Review: Tribe 2016


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No último fim de semana aconteceu o festival Tribe que, teoricamente, seria uma festa para comemorar os 15 anos de história. A Tribe é um dos eventos mais importantes do Brasil por ter criado raves incríveis e memoráveis e ter ajudado a difundir a música eletrônica pelo país, ao lado da XXXperience e Universo Paralelo.

A partir de 2014, a Tribe começou a rolar a cada 2 anos, o que aumentou a ansiedade da galera esperando pela próxima edição. Em janeiro, já começaram os anúncios, criando grande expectativa no público.

Em março, o line-up foi liberado e contaria com artistas como Carl Craig, Marcel Dettmann, Vini Vici (projeto paralelo do Sesto Sento), Waff, Undercover, Chapeleiro, Goldfish, entre outros. Foi uma boa mescla de nomes grandes, brasileiro, underground e etc, principalmente se pensarmos que nosso país está passando por uma crise e o dólar está cravado nos R$3,50.

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O segundo grande anúncio foi da nova casa. Um local chamado Alto do Sagrado em Itu, interior de São Paulo.

Por último, a organização liberou os valores e pacotes disponíveis. Este ano, eles resolveram “inovar” trazendo opções premium, similares ao que a Tomorrowland já faz, criando um camping, entrada exclusiva, espaço gourmet, entre outros benefícios. Tudo muito bonito quando anunciado online, mas sábado foi a hora de finalmente conhecermos o grande festival de comemoração.

Às 4 da tarde começaram a pipocar mensagens no evento do Facebook falando que muita gente estava perdida e que o mapa não condizia com a realidade. Aí o próprio público criou as coordenadas no Google Maps e compartilhou com o restante do público, facilitando o acesso a festa.

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Íamos cedo para assistir Marcel Dettmann, porém o mesmo ficou preso no aeroporto em Córdoba, na Argentina, e cancelou a apresentação. Desta forma resolvemos sair de São Paulo às 21. Chegamos ao início do trajeto final que levava a Tribe às 22:30. Restavam apenas 9km para desembarcar no festival.

Ao chegar nesta parte, nos depararmos com um trânsito TRAVADO. Sem exagero algum. Simplesmente a cada 10 minutos o tráfego andava alguns míseros metros. Começamos a olhar no Facebook e todo mundo reclamando de estar esperando a QUATRO horas para um trajeto de apenas NOVE QUILÔMETROS.

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O trânsito estava tão ruim que até DJ ficou preso e teve que ir embora

Conforme o tempo passava, milhares de pessoas passavam por nós andando. Descobrimos que a organização proibiu os ônibus e vans de excursionistas de entrarem neste trajeto final e que todo mundo deveria ir a pé ou pegar uma van própria da Tribe. O resumo foi que as pessoas andaram por duas horas em lugares perigosos e muita gente sofreu assalto nesta caminhada, pois o próprio transporte da organização não dava conta da demanda e demorava muito para ir e voltar.

Mas calma, esse relato todo é ANTES de entrar na festa. Depois de quatro horas, finalmente chegamos lá. Pegamos nosso pulseira de imprensa (que, na verdade, era de camarote) e passamos por uma revista digna de risos. Não abriram a mochila da minha esposa, por exemplo, para vocês terem ideia.

Entramos pela parte do camarote que tinha a tal área VIP com lounge. Bom, eu acredito que os organizadores não foram a Tomorrowland para entender bem este conceito, porque tinham algumas cadeiras molhadas, banheiros extremamente sujos (pior do que os banheiros químicos de fora) e um espaço para trocar de palco. Nada de sensacional para o valor cobrado.

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Ao entrarmos no evento, foi prático andar lá dentro. O espaço em si foi bem montado. Todos os palcos eram bonitos e rápidos de chegar, porém nada de super grandioso. Haviam food trucks que atendiam rapidamente a necessidade da galera (valores altos, mas já sabemos como funciona, né?).

Praticamente não haviam filas nos caixas e no geral o atendimento dos bares estava bom. Fizeram um combo de 3 águas por R$20,00, o que é um preço até que razoável para os valores cobrados atualmente.

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Em seguida fomos comer e passamos no outro palco de techno e vimos Sidney Charles tocando house. O som estava interessante, mas acredito que ele ficou deslocado no line-up, já que todos os outros djs eram de techno nesta pista. No final, ele acabou indo mais pra o techno e conseguiu brilhar.

Demos uma passada nos 5 palcos para ver a estrutura e paramos no Secret Garden que, inclusive, ficou bem bonito. Estava tocando o Thylodomid do selo Dynamics, do Solomun. O dj fez um set ao mesmo tempo pesado e melódico e levou a pista a loucura (o que ajudou a dar uma esquentada inclusive, já que estava aproximadamente 0 graus).

Voltamos para o Secret Garden e vimos o show da dupla Frankey & Sandrino ao amanhecer. Eles tem um som gostoso e meio experimental, porém meio parado para uma manhã ultra fria no interior de SP. Talvez se tivessem tocado mais cedo, faria mais sentido para a história da pista.

Depois, assistimos ao Stephan Bodzin com seu som mais melódico e viajante e, por último, o mestre Carl Craig que trouxe um set ultra dançante com cara de festival. Essa hora o público todo se tornou um só e virou uma grande celebração.

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Reparamos em duas coisas: a primeira é que tinham pouquíssimos seguranças para o tamanho da festa e o segundo ponto, é que por conta disso, havia um número gigantesco de pessoas se drogando sem preocupação nenhuma. Sabemos que drogas são comuns em qualquer tipo de festival, porém, neste caso havia um excesso de uso, sem que o público se preocupasse em disfarçar.

Por sorte saímos uns minutos antes dos palcos acabarem e ficamos apenas 30 minutos parados na saída. Mas descobrimos que, novamente, o pessoal demorou quatro horas para sair. E os coitados dos excursionistas andaram novamente por 2 horas.

Crédito: Peripécias da Tribe / Facebook

Outro ponto desagradável foi que descobrimos que rolou tiroteio no meio do evento, pois uma turma de 20 pessoas invadiram a festa e alguns seguranças armados atiraram no meio do público. Uma pessoa foi baleada, inclusive. Agora imagine você pagar para ir a uma festival se divertir e ser baleado. Que experiência, não!?

No evento do Facebook há CENTENAS de relatos de pessoas assaltadas no caminho de 9km e outras que foram roubadas a mão armada dentro da festa. Além disso, dezenas de carros tiveram vidros quebrados no estacionamento e até depoimentos em relação a funcionários vendendo drogas para o público rolaram. Para finalizar, também tiveram mensagens pesadas contando sobre toda a experiência que a festa “proporcionou”.

Infelizmente a festa teve muitos mais pontos negativos do que positivos e provavelmente não iremos mais nas futuras edições da Tribe.

Entendemos que problemas existem. Sempre terão trombadinhas, algum trânsito, filas, algum dj vai faltar e banheiros sujos (que considero metade da culpa do público público), mas todo mundo espera ser tratado com respeito, que tenha segurança, entre outras coisas básicas para o bom funcionamento do festival.

O pior é que não estamos falando de uma comemoração pequena que começou ano passado e, sim, de uma festa que foi sold out e acontece há quinze anos.

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Muitas vezes as festas querem fazer tudo grandioso, um festival maior que o outro, com djs mais caros, com novos pacotes, etc. Porém, às vezes o público busca apenas que a festa funcione, simples assim. No final quem faz a magia acontecer são os djs e as pessoas, a organização só precisa unir os 2 de forma coerente e com segurança para todos.

Que tudo isso seja um grande aprendizado e que todos tenham boas experiências nas próximas edições!

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