Dos Estados Unidos à África do Sul, Costa Rica a Portugal e Brasil a Austrália, milhares de pessoas encontram-se em festivais que promovem a sustentabilidade, enaltecem princípios de colaboração, participação e valorização da produção local em detrimento às ofertas de grandes corporações.
Nestas zonas autônomas temporárias, sociedades alternativas são formadas e uma nova visão de mundo é compartilhada. Estes eventos ganharam o nome de festivais transformativos pois, além de reunirem experiências audio-visuais, também convidam seus participantes a questionarem as convenções e regras sociais dos centros urbanos.
Com exceção do gelo e do café, não há circulação de dinheiro no Burning Man (leia aqui todos os posts do BM). No Envision (Costa Rica), é possível participar de um workshop com o escritor John Perkins, autor de Confissões de um Assassino Econômico, ou assistir a uma palestra com Erin Schorod, a mais jovem mulher a se candidatar para o Congresso Norte Americano.
É curioso pensar como estes eventos representam uma reação ao nosso atual espírito do tempo, uma resposta aos desastres ecológicos, crises existenciais e virtualização das relações.
Celebrações ritualísticas, fóruns de estilos de vida e encontros espirituais, os festivais transformativos reúnem dança, arte, yoga, consumo ético e sustentável, práticas esotéricas e modelos organizacionais auto-reguláveis.
Não à toa acontecem em locais remotos, muitos deles em meio a florestas e praias paradisíacas. Locais onde o espaço-tempo da vida urbana é forçado a entrar em outra frequência. Um convite para tornar-se mais próximo com a natureza e seus instintos. Também é um estímulo à espiritualidade, e muitos grupos religiosos participam dos festivais transformativos como forma de comunhão. Além deles – e às vezes parte – comunidades de xamãs tecno-utópicas apresentam e testam invenções que farão parte do nosso não tão distante futuro.
Enquanto agentes conscientes de transformação, estes festivais vão além da música e aspectos técnicos ou estéticos. Simbolizam um estado suspenso de realidade, onde um novo futuro é desenhado.
Seus frequentadores abraçam a energia renovável, geometria sagrada, tarô, enteógenos, permacultura, meditação e auto-conhecimento. Para muitos, é uma espécie de rito de passagem. Existe o pré e depois daquele festival.
O ‘Journal for the Study of Religion, Nature and Culture’ convidou acadêmicos do mundo para discutir os festivais transformativos através de artigos e o site Fest300, do diretor de hospitalidade do Airbnb Chip Conley, provoca todas as pessoas a participarem de um festival deste tipo pelo menos uma vez na vida (se precisar pesquisar opções, só clicar aqui).
Nos vemos na pista.