Invasão dos festivais Holandeses em São Paulo


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O que Amsterdam e São Paulo têm em comum? Muito mais do que você imagina!

Em 2017, nada menos que três renomados festivais de música eletrônica vão embarcar na ponte aérea Amsterdam-São Paulo. O primeiro deles, Dekmantel, já aterrisou e colocou todo mundo para dançar no Jockey e na Fabriketa nos dias 4 e 5 de fevereiro. O evento, um dos mais concorridos da atualidade, reuniu nomes internacionais como Nicolas Jaar, Nina Kraviz, Jeff Mills, Moodymann, Ben Klock, John Talabot e Lena Willikens, além dos brazukas Hermeto Pascoal, Bixiga 70, Azymuth, Cashu, Tessuto, L_CIO, Selvagem, entre outros.

(Dekmantel São Paulo, primeira edição fora da Holanda. Imagem: Felipe Gabriel)

Já no dia 21 de abril, quem bota a cara no sol brasileiro é o Awakenings. Completando 20 anos em 2017, o festival costuma reunir mais de 100 atrações durante dois dias de verão em um parque de Amsterdam. A edição brazuka será mais tímida, com os holandeses assumindo um dos palcos do Electric Zoo, evento americano que também acontece pela primeira vez no país e será realizado no Autódromo de Interlagos. Apesar da edição reduzida, o Awakenings promete surpreender com os gringos Nic Fanciulli e Enrico Sangiuliano, além dos orgulhos nacionais Gui Boratto e Anna.

(Awakenings em Amsterdam. Imagem: Divulgação)

Acha que acabou? Nada disso, amigx. Assim como o space cake dos coffee shops de Amsterdam, tem sempre espaço para mais um. Criado em 2013, o DGTL confirmou presença na festa e chega de mala e cuia em SP no dia 6 de maio. O festival, que tem uma pegada high tech e também é realizado em Barcelona desde 2014,  vai reunir nomes como Âme, Recondite, Mind Against, Carl Craig, Derrick May e Tama Sumo, além dos locais Eli Iwasa, Davis, Teto Preto e Maurício Lopes.

Diferentemente dos outros dois, o DGTL começa à noite e só termina às 10h da manhã. Para ficar ainda mais especial, a produção escolheu uma venue no melhor estilo warehouse. Localizada em Barueri, a Fábrica DGTL vai botar todo mundo para trabalhar no pistão e promete ser um show à parte.

(Fábrica DGTL em Barueri. Imagem: Divulgação)

Recentemente, o portal Resident Advisor, referência quando o assunto é música eletrônica (de qualidade), rasgou elogios à primeira edição do Dekmantel fora da Holanda e à noite paulista, destacando que “São Paulo pode competir com qualquer cidade do mundo” quando o assunto é a vida noturna. Como Claudia Assef apontou em sua excelente matéria publicada no Estadão, esse reconhecimento do exterior é uma consequência do trabalho de diversos coletivos, produtores e artistas da cena independente local, desde meados dos anos 2000 com a VodooHop e Dubversão até os dias de hoje com o sucesso de festas como Carlos Capslock, Mamba Negra, ODD e Selvagem.

Além de serem importantes celeiros de novos artistas e experimentações, esses eventos serviram como catalizadores do público underground, que dependia da ação de clubs como o D-Edge para ouvirem techno, house e suas variações. Atualmente, existem (boas) opções praticamente todo fim de semana, com festas de diferentes portes e a presença de muitos artistas internacionais.

(Mamba Negra em São Paulo. Imagem: Alexandre Furcolin Filho)

A relevância das festas independentes de São Paulo para a agenda cultural da cidade e ressignificação do espaço público são bem óbvias, principalmente por serem realizadas em locações diferentes a cada edição, muitas vezes explorando lugares abandonados e decadentes. No entanto, infelizmente, esses fatores não são tão valorizados pelo governo como deveriam ser. Como Paulo Tessuto aponta na mesma matéria, a falta de apoio do poder público ainda é um obstáculo na profissionalização desses eventos, que chegam a receber cerca de 2 mil pessoas por noite.

Se os holandeses conseguem enxergar o potencial de São Paulo de tão longe, nos resta torcer para que o novo prefeito da cidade, famoso por (teoricamente) ser bom em fazer dinheiro, comece a olhar esse movimento como parte essencial da economia noturna da capital, atraindo milhares de pessoas todo fim de semana, reforçando a imagem de SP como um pólo criativo e, ainda por cima, cativando opiniões de fora. Abre o olho, Dória!

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