Neste ano, um dos festivais de música eletrônica mais tradicionais do Brasil, a XXXPERIENCE, completou 20 anos e no dia 12 de novembro aconteceu sua edição comemorativa na fazenda Maeda, em Itu, São Paulo.
Quem já foi em algum festival que acontece por lá – saudosos SWU, Tomorrowland e Tribe – sabe que o acesso não é dos mais fáceis. O local fica a aproximadamente 100km saindo de São Paulo, e é necessário pegar uma estradinha de terra que geralmente tem bastante trânsito para chegar até a porta do evento. O festival começou as 16h e nós, mesmo chegando relativamente cedo (em torno das 18h), já nos deparamos com trânsito e filas enormes na entrada.
A estrutura do festival, porém, foi muito organizada, com quatro palcos destinados a estilos diferentes de música eletrônica:
O Love Stage, palco principal, ficou responsável pelos grandes nomes internacionais como Steve Angello, e nacionais, como Alok e Ftampa. A galera curtiu muito EDM, cantando e dançando todas as músicas com os DJs. No final rolou psytrance com Chapeleiro e um set para relembrar os velhos tempos de Skazi vs Infected Mushroom, que fez a galera dançar até 9h da manhã.
O Peace Stage, com DJs de trance, foi um dos mais animados desta edição. A organização fez com que todos os horários fossem preenchidos com B2B entre os DJs que marcaram a história do festival. Já o Union Stage trouxe grandes nomes do Techno, como Stephan Bodzin, Dubfire e Ben Klock, além de dar destaque para os brasileiros do B3B: Mau Mau, Anderson Noise e Renato Cohen.
Já o último palco, Skol Beats by Joy, só era acessível para quem tinha comprado o ingresso “backstage”, então ficava em uma parte cercada do festival. Tinha menos filas para os bares e banheiros e uma estrutura bonita, montada para os adoradores de deep e tech house.
Os palcos comportaram bem a quantidade de pessoas e não havia muita aglomeração em nenhum deles. A estrutura de caixas, bares, alimentação e banheiros também foi bem feita, sendo que quase não era necessário pegar fila. A única reclamação ficou por conta dos preços salgados: a água era R$7,50 e R$20 o hambúrguer.
O público variou bastante. Falamos com várias pessoas que estavam vivendo sua primeira XXXPERIENCE, enquanto outras já faziam parte da história do festival, tendo ido em mais de cinco edições. No geral o pessoal estava bem animado e curtiu a festa até o final. Quando fomos embora no final do evento ainda tinha muita gente desacreditada que “já” tinha acabado.
O ponto negativo do festival, porém, foi relacionado à segurança. Muitas pessoas presenciaram casos de arrastão dentro do evento.
Nós só vimos na saída, já que não havia nenhum segurança e as ocorrências de roubo e brigas foram enormes. O estacionamento foi tomado por grupos de assaltantes, que escolhiam suas vítimas e iam sem o menor problema abordar e roubar o que quisessem. O pessoal que estava dentro dos ônibus ou passando pelo local assistia atônito, sem poder fazer nada para ajudar quem estava naquela situação. Felizmente nós saímos ilesas, infelizmente muitos não tiveram a mesma sorte.
Se formos comparar com o que já aconteceu em outras edições da XXXPERIENCE e até mesmo em outros festivais, como a Tribe, vemos que isso está se tornando um movimento constante, principalmente nessa região (veja aqui o review do que aconteceu na última Tribe). Os bandidos estão cada vez mais elaborados, com novas técnicas de invasão e roubo, e nem o evento, nem a segurança pública estão conseguindo controlá-los.
Apesar de todo esse caos com a segurança, nossa experiência no festival foi muito positiva. Achamos que a XXXperience conseguiu proporcionar um ambiente ótimo, com DJs que estão em destaque na cena, em uma festa que duraria até mais tarde se dependesse do público. Na questão de estrutura, provou porque é a “rave” mais antiga do Brasil, com 20 anos de sucesso.
Em geral, fica na lembrança a experiência de um festival que tinha tudo para ser um dos melhores do Brasil, mas deixou a desejar no quesito mais essencial: a segurança. Isso já é o suficiente para que o festival perca parte do seu público fiel, que já não se sente mais seguro e acaba deixando de frequentar grandes eventos que não oferecem a proteção necessária.
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Este post foi escrito pelas colunistas do site Summer Travel Party.