Nos dias de hoje, a quantidade de festivais é praticamente infinita. Podemos decidir de modo quase personalizado o tipo de experiência que gostaríamos de ter. As opções de formatos, gêneros e vertentes são assustadoramente versáteis (baixe aqui nosso Guia Pulso Festivais 2017).
Há 50 anos, porém, tudo era bem diferente
Bem antes do Woodstock, o mundo conhecia o rei, a raiz e o grande marco histórico dos festivais de música: o Monterey Pop.
Realizado em Monterey County Fairgrounds, o Monterey International Pop Festival reuniu dezenas de milhares de pessoas entre os dias 16 e 18 de junho de 1967.
Por lá, os felizardos puderam conferir apresentações do The Jimi Hendrix Experience, The Who, Jefferson Airplane, Otis Redding, The Mamas & The Papas, The Grateful Dead, entre outros.
Não é preciso dizer que o evento fincou a Califórnia como o grande epicentro do movimento de contracultura dos anos 60.
Planejado por Alan Pariser e Ben Shapiro para durar apenas uma tarde, a festa logo se expandiu quando o produtor musical Lou Adler se juntou ao projeto. Auxiliado por John Phillips, do The Mamas & The Papas, ele decidiu realizá-lo onde o tradicional Monterey Jazz acontecia. O motivo era buscar a validação de um evento de rock’n’ roll, gênero ainda marginalizado na época.
Entretanto, a estrada para pavimentar esse sonho foi árdua: as bandas psicodélicas de São Francisco não toparam dividir o palco com outras de apelo mais pop vindas de Los Angeles. Para completar, a polícia começou a implicar com uma festividade organizada por hippies e já tentava embargar o evento.
Para driblar os problemas, Phillips compôs “San Francisco (Be Sure To Wear Flowers in Your Hair)” e o sucesso foi instantâneo. Além disso, o canal ABC se propôs a fazer um documentário sobre o festival, sob direção de D.A Pennebaker. A resposta, é claro, foi um entusiasmado “sim”. O resto, meus caros, é história (e um filme nos cinemas no ano seguinte e não mais na TV!).
O Monterey Pop foi um divisor de águas em todos os âmbitos
Os artistas tocaram de graça (exceto Ravi Shankar) e o lucro foi inteiramente doado. A fundação criada está ativa até hoje e reverte os royalties de tudo relacionado ao festival para caridade, incluindo os do documentário.
Além disso, o evento abrigou alguns dos momentos mais icônicos da música, como Pete Towshend destruindo sua guitarra ao terminar “My Generation”, a consolidação de Janis Joplin como uma das grandes vozes de sua geração e Jimi Hendrix incendiando sua Fender Stratocaster preta no palco.
https://www.youtube.com/watch?v=ZwhtwqkCfYQ
2017 – 50 Anos de Montery Pop
Em 2017, o Monterey Pop completa 50 anos e, é claro, a data não poderia passar em branco. Por isso, uma edição comemorativa irá rolar nos exatos mesmos dias e local de sua versão original. No lineup, Leon Bridges, Father John Misty, Regina Spektor, Nathaniel Rateliff & The Night Sweats, Charles Bradley & His Extraordinaires, Norah Jones, Gary Clark Jr, Kurt Vile & The Violators, entre outros.
Parte dos lucros, é claro, será doada para a The Monterey International Pop Festival Foundation (leia mais sobre o trabalho deles por aqui).
O novo Monterey ainda terá uma galeria pop-up do Morrison Hotel Gallery, fundada pelo fotógrafo Henry Diltz, com mais de 50 imagens originais do primeiro evento. Diltz foi quem registrou oficialmente a edição de 1967 e, ao lado do diretor D.A Pennebaker e outros profissionais das artes, estará por lá recebendo os fãs.
Pra fechar com chave de ouro, o público ainda terá a chance de visitar a exposição “It Happened in Monterey… Music, Love and Flowers”; admirar instalações de arte e, por fim, participar de workshops de customização promovidos pela Levi’s e ministrados por artistas plásticos.
Sem a pretensão de se igualar à festa que o originou, o novo Monterey Pop busca enaltecer a memória de outrora, apresentar novos talentos ao mundo e – por que não?- tentar estabelecer o início de um novo “Summer of Love”.
“All across the nation, such a strange vibration / People in motion, there’s a whole generation with a new explanation”.