Já escrevi aqui no Pulso a minha relação de longa data (mesmo que com pouca idade para isso) com os festivais de música, em principal o Lollapalooza Brasil. Era a vez de eu pegar essa minha paixão por festivais e levar para o exterior.
Em parte, me aventurei no Rock Werchter pela coincidência de datas da minha visita ao meu irmão que mora lá com o show do Radiohead (o que admito ter sido o motivo pelo meu interesse em ir ao Werchter, até por não conhecer muito sobre o festival).
Foi só uma rápida pesquisa na internet para entender que é um dos festivais mais tradicionais do mundo, com a primeira edição datada no começo da década de 70.
O que inicialmente era uma viagem para ver uma das minhas bandas preferidas logo virou uma oportunidade de conhecer um festival premiado (várias vezes) pelo International Live Music Conference, a curiosidade era imensa!
Logo na estação de trem de Leuven (a maior cidade perto do festival, usada como sede oficial fora do camping), percebi que se tratava de uma organização impecável. Saíam vários ônibus da estação para a fazenda e a viagem durou cerca de meia hora, bem tranquilo.
Ao chegar no local tive que dar uma caminhada de uns 15 minutos, e meu choque começou a partir do momento em que não tinha nenhum ambulante vendendo cerveja e capa de chuva (rs). A entrada também foi bem rápida e já pude ver a estrutura do grande Werchter.
O Palco Principal logo cedo já colocava o som bem alto com uma das minhas surpresas mais agradáveis da viagem, Coely. Vi mais uns shows por lá e fui visitar o The Barn: a tenda que apresenta as maiores atrações fora do palco principal. A atmosfera na tenda é bem divertida e o potencial para shows icônicos por lá são bem altos.
Antes de começar a maratona dos últimos shows do dia – Royal Blood, James Blake e Radiohead – decidimos explorar o resto do festival para ver o que era proporcionado pela organização.
Infelizmente foi aí que fiquei um pouco decepcionado com o Rock Werchter, comparando, obviamente, com os que eu já fui aqui no Brasil – Lolla, Rock in Rio, Planeta Terra (rip), Picnik…
As marcas eram mal posicionadas pelo festival; era necessário o público ir atrás do espaço das marcas, e não o contrário, o que resultou em experiências quase sempre vazias – e estamos falando aqui de marcas como Coca Cola e Lipton.
No entanto, preciso elogiar a participação da cerveja oficial Jupiler, que patrocinava a área gourmet com um palco próprio, onde tocavam DJs e era cheio de dançarinas, super legal!
O espaço gourmet foi um dos pontos altos do festival, mas nada muito diferente do que eu já tinha visto (a não ser pelo chopp da Hoegaarden a 2 euros, mas isso seria um diferencial da Europa e não necessariamente do Werchter).
Outro ponto negativo foi a falta de diversidade no festival, em vários âmbitos. No centro da Europa e com o peso que o nome do festival carrega, esperava uma maior quantidade de nacionalidades diferentes visitando a fazenda, mas o que vimos foram somente locais.
Além disso, dentro do mês mundial do orgulho LGBT, o festival pouco quis tratar sobre o assunto. Com um público predominantemente mais jovem e de cabeça aberta, nem mesmo uma bandeira LGBT foi hasteada, o que foi um grande vacilo por parte do festival.
Por fim, voltei para casa sem nenhum brinde ou souvenir do Rock Werchter; mas uma grande mancada do festival, que pouco tentou fidelizar os fãs. Sinto que se não fosse por uma banda do coração, não voltaria para o festival.
- Sim, o show do Radiohead foi incrível
- Não, eles não tocaram Creep
- Sim, o chopp Hoegaarden estava realmente a 2 euros
- A organização foi perfeita, logística impecável
- Lá Kibon é chamado de OLA
- Sim, o público era realmente meio pra baixo: não dançava, não cantava, não interagia.
- Mas teve um cara no show do Royal Blood que entrou em uma rodinha Punk com os pés descalços. Belga com alma brasileira sim!