Existem dois tipos de festivais. Aqueles que você vai, curte, volta pra casa e dorme o merecido sono de quem passou as últimas 12 horas em pé dançando. E aqueles que bate uma depressão quando acaba. Você volta pra casa e não consegue dormir porque a cabeça não para de relembrar as experiências fantásticas que viveu.
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Estes festivais algumas vezes são tão marcantes que mudam nossa forma de enxergar o mundo. Eles nos transformam. O Wonderfruit, em Pattaya, é um destes casos (leia sobre ele aqui)
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Ainda estou tentando processar tudo que vi, ouvi, comi, bebi, senti e vivi neste último final de semana… Poderia escrever pelo menos uns 3 reviews diferentes só para falar deste festival: um só para falar da curadoria musical; outro sobre as experiências gastronômica; e um último dedicado aos “conteúdos do bem” como workshops, palestras, instalações artísticas, atividades para famílias e ações sustentáveis.
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Como vivemos na era da economia da atenção, farei um resumo 3 em 1 neste post, com a certeza de que – ao chegar no fim da leitura – você vai querer começar a se planejar para ir lá também em 2018.
Um Festival do Bem
O slogan do festival promete o que entrega: uma celebração de arte, música, comida e ideias para catalisar impacto positivo.
Sustentabilidade é a palavra de ordem. Lá dentro, garrafas e copos de plástico eram proibidos. Havia posts com distribuição de água gratuitos espalhados pelo festival. O preço dos drinks era mais barato se você levasse o mesmo copo para refill (vendido pela produção).
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As instalações artísticas, assim como os palcos e cenografia do festival, era praticamente toda feita de materiais reciclados e orgânicos.
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Havia também um número gigantesco de famílias brincando com seus filhos. A produção chegou a montar uma piscina de lama para a molecada brincar.
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Havia workshops para aprender a fermentar bebidas, caligrafia, permacultura, cerâmica, além de dezenas de opções de yoga, massagens, meditação e terapias alternativas; palestras sobre diversidade, sustentabilidade e o futuro das cidades; enfim… a sensação que dava é de que o espírito hippie da geração Woodstock está mais vivo que nunca.
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Banquete Dos Deuses
Além da culinária tailandesa, havia opções de refeições de praticamente todos os tipos no festival. Os preços variavam de 150 baths (R$ 20,00, um espeto carne na brasa com milho e purê de batata) a 900 baths (R$ 120,00, uma paella espanhola gourmet, preparada ali na sua frente). Tudo delicioso.
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No sábado, tivemos a felicidade de participar do Wonder Feast, uma experiência de banquete com um renomado chef local. Foi uma orgia gastronômica e – sem dúvida – uma das top 3 refeições que tive em toda minha vida.
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Assinada pelo chef Prin de Samrub, dono do restaurante Nam, primeiro tailandês a receber uma estrela Michelin, a experiência durou cerca de 2 horas e meia.
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Da entrada à sobremesa, foram 11 pratos. A marca registrada do chef é usar a churrasqueira seguindo a tradição de seus antepassados. Tudo se come a mão e a comida é apresentada em folhas de bananeira.
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Difícil foi arrumar disposição para dançar depois. Felizmente, duas tendas de drinks salvaram a vida: uma de nitro café (que deveria rolar em qualquer festival!) e outra de drinks orgânicos e fermentados que não só virou minha parada obrigatória durante todo o festival, como no final ainda acabei ganhando drinks de graça só porque virei “cliente fiel” (aka cachaceiro).
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Não conheço staff de festa mais simpático e educado que na Tailândia. Só vale um cuidado… eles sorriem e respondem “sim” pra tudo, mas isso não significa que tenham te entendido. 😉
Diversidade na Música Também, Obrigado!
Não tem nada que me irrite mais hoje em dia que ir num festival que só toca um tipo de música. Felizmente, a diversidade também se fez presente na paleta sonora do Wonderfruit.
Havia 6 palcos (produzidos pelo festival – entenda mais logo abaixo):
- Living Stage: palco de shows ao vivo, por onde passaram o Roots Manuva (hip-hop), Wild Beasts (indie rock), Khurangbin (psych rock) e Chronixx (reggae)
- The Quarry: palco do after, voltado ao techno e house. Recebeu Gui Boratto, Richie Hawtin e Craig Richards.
- Solar Stage: palco de shows e DJ sets variados, do RnB à cúmbia eletrônica. A proposta do palco era apresentar shows durante a passagem do sol. Antes de anoitecer e ao amanhecer.
- Shack Fruit: uma pistinha, quase escondida, abrigada dentro de uma construção como se fosse uma muralha. Rolavam shows mais experimentais e clima chillout.
- Forbidden Fruit: a pistinha underground, com sons disco e house, onde o Wolf+Lamb apresentou seu novo projeto (Crew Love Takeover) e onde rolou também um show de drags (About a Boy Drasical).
- Molam Bus: um ônibus como o palco rural do festival recifense Coquetel Molotov, onde apresentaram-se artistas locais da cena Molam, uma espécie de música popular psicodélica produzida na Tailândia desde o século 17 e que vem sendo redescoberta graças aos hipsters e à internet (leia este maravilhoso artigo da Thump para entender)
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ótimas banda que passaram pelo Molam Bus
Além dos palcos, alguns bares e patrocinadores trouxeram seus próprios DJs e shows. Ou seja… numa contagem rápida havia pelo menos umas 15 pistas!
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Sabe aquele festival que todo lugar que você passa, tá rolando um som diferente e que te dá vontade de ficar ali mais um pouquinho? Foi assim. Só que ainda melhor. Adorei conhecer a banda de electro-pop e french house Cyndi Seui, de Bangkok. E também fiquei DE CARA com a Little Ale, uma mina da Indonésia de 7 anos que botou a pista abaixo mixando tech-house com Brazilian Bass (isso mesmo que você leu).
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O mais bacana do festival foi ver palcos descentralizados, de médio a pequeno porte. Os único gigantes eram o The Quarry e o Living Stage. Fiquei encantadíssimo com a riqueza de detalhes, com a preocupação ambiental e conforto entre uma pista e outra.
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Cameras Ready, Prepare The Flash
Prometi que iria parar por aqui, mas preciso fazer este comentário: quanto estilo, gente linda e educada. O público do Wonderfruit tem uma pegada fashionista… Fica ali entre o Meca, Coachella e Burning Man.
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Montação é a palavra de ordem. Muita purpurina, glitter, paetês e penas (“apropriação cultural” aqui ninguém nunca ouviu falar).
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Havia uma galera fazendo book lá dentro, sim… Mas em nenhum momento isso incomodava demais, afinal… havia muito mais coisa para prestar atenção que as selfies da galera.
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Valeu a pena e o Wonderfruit já entrou na minha listinha pessoal dos 10 melhores festivais do mundo. Farei de tudo para voltar em 2018.
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