Foi a primeira vez que fui a uma edição do Sónar, festival que sempre tive muita curiosidade em ir para ver tudo o que acontece de perto além dos shows e da apresentação dos DJs. O Maker Lab, o conteúdo super interessante sobre arte, música e tecnologia, além dos painéis, atividades e exibição de filmes raros e conceituais… Tudo fazem o Sónar um festival único e especial.
O Franklin escreveu aqui um review completo sobre tudo isso que aconteceu na semana passada em São Paulo, mas nesse post eu exploro o Sónar Club que aconteceu no último sábado no Espaço das Américas com um dos maiores headliners que uma grande festa pode ter, The Chemical Brothers.
Fiquei muito feliz em conseguir ir nessa edição do Sónar, porque quando estive em Barcelona em junho de 2012, não pude ir ao festival por um dia de diferença da minha estadia na Espanha. O line-up daquele ano levou artistas que eram considerados de vanguarda da época como Metronomy, Nicolas Jaar, Azari & III e até um nome que não era tão inovador assim, mas com um perfil super cool como The Roots, entre muitos outros. Eu também não tinha conseguido assistir ao Chemical Brothers nas duas vezes que eles vieram ao Brasil.
Pelo público ter esperado um line-up maior, acho que o Sónar ficará mais lembrado como o show do The Chemical Brothers do que o próprio festival que foi realizado no Brasil esse ano. Mas vamos ao review:
The Chemical Brothers:
Depois do show do Daft Punk no Tim Festival 2006 (leia meu review aqui), posso dizer que o live de Ed Simons e Tom Rowlands foi o segundo melhor de música eletrônica que já assisti na vida. Ainda estou meio que anestesiado pelo impacto daquela mistura insana de imagens psicodélicas e feixes de laser coloridos sincronizados com os principais hits da dupla, junto de algumas faixas do seu novo e oitavo disco de trabalho, “Born In The Echoes”, lançado esse ano no Sónar em Barcelona. O público foi ao êxtase.
As pessoas que chegaram mais cedo esperavam sentadas logo na frente do palco pra garantir seu lugar. O público tinha grande parte da faixa etária de 30 anos pra cima. Certamente os mais jovens, em torno dos 20, foram mais para ver o Hot Chip, pois sabemos que os grandes fãs do Chemical Brothers beiram uma faixa de idade mais adulta. A dupla ficou famosa inicialmente pela música “Block Rockin’ Beats”, de 1997, além de ter sido responsável junto com Prodigy, Moby, Air, The Crystal Method, Daft Punk e Orbital pelo crescimento e propagação da música eletrônica em todo o mundo naquela época, levando à explosão do gênero big beat.
A sequência do show começou com a clássica Hey Boy Hey Girl, do álbum “Surrender” (1999). Em seguida, ouvimos Sometimes I Feel So Deserted, Go e EML Ritual, do novo disco. Pelo que percebi, eles não costumam mudar muito o setlist de seus shows.
Star Guitar, Galvanize, Do It Again, Elektrobank (que tem um dos melhores clipes de todos os tempos), Saturate, Music Response e Swoon foram tocadas também, e algumas delas, cantadas em voz alta pela platéia. Como já imaginava, Block Rockin’ Beats deu fim ao show icônico e surpreendente.
As outras atrações:
Evian Christ
A DJ e produtora chilena Valesuchi surpreendeu o público logo na abertura dos portões. Seu som obscuro com o uso de sintetizadores funcionou muito bem na abertura do evento, com um set linear, cheio de groove.
A banda Hot Chip desacelerou bastante o ritmo da noite depois do impacto que o show dos Chemical Brothers criou no público. Tocando hits como “Huarache Lights”, “Ready For The Floor” e “Over And Over”, acabou não empolgando tanto o público, que parecia cansado pelo horário que eles entraram.
Evian Christ foi como um terremoto que chegou sem avisar. Com um som bem diferente, futurista e conceitual, ele mostrou muita informação e diferentes sonoridades em sua música, exigindo muito de quem assiste, mas que no final vemos um resultado avassalador. O produtor francês Brodinski me agradou bastante também com seu, podemos dizer, techno contemporâneo.
O brasileiro Zopelar fez uma ótima passagem entre Chemical Brothers e o Hot Chip, representando muito bem a cena nacional no festival.
Por fim, o espanhol Pional fez um ótimo set onde ouvimos deep, tech-house e techno, com muitos synths, grooves e vocais. Um dos melhores momentos foi quando tocou o remix de John Talabot para “Loud Places”, de Jamie xx.
Créditos/Fotos: Rafael Medina