Picnik: Paradigmas e Crescimento de um Festival em Plena Expansão


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Há algum tempo nós já falamos aqui da relevância e significância do Picnik. Para além da integração de espaços e agentes urbanos em Brasília, da experimentação com bandas locais e artistas locais, o festival vem demarcando de forma original e crescente seu papel no circuito dos festivais brasileiros.

Batemos uma papo rapidinho com o Miguel Galvão, um dos idealizadores do projeto, para entender o que está por trás dos valores e missão do festival 😉

Miguel também é um dos DJs do festival. Foto: Tómas Faquini

Projeto Pulso: Esta dentro da proposta do Festival, alinhar estética, arte e ao mesmo tempo despertar a consciência do público. Você considera esta uma das principais missões do Picnik?

Miguel: Depois de tanto tempo, acho que nossa grande missão é manter viva a arte do surf. Porque se equilibrar pelas ondas do cosmo, aproveitando disso para levar o público num passeio que cruza por portas e janelas em busca de horizontes inusitados e divertidos. É um desafio que requer desapego, sobriedade, mágica e, digamos, um descomprometimento “empresarial”, no sentido Sebrae do termo.

E sim, nessa jornada um dos grandes motivadores é apresentar caminhos alternativos aqueles que nos brindam com sua presença, sugerindo que a beleza pode repousar em situações pouco prováveis e ser revivida resgatando hábitos do passado, como um despretensioso passeio de final de semana pela Torre de TV de Brasília.

Projeto Pulso: A última edição do Festival Picnik, nos dias 24 e 25 de junho, foi paradigmática. O festival foi um sucesso. Como crescer e expandir com a mesma qualidade e assinatura de curadoria?

Miguel: Primeiramente, penso que cabe definir paradigmático. Encontrei isso aqui e adorei, principalmente por vir de uma pessoa que respeitamos tanto: algo influenciador de como vemos o mundo, como nos comportamos, nos relacionamos com as pessoas e como transmitimos às gerações futuras, especialmente aos nossos filhos, a tradição ou o progresso hegemônico na sociedade.

Segundo, confesso que, há um receio no que pode estar por trás do significado de “crescer” mais. Isso nos assusta, até porque não temos a pretensão de ter de lidar com mais expositores, com mais burocracia, com mais riscos… Na real, o que gostaríamos é de melhorar a qualidade do evento, sobretudo garantindo conexões mais verdadeiras aos presentes e assegurando a manutenção de um público engajado, apto a se relacionar com as várias plataformas existentes dentro do projeto. Como não temos um compromisso com bilheteria, pelo menos não no fluxo tradicional da coisa, nos vemos livres para continuar propondo paisagens, que antes de mais nada, sejam fiéis a estética e o lifestyle Picnik.

E dentro desse panorama, ainda tem muita gente legal que pode vir e muitos tantos outros que nem podemos imaginar que aparecerão em nossa praia, de tempos em tempos, vindo do contrafluxo da maré. Ou seja, temos de seguir coerentes com nossa história, conectados com nossos princípios e fiéis aos nossos mais profundos devaneios!

Projeto Pulso: Que elemento/conceito você considera fundamental em um festival, que de alguma maneira, possa ajudar a consolidar a cultura alternativa brasileira?

Miguel: Penso que é fundamental que as pessoas, de tempos em tempos, se sintam estimuladas naturalmente para poder trocar, nos mais diferenciados níveis de interação possível, vibrações, conhecimentos, perspectivas, horizontes, experiências etc de uma maneira vívida e verdadeira. Acredito que a qualidade dessas trocas é substancial para o desenvolvimento de laços positivos, que são essenciais para a construção desta nossa realidade-alternativa- lado-b.

Foto: Tómas Faquini
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