Aconteceu no sábado 22/09, a edição 2018 da TribalTech. O festival realizado pelo grupo T2 ocupou novamente a Usina 5, uma área de 50 mil m² que abrigou no passado uma fábrica de sal e açúcar em Curitiba, e que vem se consolidando como um lugar multicultural para a realização de eventos na cidade.
Um pouco antes, em junho, o festival teve um lançamento de gala, literalmente, com os produtores do evento vestidos a caráter para anunciar o lineup cheio de nomes consagrados como Ben Klock, Dubfire, Guy Gerber, Len Faki, Modselektor entre outros, além de algumas surpresas como os shows de Planet Hemp, Karol Konka e Mano Brown. Tudo isso na própria Usina 5, durante um evento exclusivo da Timetech, que foi uma das pistas de maior repercussão da edição da TribalTech 2017.
A edição 2018 deu continuidade ao storytelling que vem seguindo o festival desde 2014, e o conceito deste ano foi o “Enlighten” fazendo alusão às ideias que vão desde o iluminismo ao filme “2001: Uma Odisseia no Espaço”. E o que vimos por lá foi um festival que consegue evoluir e trazer novidades a cada edição, neste ano sete palcos: TribalTech, TimeTech, SuperCool, Organic Beat, 3DTTRIP, 351, e ainda uma pista secreta.
As pessoas podiam comprar os ingressos com um kit composto de uma sacola, o colar de consumo e um copo reutilizável. Quem optou por comprar o consumo antecipado teve um pouco de dificuldade para validar os créditos junto aos balcões disponíveis dentro do evento. Foi comum ver uma fila de pessoas que acabaram de entrar na festa esperando para validar os seus colares antes de curtir o evento.
Uma estrutura conectando experiências
Pela primeira vez, todo o espaço da Usina 5 foi ocupado. Além dos sete palcos, ainda havia algumas áreas de descanso, banheiros e uma praça de alimentação que ofereceu uma variedade de sabores vindas de diversas partes do mundo, como opções de ceviche, Fish and Chips, arroz Thai e até churros mexicanos, bem além de hambúrgueres e pizzas que geralmente vemos nos festivais.
Havia também uma chapelaria, o que para Curitiba é muito importante, uma vez que aqui vamos do calor ao frio em questão de horas. Talvez, para os próximos eventos, poderiam ser disponibilizados “lockers”, o que facilitaria o processo de check-in e o acesso aos seus pertences durante a festa sem a necessidade de esperar em filas para isso.
Pelo fato da Usina 5 ter sido uma industria no passado, o espaço é amplo, permitindo uma grande circulação de pessoas, e dependendo de onde você estivesse, poderia decidir entre 3 diferentes palcos que estavam a alguns passos de distância entre si. Assim era muito fácil, por exemplo, querer pegar o começo do set do Nicolas Lutz no TimeTech Stage e depois ir para o TribalTech Stage escutar Ben Klock quebrando tudo!
Confesso que achei que as pessoas ficariam enraizadas em seus palcos preferidos, mas o que percebi foi o vai-e-vem delas indo descobrir o que cada palco trazia de decoração e som.
Um Mundo Novo em Cada Palco
Atendendo aos pedidos do público, este ano o palco dedicado às vertentes do psy trance foi montado em uma área externa. O 3DTTrip Stage trouxe um sistema de som 3D e a tenda psicodélica que foi utilizada no festival alemão VuuV. Este palco foi o último a ter os horários das apresentações anunciados e acabou frustrando algumas pessoas pelo fato do último DJ entrar à 00h30 para que a pista fechasse mais cedo respeitando a legislação da cidade.
Com o cair da noite, a iluminação da estrutura foi aparecendo e era difícil não notar as cores vibrantes da tenda se sobressaindo na paisagem.
Já o palco Organic Beat ganhou um espaço coberto para até 6 mil pessoas. Esta estrutura foi construída em uma área que ainda não havia sido utilizada e, segundo um dos produtores do evento, ela permanecerá montada e será palco de outros eventos na Usina 5.
A mistura proposta de pickups e bandas rolando ao mesmo tempo deu certo. Próximo das 18h, o horário de abertura deste stage, o público se deslocou em massa para acompanhar Marcelo D2 anunciando que sua esquadrilha da fumaça estava de volta. O palco ainda contou com as apresentações de Karol Konka e Mano Brown com todo o groove de seu projeto solo Boggie Naipe. O espaço demonstrou todo o seu potencial para futuras apresentações. Porém, quando a pista estava cheia, a entrada e a saída ficaram complicadas.
Outro palco que trouxe algo um pouco diferente das vertentes do mundo eletrônico foi o Stage 351, que apresentou toda a diversidade musical originada pela Black Music. O 351 é um club que fica no centro histórico de Curitiba, e vem há anos ajudando a construir a identidade cultural da cidade. A pista contou com mais de 20 artistas e ficou em uma área de circulação entre os palcos, o que levou várias pessoas a serem envolvidas pelo Hip Hop, Bass Music e até mesmo um Trap Music com toda a sua batida.
Um dos palcos mais cativantes da edição passada, o SuperCool, este ano também recebeu um espaço maior. A estrutura foi armada em dois pavimentos, de uma maneira que no andar térreo e no 1º andar as pessoas (independente do ingresso adquirido) podiam circular em volta da pista, inclusive por trás dos DJs. Ainda teve um boneco gigantesco que o público podia movimentar ao puxar as cordas que caiam diretamente na pista, tudo formando o ambiente perfeito para a House Music que predominou por lá.
Uma ideia muito legal foi a apresentação de uma Pista Secreta, que teve o seu lineup divulgado, mas não a sua localização. Conversando com as pessoas, descobri onde ela ficava e, chegando lá, me deparei com uma cozinha industrial de uns 5×5 metros com as pickups dividindo o espaço com o público e uma iluminação marcante refletida nos azulejos. Foi um palco muito divertido, apesar de ser bem pequeno. Acompanhei a Ella Whatt e o Perfect Stranger lá e a vibe da pista estava ótima, ninguém parado. Uma ideia muito legal e aprovadíssima!
O conhecido Stage TimeTech, que já vem da edição passada e teve uma festa independente neste ano, se manteve apresentando principalmente sonoridades eletrônicas alternativas, em um cenário onde o DJ parecia estar numa gaiola com uma estrutura enorme de tubos de luz pairando sobre o ar e, a exemplo do palco SuperCool, também foi possível caminhar por trás da mesa das pick-ups para quem adquiriu o ingresso para a área vip.
O público pode conferir as performances de Nicolas Lutz, Vera e Sammy Dee que tocou desde as 04h ate o final da pista porque a dupla Modeselektor não conseguiu sair do Rio de Janeiro, já que o aeroporto de Curitiba estava fechado para pousos.
O principal stage, o TribalTech, ficou novamente no maior galpão da Usina 5 e foi, de fato, o mais frequentado e de maior repercussão. A quantidade de lasers foi o dobro da edição passada e foi sensacional ver todas as cores e luzes ali. No galpão, ainda havia a estrutura da área vip e o backstage, que contou com a participação da Ôda Design Club, responsável pela ambientação. Materiais encontrados pela Usina 5 foram reaproveitados na construção do mobiliário desta área.
Pelo fato de ser um grande galpão, a qualidade do som não ficou a mesma para quem estava no fundo da pista. Já o lineup foi digno do festival que a TribalTech é, tendo como principais nomes Gabe, Eli Iwasa, Patrice Bäumel (que veio com um set perfeito e foi um dos meus favoritos) Ben Klock, Len Faki e Dubfire. Infelizmente, o DJ Guy Gerber já havia anunciado dois dias antes do evento que não poderia vir ao Brasil, alegando problemas com o passaporte.
A apresentação de Ben Klock foi o que todos já esperavam, mas com meia hora a mais do que o anunciado, também porque os artistas Len Faki e Dubfire não conseguiram sair de São Paulo em virtude do fechamento do aeroporto de Curitiba.
Foi visível o descontentamento do público e, na medida em que a notícia ia circulando, algumas pessoas foram deixando o stage. A produção escalou então o americano Anthony Parasol para tocar no TribalTech stage, que inicialmente estaria tocando no TimeTech e fez um set excelente.
TribalTech sempre caminhando em frente
A TribalTech é um festival que já tem 14 anos, e o que se percebe é a constante busca de seus produtores em entregar um evento melhor a cada edição, e que mais uma vez mostraram isso, seja colocando os amantes do psy e suas vertentes para dançar em um espaço aberto como pediram, trazendo uma praça de alimentação com alimentos diferentes, incitando as pessoas a interagirem com estruturas montadas para a festa ou ainda provocando o público com novos sons e conceitos.
Imprevistos com os artistas aconteceram, o que não é raro em eventos desse porte, e mesmo assim foram driblados como possível pela produção.
Achei muito legal a continuidade dos palcos Timetech, SuperCool e Organic Beat e a possibilidade deles ganharem festas independentes, como o TimeTech, o que com certeza ajudará a consolidar o conceito de cada um.
Já espero a próxima edição e, quem sabe, nesse meio tempo a gente não vê uma pistinha secreta aparecendo em algum canto da cidade…