Sziget, em húngaro, quer dizer ilha. E é exatamente numa ilha da fantasia em Budapest, cercado pelo belíssimo rio Danúbio, que fica o Sziget Festival, um dos maiores e mais tradicionais festivais europeus.
Ao longo de uma semana, 565 mil pessoas de 63 diferentes nacionalidades passaram pela 26ª edição do festival, que contou com mais de 1.000 artistas, shows e atividades, entre elas palestras, workshops, shows de comédia, exposições de arte, performances circenses, teatro e até jogos esportivos.
Entre os headliners de 2018, um time de respeito: Kendrick Lamar, Artic Monkeys, Lana Del Rey, Gorillaz, Mumford & Sons, Shawn Mendes, Noel Gallager e Kygo.
Sziget é um festival-cidade
“A resposta européia ao Glastonbury” – como faz questão de enfatizar a organização do Sziget – é simplesmente um dos maiores e mais tradicionais festivais do mundo.
Seu DNA sustentado em três pilares – openness, love & respect (abertura, amor e respeito) – reforça a vocação política e fortemente entrelaçada com os ideais da geração hippie do Woodstock.
Descrever o Sziget é uma tarefa árdua. Porque não se trata de um festival. Como o Burning Man, estamos falando de um “festival-cidade”, uma sociedade alternativa criada dentro de uma zona autônoma temporária, com suas próprias leis.
Para se ter uma ideia, o livreto de programação do festival tem o formato de um passaporte. Dentro dele, é possível colar uma foto sua. Ao longo das áreas do festival, como parte de uma gincana, você coleciona selos como se estivesse visitando diferentes países.
Ao todo, o mapa do festival-cidade indica 76 lugares para conhecer! De campings à espaços para divulgar ONGs e seus projetos, dentro do festival rola até uma “praia” pra galera pegar um sol pelo dia…
O mais perto que você vai chegar da Terra do Nunca
Lembra da Terra do Nunca, das histórias do Peter Pan? Onde os garotos perdidos que nunca envelheciam viviam suas aventuras? Pois é, o Sziget é o mais próximo que você vai chegar de lá.
Não que o festival seja apenas frequentado apenas por meninxs. É um evento para todas as idades. Vi desde famílias com bebês à veteranos hippies por lá.
O que torna esse festival tão mágico é a vibe do lugar, sua duração e formato.
O lugar, como já expliquei, é uma ilha. Só isso já seria o suficiente para torna-lo especial. Fica a uns 30 minutos do centro de Budapest, rola chegar e sair fácil todos os dias de trem (nota: o calor dentro dos vagões é como na África central, prepare-se!).
Pra quem não curte a locomoção, é só levar sua barraca de camping e montar onde quiser. Sim, literalmente isso. Apesar de ter áreas reservadas para os campistas, no Sziget eu vi barracas de camping espalhadas por toda a ilha, muitas instaladas ao lado de alguns dos palcos e bares do festival. É barraca de camping pra todo lado!
Sobre duração e formato. O evento rola durante uma semana. Tem atividades rolando 24 horas non stop! De shows e DJ sets à workshops de vogue dance. De campeonatos de vôlei à esquetes de comédia do Sziget Circus (sim, o festival tem seu próprio Circo).
Para começar a entender, imagine que – a 30 minutos de onde você mora – de repente um bairro torna-se durante uma semana um verdadeiro festival de paz e amor.
Um lugar que você pode ir e voltar a hora que quiser (desde que tenha um ingresso), dormir e acordar, dançar e praticar yoga, namorar e pegar o sol na beira do rio, escutar uma palestra sobre ativismo político ou encher seu feed do Instagram com fotos de instalações artísticas.
Entendeu agora porque o Sziget é uma Terra do Nunca?
Sziget é a verdadeira essência de um festival
Festival é diversidade. Não apenas em sua programação artística, mas nas opções de atividades, comidas e bebidas, artes e experiências. O Sziget entrega tudo isso e muito mais.
Ao lado do Roskilde (leia aqui) e do Wonderfruit (aqui), foi o festival mais “do bem” que estive. É o tipo de festival divisor de águas. Depois que você conhece, você nunca mais olhará um festival da mesma maneira.
Porque a essência de um festival é a força de sua cultura. Quanto mais forte, mais ela te faz pensar, questionar o status quo e acreditar que o mundo pode ser melhor.
Um festival como o Sziget deve ser vivido não apenas por fãs de música, mas por todo mundo. Talvez, assim, novas gerações entenderão que o legado de paz e amor deixado pelo Woodstock continua vivo. Até a próxima!