Review Junction 2: Parceria Entre Diferentes Coletivos


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Segunda edição do festival Junction 2 é um sucesso com ingressos esgotados

No último sábado, rolou a segunda edição do festival Junction 2. Realizado no Boston Manor Park, o evento reuniu grandes nomes da música eletrônica underground para um (raro) dia de sol e música em Londres.

(Imagem: Vision Seven)

Não é novidade que a noite londrina sofre com o excesso de regras, restrições de horário e gentrificação.

Segundo reportagem da BBC, cerca de 50% dos clubs da capital inglesa fecharam as portas entre 2011 e 2016.

Mesmo com todas essas dificuldades, produtoras como LWE, The Hydra, Into The Woods, Eat Your Own Ears, Audiowhore, entre outras, continuam fomentando a cena underground da cidade.

O Junction 2 nasceu da parceria entre algumas dessas marcas.  Produzido pela LWE, que também é responsável pelo impressionante club/fábrica Printworks, o festival possui palcos assinados por outros coletivos como The Hydra e Into the Woods. Além disso, o selo Drumcode, do sueco Adam Beyer, e o festival croata Sonus encabeçam outros dois palcos.

(Recondite toca no palco Sonus. Imagem: Vision Seven)

Preocupação com os vizinhos

A queda-de-braço entre produtores de eventos e os chamados local councils é grande na capital inglesa. Devido a isso, a organização toma o máximo de cuidado para que os moradores dos arredores não sejam incomodados pelo festival, pois esses councils têm o poder de dificultar a vida da produção.

Desde o momento em que se sai da estação de metrô, é possível avistar placas pedindo para que o público se comporte e não perturbe os residentes. Tal precaução é importante para que o Junction 2 continue sendo realizado no mesmo local, o que é o seu maior atrativo.

(Placa: Por favor, respeite os moradores. Quem for visto comportando-se mal, terá a entrada recusada no evento. Imagem: Inacio Martinelli)

À primeira vista, o Boston Manor Park parece como qualquer outro parque de uma grande metrópole: vastas áreas verdes, espaços com mata fechada, rios e lagos. Está tudo ali. Porém, por lá também passa a M4 Motorway, através de um grande viaduto que divide o espaço em dois. Chega a ser engraçado ver um caminhão passando por cima da pista lotada.

(Pista que simula uma warehouse. Imagem: Divulgação)

A mistura da estética industrial com a natureza do parque impressiona

Localizado embaixo do viaduto, o palco da Drumcode era o mais chamativo, com LEDs de cima a baixo. Por lá, conferi a dupla Tale of Us, pegando mais pesado do que o de costume, e Ben Klock, com um set morno que não empolgou o público.

(Ben Klock tocando no palco da Drumcode. Imagem: Vision Seven)

Outro palco que chama a atenção é o localizado dentro de uma construção que simula uma warehouse típica da Inglaterra. Do lado de fora, apenas uma caixa cinza e algumas janelas. Do lado de dentro, um amplo espaço totalmente escuro em clima de inferninho. Alan Fitzpatrick e Chris Liebing mantiveram o clima dark com o BPM lá em cima, para a alegria dos presentes. Como o sol é uma raridade em Londres, optei por não ficar muito tempo na escuridão.

A única tenda do evento leva a assinatura do coletivo The Hydra. DJ Koze e seu set classudo agradaram como sempre. Daphni foi uma ótima surpresa, com uma mistura de disco, techno e até uma certa influência da black music, com batidas de hip hop. Tudo junto e misturado, bem dançante. Já o palco da Into the Woods ficava em uma área com muitas árvores, o que criava um clima especial. O espaço do Sonus era o segundo maior. Em uma grande área aberta, Recondite apresentou seu live que mescla kicks intensos e toques melódicos, com o grave no limite. Joseph  Capriati e Maceo Plex também deixaram suas marcas e animaram o publico.

(DJ Koze toca no palco The Hydra. Imagem: Vision Seven)

 

(Palco Into The Woods. Imagem: Vision Seven)

Copos reutilizáveis fizeram falta

Ao contrário de eventos como DGTL e Nuits Sonores, o Junction 2 não disponibilizou o sistema de copos reutilizáveis para o público. O resultado disso foi muito lixo espalhado pelo parque.

Apesar de ser possível ler muitos comentários no Facebook elogiando o volume do som, a percepção de quem está acostumado com festivais em outros países é que o soundsystem de todos os palcos podia estar mais alto. Isso é uma consequência das regras restritas que os eventos londrinos têm que seguir, especialmente os realizados em áreas residenciais.

A única ativação de marca avistada no Junction 2, além do nome dos palcos, foi a do energético Relentless. Em uma instalação interativa, o público podia controlar mixers gigantes e criar sons que eram replicados nos speakers da tenda. Muito divertido e interessante, apesar de não ter atraído muitas pessoas.

(Ativação do energético Relentless. Imagem: @relentlessenergydrink)

Público de todas as tribos e focado na música

O público do Junction 2 foi um show à parte, reunindo diversas espécies da fauna londrina.

Meninas repletas de glitter dividiam a pista com outras que vestiam preto da cabeça aos pés. Roupas vintage se confundiam com modernidades não-identificáveis. Jovens que pareciam saídos do show da Katy Perry conversavam com outros que poderiam ser confundidos com fãs do Marilyn Manson. Em comum, apenas os gritos a cada kick nas pistas.

No geral, o Junction 2 cumpre o seu papel e oferece um dia de muita música com quase trinta atrações a cerca de cinquenta minutos do centro de Londres (de metrô). Apesar de não ter muito espaço para inovação, a programação parece ter agradado em cheio ao público, que estava mesmo interessado em techno sem distrações.

O sucesso do evento, que teve os ingressos esgotados, mostra como a união entre diferentes agentes da noite londrina é capaz de mudar o cenário da vida noturna da cidade (Veja: RA – Real Scenes – London).

(Imagem: Vision Seven)
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