Review Musical: Tomorrowland Brasil 2016


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*Imagem de capa: Tomorrowland Brasil

Fui nos três dias do Tomorrowland Brasil e circulei bastante por todas as tendas do festival para assistir de perto um pouco dos sets de muitos DJs que se apresentaram por lá. Muitas vezes é difícil decidir para qual palco ir, por terem tantas atrações boas tocando ao mesmo tempo e por conta disso é impossível conseguir acompanhar tudo o que você pretende. Segundo um amigo calculou pelo seu Apple Watch, andamos por volta de 20km indo e voltando entre todos os palcos durante os 3 dias no Tomorrowland. Haja pique!

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Como foi dito no nosso review geral sobre o Tomorrowland (leia aqui), a parte musical do evento também não me surpreendeu tanto como eu esperava, principalmente o som do Main Stage. Não que não tenha sido bom, mas sim repetitivo, óbvio e sem grandes surpresas. Ouvi vários sets de alguns DJs semelhantes e repetidos de outras gigs deles em outros festivais (como de David Guetta, Robin Schulz, Blasterjaxx e Nicky Romero por exemplo), além de uma enxurrada de hits nem tão novos assim (veja nosso top 10 abaixo), alternados com muitos mash-ups como de costume e faixas de EDM bem óbvias e um pouco antigas também, como Rock The Party” (Jauz), “Camorra” (Nicky Romero), “Bounce Generation” (TJR & Vinai) e “Tremor” (Dimitri Vegas, Like Mike, Martin Garrix). Cansou um pouco também o excesso de falatório no microfone por parte dos DJs, que gritavam frases óbvias (“put your hands up in the air” por exemplo) porém necessárias para aumentar o entusiasmo e euforia do público ali.

Essa fórmula sabemos que é usada para atrair as grandes massas e o público fiel do Tomorrowland ao palco principal o maior tempo possível, que eles estão ali para se divertir ao máximo, pular, vibrar, cantar, se jogar o quanto puder e ouvir um som 100% comercial, mas também explosivo, empolgante e com o máximo de hits possíveis um atrás do outro. Tudo isso se completa com a interação de toda a parte sensorial do festival – a decoração do Main Stage, a roda de água, os duendes que pulam e dançam no palco, os fogos de artifício, a chuva de papel picado e serpentina e os jatos de fogo e CO2. E nada mais apropriado do que a música comercial para tudo isso acontecer.

A música brasileira, suas influências e sonoridades estiveram presentes em várias apresentações também. A faixa “Street Carnival” de Cave –  uma marcha de escola de samba com batidas de techno, de 2003 – foi muito tocada. O funk brasileiro não poderia ficar de fora também como tem acontecido nos últimos eventos aqui no Brasil (lembram de Hardwell tocando “Baile de Favela” em sua última tour por aqui e Skrillex tocando outras?) e músicas como “Tá Tranquilo Tá Favorável” do MC Bin Laden foram tocadas por alguns DJs como Axwell & Ingrosso e Romeo Blanco.

Os melhores sets e alguns destaques:

Como já falamos aqui no Pulso, o line-up foi composto por grande parte de DJs brasileiros e vários se destacaram tanto no Main Stage como nos outros palcos. Se uma parte do público se decepcionou esperando muitos nomes internacionais, podemos associar isso tanto à crise econômica do país como a alta do dólar. Então nada mais justo do que o festival usar isso para dar um grande foco nos principais artistas da música eletrônica nacional, que estão se destacando cada vez mais aqui e no mundo, produzindo conteúdo autoral de bastante qualidade, lançando faixas em importantes selos e se destacando em diversos países.

No Main Stage se apresentaram Alok, Marcelo CIC, Viktor Mora, Volkoder, Illusionize, Ftampa e Trokpillaz, entre outros.

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Não muito longe dali, o duo Elekfantz fez uma das melhores apresentações no palco da label Luv & Beats. A DJ Mary Olivetti lotou a pista da Fusion na pool party logo no início do último dia, pois além do ótimo set dela de house com muito groove, fazia muito calor e uma grande fila de pessoas se aglomerava na entrada, que queriam se jogar logo na piscina. L_cio empolgou bastante o público também e deixou a pista quente para Gui Boratto.

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Daniel Kuhnen (Elekfantz) e Mary Olivetti

Apesar do palco de drum’n’bass não estar muito cheio, um público fiel ali dançava ao som dos DJs Marky, Patife, Andy e MC Stamina, responsável pelo vocal do hit de 2002 “LK – Carolina Carol Bela” com Marky. Ali pudemos ouvir várias músicas novas e relembrar outras que fizeram muito sucesso nas antigas festas do gênero em São Paulo.

A diversidade de gêneros musicais esteve presente no Tomorrowland: trap, EDM, techno, house, progressive, minimal, hardstyle, drum’n’bass.

Steve Angello foi responsável mais uma vez por um dos melhores sets do Main Stage, seguindo um pouco a linha mais melódica e “grooveada” como eu já imaginava e menos barulhenta, tocando algumas faixas suas como “Greyhound” e “Knas“, além de outras do seu último álbum “Wild Youth” e alternando clássicos como “Teenage Crime” (Adrian Lux), “Sweet Dreams” (Eurythmics), “Hey Boy Hey Girl” (The Chemical Brothers) e “Insomnia” (Faithless). E claro, além de seu famoso mash-up de “Show Me Love” com “Be” (de 2007), que dessa vez foi mixada com “Opus” do Eric Prydz. Muitos DJs no Facebook elogiaram o set dele como o melhor desse palco. Mesmo assim, ainda achei o set dele do ano passado melhor da primeira edição do Tomorrowland.

Axwell & Ingrosso eram muito esperados, pois desde o fim do Swedish House Mafia, a dupla ainda não tinha vindo junta para tocar no Brasil. Eu esperava um pouco mais do set deles e uma das músicas que levou o público ao delírio foi o mash-up de “One More Time” do Daft Punk com “Save The World”, do SHM. Ouçam abaixo:

Infected Mushroom, além das outras atrações do palco xxxPerience, fez o público relembrar a época das raves e do psy trance, mostrando que há uma grande possibilidade do gênero voltar a acontecer no país daqui pra frente nos próximos festivais. “Cities Of The Future”, hino do duo, foi a faixa que encerrou a apresentação deles.

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O palco Dynamic (uma das principais labels da música eletrônica underground do mundo) foi um dos mais cheios no último dia e pude ouvir um pouco dos sets de H.O.S.H., Adriatique e Solomun.

Chris Lake fez na minha opinião uma das melhores apresentações que assisti por lá, tocando suas últimas produções como “Stranger” e “Piano Hand“. Kryder foi bastante elogiado também com seu house bigroom e pelo seu set ter várias influências brasileiras, como a faixa “Balada” do Nicola Fasano.

Teve também o back2back histórico entre os holandeses Armin Van Buuren, Sunnery James, Ryan Marciano e W&W tocando clássicos da EDM e estendendo o horário do Main Stage no segundo dia.

E por fim David Guetta, Laidback Luke, Adriatique, Chris Lake e Dimitri Vegas & Like Mike homenagearam o cantor Prince, falecido na semana passada, tocando faixas como “Kiss”, “When Doves Cry” e “FUNKROLL”. Chris Lake inclusive fez um remix não oficial para essa última faixa.

As músicas mais tocadas do Main Stage:

Os hits abaixo foram exaustivamente tocados por quase todos os DJs do Main Stage e em outros palcos também. Muitos, mas muitos DJs tocaram “Hello” da Adele. “Firestone” e “Lean On” não são hits tão novos assim e foram muito tocados também, esse último em um mash-up com “Wonderwall” do Oasis.

  1. Hello – Adele
  2. Lean On – Major Lazer
  3. Firestone – Kygo
  4. How Deep Is Your Love – Calvin Harris + Disciples
  5. Opus – Eric Prydz
  6. Phat Bass – Wolfpack & Warp Brothers
  7. Street Carnival – Cave
  8. Work – Rihanna
  9. Heroes – Alesso
  10. Wonderwall – Oasis


Fotos: Renan Olivetti

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