma startup.
- É investidor, tem uma incubadora ou aceleradora de empresas.
- É tech-geek ou trabalha numa empresa da área de tecnologia.
- Deseja entender as dinâmicas regulatórias e discussões políticas da comunidade Européia.
- Trabalha numa grande organização e quer saber como estas instituições estão lutando para se adaptar às mudancas da era pós-digital.
- É da C-Suite (CEOs, CMOs, CTOs, CDOs, CCOs etc)
- Quer explorar possibilidades de negócios em âmbito global
Ou para você, como a gente, que é fã de festivais de inovação, e também vai apreciar a gastronomia, vinhos e aquela qualidade de vida que só os Portugueses sabem entregar. É “brutal, ô pá!”
Curtiu? Nos vemos no Web Summit 2020.
Nota: Caso queira viajar para o Web Summit 2020 participando de nossa jornada de aprendizagens criativas, com a nossa curadoria de conteúdos e a companhia de um grupo incrível de companheirxs de viagem, nos envie um email – contato@oclb.com.br