Mal 2017 começou e, no dia 03 de janeiro, o Coachella revelou seu lineup. Depois de alguns anos apostando em headliners com uma queda pro rock fanfarrão espetáculo – como Guns N’ Roses (2016) e AC/DC (2015) – o festival mais fashionista do mundo surpreendeu ao anunciar para sua 18ª edição o trio Beyoncé, Kendrick Lamar e Radiohead.
Contraditoriamente, o lineup mais politizado e “democrata-liberal” dos últimos anos do Coachella acabou sendo abafado por uma polêmica envolvendo o principal acionista da AEG, produtora do evento, acusado de reinvestir o lucro do festival em associações homofóbicas e conservadoras radicais.
Na sequência, foi a vez do Bonnaroo dar o troco. Os 30 anos do clássico álbum Joshua Tree, dos irlandeses U2, será a grande atração do festival, que também conta com Chance The Rapper, Red Hot Chilli Pepper e The Weeknd.
Em Nova York, o duelo de titãs repete-se neste ano. De um lado, em junho, o tradicional Governors Ball, que vem com Chance The Rapper, Childish Gambino, Tool e Phoenix. Do outro, o novato (e super elogiado) Panorama produz em Julho sua 2ª edição, com Frank Ocean, Solange, Tame Impala, Alt-J, Nine Inch Nails e A Tribe Called Quest.
Para os fãs de rock (e vinhos), o BottleRock Napa Valley não decepciona. Sem arriscar, escalou como headliners um dos maiores grupos pop da atualidade, Maroon 5, a banda de rock arrasta-multidão Foo Fighters e o clássico revival hitmaker Tom Petty & The Heartbrakers.
Já o Shaky Knees, em Atlanta, segue na mesma linha rock and roll, mas com uma pegada mais alternativa e moderninha, sendo liderado pela nova turnê do The XX, Phoenix e o arroz de festa, mas sempre incrível LCD Soundsystem.
Mas o festival que vem mais arrancando elogios da crítica musical é o Boston Calling, cuja programação artística é assinada por Aaron Dessner da banda indie rock e pós-punk The National. Na primeira linha do poster – que também é o mais bonito desta temporada – estão lá o rock progressivo do Tool, o country rock de Mumford & Sons e R&B jazzy e gospel de Chance The Rapper (de novo, o cara).
A depender do espírito do tempo das atrações musicais anunciadas, o hiphop e o R&B estão cada vez mais em ascensão. Natural como trilha sonora de um país em ressaca moral, que terá de viver os próximos 4 anos sob a incerteza inflamada da era Trump.
Outra observação curiosa é a ausência de big names da EDM como grandes headliners. Até mesmo um dos maiores festivais de música eletrônica do mundo, o Ultra Music Festival de Miami, anunciou na primeira linha de sua Phase 1 o rapper Ice Cube, o duo francês de maximal Justice, os britânicos da velha guarda clubber Underworld e Prodigy e, fechando os shows, o projeto fanfarrão de EDM Major Lazer.
Será que a bolha finalmente estourou? Aguardemos as cenas dos próximos capítulos…