Review Festival CoMa 2019: inclusão, resistência e diversidade na Capital Federal


Assine a Cápsula, nossa newsletter para mentes inquietas em busca de inspiração

[mautic type="form" id="1"]
Compartilhe esse artigo
[addthis tool=”addthis_inline_share_toolbox_2jg5″]

No último final de semana, estivemos em Brasília para conhecer o festival CoMa, que celebrou a sua 3ª edição neste ano. 

Festival CoMa em Brasília. Foto: @shakeitbsb

Segundo a organização, o evento dobrou de tamanho desde a última edição em 2018. Mais de 20 mil pessoas participaram do festival, que reuniu ao longo do final de semana expoentes da produção independente nacional (Luedji Luna, Djonga, Baianasystem, Scalene, Liniker e Caramelows, Àttøøxxá etc), veteranos da música Brasileira (Ney Matogrosso e Hamilton de Holanda), além de novos artistas vindos da França, Colômbia e Coréia do Sul. 

Segura esse lineup!

Para nós, foi uma experiência intensa, que começou às 10:00 da manhã da quinta-feira (01/08) com a nossa palestra sobre a Ressignificação dos Festivais na Era da Experiência na conferência de negócios do CoMa e que só foi terminar às 2:00 da manhã de domingo, com o eletrizante show de encerramento do grupo Franscisco El Hombre.

Nossa palestra durante a conferencia do CoMa

Curadoria musical para todos os gostos

Após passarmos pelos portões de entrada do CoMa no sábado à tarde, demos a tradicional rodada pelo local para conhecer seus palcos e atrações.

De cara, a experiência do CoMa já sai na vantagem pelo espaço que acontece. Vários locais de Brasilia compõem o perímetro do festival. 

Para quem vem de fora, explico: apesar de todo o festival acontecer no mesmo espaço, os palcos do evento são distribuídos em locais tradicionais da Capital como o Planetário da Cidade, o Clube do Choro e o gramado da Funarte (onde localizam-se os 3 maiores palcos do CoMa).

O local do CoMa não é enorme, mas também não é pequeno. Segundo a organização, cabem até 30 mil pessoas. Considerando uma média de 10 mil pessoas por dia, a estrutura ficou confortável, com vários caixas volantes, poucas filas nos bares, circulação tranquila e suave. 

Em alguns momentos, os palcos no Clube do Choro e Planetário estavam lotados, com filas de espera para entrar. Por sorte – e um bocado de insistência – consegui assistir no Planetário o show de jazz do Daniel Santiago Quarteto Union que foi um dos meus momentos favoritos do CoMa 2019. As projeções estelares na sala intimista com 80 lugares foi uma experiência que não esquecerei tão cedo.

Um show de jazz intimista e cósmico no Planetário

Também foi no Clube do Choro que vi um dos melhores shows do festival, do (fofíssimo) trio curitibano Tuyo. Foi uma catarse coletiva, com fãs empolgados cantando todas as músicas da banda. Coisa linda de ver. No mesmo lugar, também vi uma roda punk durante o show da banda potiguar Camarones Orquestra Guitarrística. Tudo isso em meio à tradicionais garçons de gravata preta e camisa social branca, circulando as mesas com bandejas de salgadinhos, pastéis e bebidas. É sempre interessante observar quando o festival utiliza-se de espaços e dinâmicas locais, possibilitando experiências legítimas para o público. Personalidade é isso aí.

O trio Tuyo no Clube do Choro foi um dos destaques do Coma 2019

Ao lado de fora do Planetário e Clube do Choro, os grandes nomes do lineup apresentavam-se nos palcos Norte e Sul. Artistas gringos, produtores de música eletrônica e DJs davam o tom no palco Conexões

Curti conhecer o techno progressivo do duo francês Massive Scratch, o suingue do rapper colombiano Dionísio, além de conferir os shows do Baianasystem (mais sofisticado e menos pesado que o anterior), Liniker e os Caramelows (mais soulful, mais grooveado e mais funky) e a maestria de um dos maiores intérpretes do Brasil: Ney Matogrosso.

No quesito curadoria musical, o CoMa foi muito bem sucedido. Tinha para todos os gostos, gêneros e tipos.

Diversidade, inclusão e resistência dentro e fora dos palcos

O ecletismo musical dos palcos deu o tom do público. 

Carinho e amor dentro e fora dos palcos

Não havia um padrão predominante de moda, corpo ou pele. As pessoas estavam bem à vontade, como se estivessem num grande domingo no parque. Em comum, o clima de resistência no ar… em quase todos os shows, o grito de “Ele não” e “Fora Bolsonaro” emergia uníssono na grande massa.

Esse era o clima e bandeira do festival CoMa

Um dos destaques que mais curtimos no festival foi a área de convivência, com grupos de redução de danos, fraldário e apoio às pessoas com deficiência. 

Nos chamou a atenção a quantidade de pessoas com deficiência, surdos ou em cadeiras de rodas, trabalhando nos bares e caixas da produção do CoMa. 

Inclusão marcou presença na comunicação e na organização do CoMa

Pontasso, produção!

Ativações de marcas somaram à experiência

As ativações de marca foram simples e pertinentes, sem exageros ou stands fechados gerando filas desnecessárias, somando-se à experiência do público.

Destacou-se a Absolut, que montou um bar de drinks com diversos pontos instagramáveis de sua campanha global Absolut Resiste (bem pertinente à proposta do festival).

O espaço instagramável da Absolut

A Claro também ganhou a atenção do público promovendo um animado karaokê que ofereceu alguns minutos de fama para a galera com disposição de subir no palco e assumir seu lado artista. A marca de telefonia se deu bem quando a banda Tuyo resolveu ir lá para um bis do seu show lotado no Clube do Choro ao lado.

A cerveja Eisenbahn montou um agradável beer garden, estrategicamente localizado entre os palcos Norte e Sul, que virou uma área de descanso e ótimo ponto para assistir shows de um lado e do outro. 

Como um bom apreciador de cervejas, curti bastante ver que o festival também servia uma IPA local, além de vinhos e outras bebidas alcóolicas que patrocinadores de outros grandes festivais proíbem para que sua marca seja a única oferecida (quando vão aprender que isso é o oposto da experiência que seu público espera?)

Um festival para conhecer em 2020

Depois de algumas horas no CoMa, fiquei confuso… Procurei lembrar de outros festivais conheci como ele, mas não consegui pensar em nenhum. É que o CoMa é o CoMa. Não deve mesmo ser comparado. 

O CoMa ainda tem muito espaço para evoluir. Afinal, diferente da maioria dos festivais voltados para a produção música independente mais conhecidos do Brasil, que já passaram de seus 10, 20 anos de (r)existência, esse acabou de chegar em seu 3º ano.

No geral, aprovamos a experiência do festival. Especialmente no quesito conforto. É um festival tranquilo de chegar e sair, com preços razoáveis para a sua entrega de produção e detalhes que fazem a diferença: local arborizado, redários, pontos de descanso e operação de bares eficiente.

Um climão de liberdade e sorrisos no ar

Os banheiros femininos apresentaram algumas filas em alguns momentos, e esse é sempre um ponto crítico para ficar de olho. Mas isso é detalhe perto da oferta musical, estrutura do local, qualidade da produção e clima de liberdade e alegria no ar.

Torcemos para voltar ao CoMa em 2020. É um festival que tende a crescer cada vez mais. Vale programar sua visita para o ano que vem. 

Nos vemos na pista 😉

Assine a Cápsula, nossa newsletter para mentes inquietas em busca de inspiração
[mautic type="form" id="1"]

Cinco anos de pesquisa e conteúdo sobre a cultura dos festivais.

@ØCLB / Pulso 2020. Todos os direitos reservados