Estivemos no Hack Townw 2019, festival de criatividade, tecnologia e inovação que acontece há cinco anos na pacata cidade de Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas.
A cada edição, o festival cresce mais (e mais!) de tamanho.
Marcas de patrocinadores competem por atenção e apostam em experiências. Como a TIM, que escolheu o festival para dar uma provinha do que vem por aí com a tecnologia 5G, alem de trazer de surpresa os shows da Mahmundi e Rubel.
Bandas queridas do circuito indie rock nacional como Scalene e Supercombo também foram escaladas pela programação, reunindo milhares de animadx hacktowners nos shows de encerramento de cada dia.
A parte de música do festival deu um salto tremendo desde que estivemos lá. Também vimos novas casas de show, pubs e bares pela cidade (e haja disposição pra encarar no dia seguinte a palestra das 8:30 da manhã…).
Até a pracinha de Santa Rita – com seu tradicional coreto (que fomos devidamente expulsos em 2017 depois de “causar” a sociedade), Igreja e barraquinhas de comida – surpreendeu com a grande quantidade de pessoas e uma excelente variedade de cervejas artesanais (todas de altíssima qualidade!).
Mas o mais importante está lá: sua essência, o tempero mineiro que nos encantou em 2016 e que ainda é visível em todos os detalhes da produção. Do sorriso simpático e cordialidade da equipe de produção (a maioria, jovens estudantes universitários) à mensagem de amor cravada na pulseirinha de credenciamento do festival.
É isso que o Hack Town entrega: muito amor.
E uma surra de conteúdo.
Hack Town 2019 e aquela surra de conteúdo
Carol e eu estivemos nesta edição do Hack Town para apresentarmos duas palestras: “A Ressignificação dos Festivais na Era da Experiência” (sexta-feira) e “Turista ou Viajante: Repensando a Viagem em Tempos de Crise” (sábado).
Nos apresentamos no Teatro Inatel e no Auditório Sinhá Moça, espaços com capacidade para mais de 700 pessoas. Nunca falamos para um público tão grande. Não chegamos a encher os espaços, mas ficamos muito agradecidos pela presença das pessoas, especialmente porque a competição foi grande… havia pelo menos outras 20 atividades rolando em cada horário.
Assistimos diversas palestras de altíssima qualidade. Prova que os festivais de inovação – e seus palestrantes – estão cada vez mais profissionais.
Como festival é plural e cada um constrói a sua própria narrativa, convidamos a comunidade OCLB para nos ajudar a escrever esse review.
Fizemos 2 perguntas para cada. Abaixo, você confere as percepções dessas mentes brilhantes e um saldo final com as nossas impressões.
Segue o f/uxo!
Pergunta 1) O que você achou do Hack Town 2019?
“É a 3ª vez que vou ao hack Town e senti um grande salto nas experiências e opções do festival. Primeiro, gostei muito do conteúdo e qualidade das palestras. Também achei bem legal todas as outras opções paralelas, como as ativações de marcas. As opções de comida e bebida também aumentaram (destaque para as excelentes opções de cafés locais). Por fim, a programação musical também cresceu muito, com opções gratuitas para a cidade. Acho que o que mais se destacou em 2019 foi essa mudança de um festival de apenas palestras para experiências mais diversas“. Carol Soares, Projeto Pulso, OCLB e f/uxo
“O HackTown cumpriu novamente a proposta de ser um festival multifacetado, oferecendo pontos de vista completamente diferentes e inovadores vindos de pessoas muito qualificadas (além de ótimas festas!). Foi uma ótima oportunidade de levar minha equipe para relaxar, nos aproximarmos e explorarmos novos insights para a Brev e como criar uma cultura de trabalho saudável e um produto que tenha um impacto maior”. Adam Kirst, Brev
“O que eu mais curti no Hacktown foi a oportunidade de exercitar o sentimento de perda. São tantas palestras com variados temas que é impossível assistir todas. Por isso você é forçado a escolher apenas uma de cada horário, relaxar e esquecer que perdeu as outras, senão a “neura” corre solta.” Haroldo Rocha, The Twelve Beers
“Vi um Hack Town mais maduro. A população da cidade, os comerciantes, os palestrantes, o público, os administradores, estão aprendendo cada vez mais sobre como extrair o melhor do festival e, com isso, a experiência de todos é potencializada. Por outro lado, ainda é um festival muito jovem. É muito legal poder fazer parte desse crescimento e ver a evolução do festival. Acredito que o próximo salto passa por uma entrada mais contundente de marcas no Hack Town, como ocorre na maioria dos grandes eventos desse tipo. Não só pelo recurso financeiro, que obviamente ajudaria a organização a investir em melhorias na infraestrutura e organização, como pelas ativações que acabam se tornando um atrativo extra e enriquecendo o festival”. Marcio Carvalho, Agência ONZE
“O que mais impressiona no Hacktown é seu espírito romântico. Expoentes de diferentes indústrias têm a oportunidade de um contato real com uma ebulição de ideias em forma de jogos universitários. Das pequenas salas em espaços inusitados aos grandes auditórios da cidade, passando pelo espaço público que é parte fundamental do evento, o que se via era paixão, possibilidades e convivência. Um alento para o Brasil de 2019.” Mauricio Soares, ARCA e M-S Live
Pergunta 2) Conta pra gente uma palestra que te marcou e por que?
“Gostei muito de tudo que vi. Mas se for pra destacar uma, vale a do Dado Schneider, Ninguém está Preparado para o Futuro: se o Futuro Muda, a Palestra Muda. Pelo conteúdo, pela criativa forma de se apresentar e a sua energia, que segurou a platéia bem atenta por quase 2 horas.” Carol Soares, Projeto Pulso, OCLB e f/uxo.
“A do Wellington Nogueira, palhaço que fundou o Doutores da Alegria. Ele traz a alegria de uma forma extremamente leve, explorando a graça na vulnerabilidade em um mundo duro. Admiro muito essa habilidade. Na palestra, ele trouxe a importância do brincar como forma de conexão consigo e com o outro, permitindo a conversa real e a abertura a outros pontos de vista. Tudo isso no contexto da discussão sobre a cannabis medicinal, outro tema presente no festival, mostrando a inovação que faz do Hack Town algo único.” Adam Kirst, Brev
“A palestra que mais me marcou foi “O Papel do Pai” (com Gustavo Tanaka, Ernesto Abud e Gustavo Santos) porque é um tema que tenho muita afinidade, já que vivo isso diariamente.” Haroldo Rocha, The Twelve Beers
“Estou colapsando, e agora?! A Era dos Super Humanos”. Apesar do conteúdo ser muito legal, não foi isso que mais me marcou. O que me chamou atenção foi o fato de a sala estar completamente lotada, com gente de pé e sentada no chão. Reforçou a minha percepção de que somos uma sociedade doente.” Marcio Carvalho, Agência ONZE
“A palestra do Pierre Mantovani, CEO do Omelete. A trajetória do negócio e sua perspectiva sobre cultivo e gestão de comunidades é um exemplo de inovação contínua com foco no cliente, que consolidou e desenvolveu todo um segmento de mercado.” Mauricio Soares, ARCA e M-S Live
Hack Town 2019 : balanço final
Alguns pontos merecem atenção para os próximos anos.
A distância entre os espaços demanda uma atenção maior com a logística e sinalização do evento. Passamos muito tempo nos deslocando de um lugar para o outro. É preciso ter mais cuidado com a programação (por ex: na hora em que falamos, havia duas palestras sobre festivais rolando ao mesmo tempo em lugares diferentes da cidade).
Entre todos que conversamos, também houve um consenso de que a falta de um descritivo das palestras (ou uma bio dos palestrantes) acabou dificultando a escolha de onde ir.
Por fim, não menos importante, existe uma questão de acomodação que a produção do evento deve ficar atenta.
“A sintonia entre poder público e a organização do evento precisará ser aprimorada, assim como a estrutura de acomodação, mobilidade e serviços, pois o interesse no evento certamente será ainda maior, assim como o fluxo de visitantes”, esclarece Maurício Soares, antevendo as questões inerentes às dores do crescimento.
Entre acertos e ajustes, os primeiros ganham de lavada.
O Hack Town 2019 é um dos poucos festivais que estive nesse ano e que realmente me entregaram uma experiência transformadora.
Saímos com a sensação de que algo mudou na forma de pensar em vários assuntos. Vivemos momentos intensos, conhecemos pessoas extraordinárias e a nossa única decepção não foi ter conseguido encontrar amigxs e pessoas que gostaria de ter visto a palestra.
Mas isso é festival, não é mesmo? Escolhas e escolhas… 🙂
À produção do Hack Town 2019, nosso muito obrigado. Estamos já na expectativa para a edição de 2020.
Parabéns, galera!