Três dias de paz, amor e música é o eterno lema do Woodstock, festival que mudou o mundo em Agosto de 1969. Na fazenda de Max Yasgur em Bethel Woods, NY, 400 mil pessoas presenciaram os dias de ouro do Rock e do movimento pacifista no festival.
O evento é um símbolo do comportamento contracultural do século XX. Ainda que também tenha sido marcado por problemas e polêmicas, ele serviu como modelo de grande festival de música desde então. Os problemas? Um engarrafamento quilométrico nos acessos e a chuva torrencial que transformou tudo em lama. O perímetro do festival chegou a ser considerado área de calamidade pública pelas autoridades da época.
O Woodstock 2019
Este ano de 2019 o festival mãe dos festivais de música comemora seu aniversário de 50 anos. Michael Lang, um dos produtores do evento original, foi a público em março deste ano anunciar um lineup de peso para novos três dias de paz e música. Mais de 80 atrações, entre figuras que integraram o festival original, foram anunciadas. Entre elas, Country Joe, Canned Heat e Santanna, junto artistas da música pop como Milley Cirus, Jay Z e The Killers.
Nos anos de 1994 e 1999 foram realizadas edições comemorativas do festival, mas nenhuma das duas edições foi um sucesso. A última foi considerada uma catástrofe, tendo sido chamada como “o dia que a música morreu” pelo São Francisco Chronicle. O festival foi marcado por ganância dos organizadores e preços extorsivos. Até mesmo denúncias violência sexual e a triste notícia da morte de um espectador. Questionado sobre a violência ocorrida em 99, Lang minimizou o ocorrido. Ele colocou parte da culpa da revolta coletiva na MTV e na forma com que as imagens do festival foram veiculadas.
E, afinal, o Woodstock 2019, edição de 50 anos, vai acontecer ou não?
Recentemente, o principal investidor da edição 2019, a gigante da mídia japonesa Dentsu, deu para trás do festival. Porém, os organizadores anunciaram na última semana uma nova esperança para a realização do festival. O banco de investimento Oppenheimer & Co será o novo investidor.
Ainda sim, fica a pergunta: qual legado será rememorado no ano de 2019? Seria o do caos problemático de 20 anos atrás ou da utopia lisérgica de 50 anos?
O evento de comemoração de 50 anos começou a desandar em Abril. Primeiro a banda Black Keys cancelou sua participação no início do mês alegando conflito de agenda. A venda dos ingressos que estava marcada para iniciar no dia 22, não rolou.
A Superfly, contratada para fazer a logística do Woodstock 2019 pediu a redução pela metade do número de ingressos disponíveis. A ideia era cair de 150 para 75 mil pessoas, fato que abalaria significativamente a arrecadação do evento. A imprensa começou a questionar então a viabilidade do festival, que já tinha perdido o investimento da Dentsu. Michael Lang, assessorado pelo advogado de Trump, Marc Kasowitz, trava uma batalha na justiça com a Dentsu reivindicando quase 18 milhões de dólares que a empresa havia investido no festival e depois bloqueou após desistir de participar do evento.
Problemas na organização
Simon Rust, em matéria para a Bilboard, apontou que Lang sofre com o legado deixado pelo festival original. O Woodstock tem esse nome pois foi planejado para ocupar a cidade homônima no interior do estado de Nova York. A cidade alarmada com a possível onda de hippies que invadiria seus gramados vetou o acontecimento. O festival teve que se mudar às pressas para a vizinha cidade de Bethel Woods. Essa história foi retratada no filme “Aconteceu em Woodstock”, 2009.
A comemoração de 50 anos está planejada para acontecer em outra cidade do interior de Nova York, Watkins Glen. Local que sediou o festival Summer Jam, em 1973, que recebeu mais de 600 mil pessoas. Esse feito levou o Summer para o Guinnes Book como o recorde de público de um festival de música pop. Rust aponta que as licenças para a realização de grandes eventos do estado de Nova York vivem marcos regulatórios bastante restritivos. A celebração de 50 anos do Woodstock ainda não conseguiu as permissões necessárias para a realização. E esse é um dos fatores apontados pela Dentsu e pela Superfly como impeditivos da realização do evento.
Apesar disso, com a confirmação da Oppenheimer & Co. como apoio financeiro, Lang garante a realização do festival. As datas já anunciadas, inclusive, foram mantidas.
A realização do Woodstock 50 anos tem dividido opiniões na imprensa dos Estados Unidos. Enquanto alguns pessoas apontam que é muito arriscado realizar o evento no lugar escolhido e que os ingressos seriam caros demais (superiores aos preços de festivais como Coachella), outros dizem que o evento já avançou demais para ser cancelado.
Faltando 3 meses para o evento, Lang tem ao menos 75 mil ingressos para serem vendidos e muitas lacunas a serem preenchidas. Qual será o legado que Woodstock vai rememorar neste aniversário de 50 anos?