Hoje tenho em mãos um review de responsa: falar da minha experiência em um festival que é referência nacional e internacionalmente reconhecido, e que em 13 anos nos mostrou como tudo nessa vida é um constante movimento. Para frente, é claro!
Lembro bem quando a Tribal começou, na época bem mais Tribal que Tech. Eu estava curiosa para saber o que era uma rave, afinal só se falava nisso. Eu, pela pouca idade não podia ir, meu pai não deixava e por isso eu fui escondida. Quem nunca?
Lembro também do convite impresso dessa e das outras edições, da arte toda psicodélica, eu lia o line-up e baixava alguns sons para saber do que se tratava. Sempre amei música eletrônica e na época estava descobrindo o psy e o prog, assim carinhosamente chamados.
Nunca vou esquecer da minha roupa colorida e dos pirulitos voando do helicóptero ao som de um psy que bombava na época. Se não me engano foi 2005, eu estava emocionada! Que experiência, nunca tinha vivido nada igual. Parece que de lá para cá seria sempre assim.
Agora pensem comigo, quantas edições e quantas mudanças ocorreram, como evoluímos, todos juntos com a música. Que sorte a nossa que tudo isso rolou aqui. Podemos dizer a TribalTech contribui e muito para o desenvolvimento da música e da cultura local, colocando o sul no circuito eletrônico do país.
Alguns nomes mundialmente consagrados passaram por aqui, quer coisa melhor que ver seu ídolo em casa?
Na última edição que aconteceu no dia 07 de outubro não foi diferente. Eu não ia, assim como não fui em 2011 e 2015, por uma certa preguiça de ir para uma open air, mas quando vi a estrutura totalmente inovadora para a região, comecei a mudar de ideia e o estopim veio quando anunciaram o Super Cool Stage.
Não sei vocês, mas ando com uma saudade da House Music e afins. Eu gosto da força do techno limpo e da técnica e construção de alguns djs de mininal, mas o house será sempre meu primeiro amor, não adianta!
Na sexta-feira eu já avisava meus amigos “techneros”: esse será o palco nome da festa para muitos de nós!
E através do convite para cobrir o evento, eu fui! Quando cheguei, de cara já curti o cenário urbano, nessa pegada industrial, meio cidade fantasma.
Na identidade visual do público muito preto, transparências, peças metalizadas, ousadia! As mulheres deram um show nos looks e vi muitos caras estilosos também! Adoro quando as pessoas entram de cabeça no clima.
Passei boa parte do dia caminhando, nessa hora os banheiros ainda estavam bons, os caixas funcionando, a praça de alimentação toda rústica e retrô com mesinhas estava muito convidativa, tomei um café para dar um brilho e fui explorar. Achei incrível os grafites e esculturas geométricas e abstratas na festa, é muito bacana observar essa fusão entre a música e a arte.
Simpatizei muito pelo Dub e Organic, a energia do som do Subconsciente Dubs e do Pedra Branca estava leve, bom para um começo de festival, o cheiro de incenso também (entendedores entenderão).
O Progressive tinha uma cenografia incrível e a pista estava pegando fogo já cedo, me deu uma certa nostalgia.
Espiei o Supercool e suspirei, mas calma. Subi para a Timetech e vi alguns minutos do XDB e estava bem legal. Que palco sério e imponente, fiquei tentada a ficar, mas o dever chamava.
Fui ao Burn, e achei o cenário super descolado, aquela cúpula de plástico e a pista rebaixada – uau! O som estava fluido e forte ali, nessa hora os DJs Leozinho e Conti conduziam o público.
Voltei para o Organic para ver o show do Bixiga 70, aí gente, foi amor à primeira vista!
Quantas sonoridades e elementos, que aula de música.
E como a carne é fraca decidi ir para o palco que me motivou a tudo: o Supercool. Selvagem estava tocando e aconteceu o que eu já sabia, as raízes saíram pelas minhas pernas e eu não sai mais dali, ou quase isso!
Todo aquele batuque e aqueles vocais, fica irresistível ne? Na pista muita interação e naturalidade, todos estavam curtindo na boa. Afinal é pela música que estávamos lá.
Só escapei dali para procurar o Redoma e Welcome e visitar o colossal TT Stage que acabou pequeno para a multidão, foi nessa hora que senti falta de um mapa, me senti um pouco perdida andando pela festa à noite procurando os lugares.
Adorei a proposta da Redoma, ousado e criativo! Eles estavam por tudo na festa.
O Welcome não achei. Espiei o Octave One no Tribal Stage, sonhava em vê-los, a produção do stage estava incrível, muitas luzes, mas não demorei muito e voltei para o meu lugar preferido.
Em uma das minhas escapadas também vi o Criolo arrebentando, nossa que multidão ali fora! Também ouvi e vi gente dançado funk carioca e pensei: aí como eu amo uma polêmica!
O povo reclamou que teve funk, e eu só consigo pensar nesse argumento: desapaguem dos rótulos, é festival de musica multi cultural, vocês querem o que? Abram a cabeça! E né, tínhamos ambientes eletrônicos transitando em várias vertentes, era só escolher. Que mania de focar só no que não gosta.
A chuva ? Nem vi! Alguns momentos rolou, mas foi ok, a lama na grama não foi um problema, mas com sol teria sido ainda melhor! Gostei do bar nas pistas, mas achava ruim sair comprar – caixas móveis teriam sido ótimos!
Uma hora acabou a água, mas também foi rápido. Não sei nos outros locais, mas ali no Supercool não vi brigas, não vi problemas, foi lindo e para mim e meus amigos como já previsto: foi o palco da festa!
Não poderia ter fechado o ciclo de um jeito melhor! Falhas e pontos para melhorar sempre existirão ao passo que nos tornamos cada vez mais exigentes por receber cada vez mais festivais afiados, por isso iniciei o texto falando desse constante movimento, é isso!
E volto a dizer, que sorte a nossa que isso tudo rolou aqui e que pessoas engajadas com música, arte, comportamento, tecnologia se esforçam e muito para fazer o role acontecer. Fazer um evento é difícil, quem dirá um festival.
Fechamos o ciclo! E fica aqui meu pedido especial: timetech e supercool voltem! E não no mesmo dia, obrigada!