O Ultra Brasil aconteceu durante um feriado prolongado em plena primavera carioca, a data perfeita para um festival dos sonhos. Pero que no mucho… Passada a primeira edição turbulenta (entenda aqui), tudo o que queríamos era uma segunda edição louvável para lavar a alma e, assim, o Ultra entrar de vez no coração dos brasileiros.
Agora foram três dias de evento, que terminava por volta de 2am – exigência da nova gestão da prefeitura. Não é muito comum por aqui festivais de música eletrônica terminarem no meio da madrugada. Se por um lado fica o gostinho de quero mais no fim de cada dia, por outro é frustrante investir em três (dias) quando você sabe que tudo caberia em dois bem programados. E isso se refletiu na quantidade de pessoas presentes. A Sapucaí ficou grande demais para o Ultra.
Mas o festival aconteceu e teve diversos momentos super bacanas. Mais de 20 mil pessoas compareceram só no primeiro dia para conferir os três palcos projetados para o Ultra Brasil: Main Stage, UMF Radio e o Resistance. O line up foi convidativo e balanceado e trouxe a oportunidade de conferir nomes como Steve Angello, The Martinez Brothers e Skazi.
O Ultra Brasil (ano II) também não foi perfeito, mas cumpriu o seu papel e registrou momentos inesquecíveis. Abaixo, os erros e acertos dessa edição do festival:
Acertos
A infra montada é realmente absurda e ficou bem melhor do que na primeira edição. Sem problemas para se movimentar pelo festival e o som não vazava de um palco para o outro – ponto super positivo. Impressionante também a quantidade de opções para alimentação disponíveis e o ambiente construído para esse objetivo era bacana.
Também foi um line up de respeito – sobretudo no palco Resistance. São artistas que demoram para passar pelo país (quando passam) e ter a oportunidade de dançar todos em um só dia (ou, no caso, três) é uma experiência para a vida. Chegar de metrô sem caos e não ter dificuldades para ir embora depois também foi uma realidade vivida, enfim.
Ah! A presença de Anitta na sexta-feira (13) durante o set do DJ Alesso foi um estouro!
Mas talvez uma das características mais legais do Ultra Brasil seja mesmo a diversidade do público presente. Tinha praticamente as principais vertentes da música eletrônica dividida nos três palcos. Teve EDM, Techno, House, Tech house, Deep, Psytrance, Trance etc. E a harmonia das pessoas, por mais diferentes que fossem, foi um dos pontos altos de todo o festival. Girls, gays, manos…teve tudo – inclusive respeito!
Por fim, a estrela dessa edição do Ultra Brasil foi o palco Resistance. Com uma constelação de estrelas da Techno Music (Adam Beyer b2b Paco Osuna, Joseph Capriati, The Martinez Brothers, Renato Ratier, Richie Hawtin, etc) a pista ferveu o tempo inteiro e o público era só sorrisos. Uma delícia!
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Chegar de metrô foi fácil, o complicado foi para quem precisou pegar fila para entrar no festival – a maioria do público. Era gigante e andava devagar. 22h de sábado ainda tinha um fila que dobrava a esquina. Filas gigantes são um absurdo. Seja para entrar, para comer, para ir ao banheiro…e no Ultra eram filas para todos os lugares.
Os vendedores que ficavam nas pistas eram muito mais ágeis que o sistema de cashless e é um pouco chato os funcionários do evento estarem vestindo uniformes com informes em inglês. Decerto que o festival é americano, mas estamos no Brasil.
E, pelo visto, quem não tá feliz com o nosso país é o astro David Guetta, já que fez um set sofrível baseado na sua playlist Old Hits do Spotify. Um pesadelo.
Por fim, precisa ser tão caro consumir dentro do Ultra? Também continuo a defender que água deve ser distribuída em festivais de música eletrônica. Neste ano, nem bebedouros rolaram…
Ultra Brasil III?
O Ultra levou dezenas de milhares de amantes de música eletrônica para um feriado de festas e jogação. Os transtornos foram menores do que a diversão, mas o festival precisa mudar. Acredito que não seja nada fácil fazer acontecer um evento desse porte, a administração da cidade está difícil e o momento não está favorável para a cena. Mas ela existe, consome e preza por qualidade – ainda mais diante o investimento que é necessário fazer para curtir o festival. Talvez seja a hora de mudar de casa (não de cidade).
O Ultra Brasil é a cara do Rio, movimenta bem a economia e se faz necessário na cena eletrônica do país. Uma próxima edição já é aguardada, mas enquanto a confirmação não chega, esperamos com os pés doendo de tanto dançar na temporada Brasil 2017 do gigante UMF.