A cada ano, o Popload Festival cresce mais e isso se reflete exclusivamente no seu lineup, cada vez maior e mais convidativo – mesmo que ainda não tão diverso como gostaríamos. A aguardada edição de 2018, com a neozelandesa Lorde como headliner, aconteceu no último final de semana, em São Paulo, no Memorial da América Latina e suportado por um feriado prolongado.
Em contexto, o festival nasceu do site Popload – a principal fonte de notícias sobre a cena indie e alternativa nacional e internacional do país. Isso significa que o festival tem por característica trazer apresentações únicas de artistas que dificilmente estariam em outros eventos. E, possivelmente, seja esse o motivo do alto preço dos ingressos, mas que ainda assim não justifica a divisão das pistas em comum e premium. Afinal, é um festival e divisão de valores para as pistas foge completamente da essência do que esse tipo de evento representa e pretende oferecer, como espaço livre para vivências e experiências diversas.
Mas, o que mais incomodou nessa edição foi o desconto no preço dos bares para quem garantiu a entrada premium, além da entrada antecipada para àqueles que pagaram por isso. Entenda:
Se você pagasse pelo setor mais caro do evento (premium), os produtos do bar sairiam mais baratos para você. E ainda havia a opção de pagar um valor “x” a mais para entrar primeiro no festival e conquistar um lugar melhor para assistir o seu artista favorito. Sério… Venderam isso como “parte de uma experiência”, mas não colou.
A infra também não foi das mais inteligentes. Para entrar, eram filas e mais filas, cada qual com o seu motivo, e embaixo de chuva que, tudo bem, não há como evitar.
Aliás, precisamos falar sobre clima: há pelo menos uma semana antes do evento, a meteorologia apontava chuva forte e sol para esse dia (quinta-feira, 15/11), mas a produção ignorou totalmente esse fator. O espaço do Memorial estava totalmente descoberto e caiu uma chuva torrencial por horas. A privilegiada (e pequena) área premium foi a que mais se deu mal nessa questão. Apesar de a chuva ser um fator climático incontrolável, a produção – sabendo da previsão – poderia ter procurado alternativas para minimizar o problema. Fica o dilema.
Heineken Jukebox
Um dos pontos altos do Popload Festival 2018 foi a ação da Heineken, que convidou artistas distintos para se apresentarem juntos cantando músicas aleatórias escolhidas pelo público.
Como não amar ver a Céu + Tropkillaz cantando Metronomy? Ou Liniker + Tim Bernardes tocando Tame Impala? Inesquecível!
A programação
Como disse acima, o festival se sustenta pelo lineup sempre bem elaborado e convidativo. Os shows conversavam pelo hype, começaram no horário e entregaram performances inesquecíveis (obrigado, Lorde!).
Mas sempre sentimos falta de artistas de gêneros como o rap, o hip hop, o r&b, soul… que são highlights no cenário musical mundial, mas seguem ignorados em curadorias de festivais que são a sua cara. Quem sabe em uma próxima?
Serviços
Tirando a caótica entrada, tudo funcionava perfeitamente bem dentro do festival. As pulseiras cashless vieram para ficar e ainda bem!
A praça de alimentação era rica em opções e ninguém ficava sem cerveja. Tirando a parte da falta de proteção para as fortes chuvas paulistanas, tudo fluiu de forma agradável.
Conclusão
É inegável que o Popload Festival já faz parte do calendário de festivais da cidade de São Paulo. Talvez ele não tenha crescido tanto quanto o Memorial da América Latina suporta. Assim, será que em um local menor não funcionaria melhor? Sem a extravagância de área Premium?
Festival não pode ser seletivo, tem que ser cada vez mais diverso e inclusivo. Tive momentos inesquecíveis, mas acredito que sempre se pode melhorar.
O Popload Festival está no caminho certo e tem tudo para ser o queridinho de grande parte do público frequentador desses eventos. Já aguardo curioso a próxima edição, esperando por mais diversidade e menos dor de cabeça.