A edição de 2016 do Fauna Primavera em Santiago (Chile) foi realizada com algumas mudanças: mudou o nome (chamado Primavera Fauna até 2015, que está no Guia Pulso América Latina), pela primeira vez foi dividido em duas partes – Dia e Noite, similar ao Sónar Barcelona – e também deixou de ser realizado no Espacio Broadway, que sediava o evento desde sua inauguração em 2011, para acontecer no Espacio Centenário (Dia) e Espacio Riesco (Noite).
Embora o Espacio Centenário esteja um pouco distante do centro de Santiago (cerca de 18km), o acesso foi relativamente fácil de táxi ou ônibus e uma jornada entre os dois locais demorava cerca de 30 minutos, com pouco trânsito no deslocamento.
O festival, que teve um público estimado em cerca de 15.000 pessoas na edição diurna (um pouco menos que nas edições anteriores) primava por manter um aspecto intimista e até familiar – além de cadeiras de sol e ambientes de descanso de patrocinadores, a proximidade dos dois palcos principais, Heineken Stage e Adidas Originals – cerca de 5 minutos a pé – minimizava qualquer correria para não perder alguns dos shows. Um 3º palco, o Red Bull Music Academy, era destinado a música eletrônica e DJ sets. O horário de verão chileno, aliado com o sol próximo à serras da região de Vitacura também criou um cenário belo e agradável.
A estrutura de caixas, bares e alimentação estava bem organizada, com uma grande variedade de food trucks com preços razoáveis, sendo possível pagar diretamente nos caixas ou carregar a pulseira do festival com crédito. Uma das iniciativas sustentáveis do festival foi de cobrar pelo copo (um valor de 1000 pesos chilenos, cerca de R$5), incentivando a reutilização do mesmo – e durante boa parte do festival, eram poucos os copos plásticos que se viam jogados ou amassados no chão.
Entre as apresentações diurnas, pode-se destacar as apresentações da australiana Courtney Barnett, apresentando seu álbum de estréia e demonstrando sua energia rocker crua, Kurt Vile and The Violators com seu indie rock e influências folk, e do carismático Edward Sharpe com sua banda The Magnetic Zeros, que interagiu todo tempo com a platéia, improvisou um cover de Instant Karma, de John Lennon, e num momento especial chamou um jovem da platéia para cantar algumas músicas.
Os veteranos do Primal Scream subiram ao palco já ao pôr-do-sol, e foram um dos destaques do evento, agitando o público principalmente com clássicas do Screamadelica como “Movin’ On Up” e “Loaded”. Para fechar a edição “Dia”, a dupla francesa Air fez um belo show marcado pelos efeitos visuais.
Para a edição “Noite”, embora não houvesse transporte oficial, o acesso para o Espacio Riesco também era feito sem grandes problemas de transporte público ou táxis, cerca de 25 minutos.
Os grandes momentos ficaram com a apresentação da cantora electro pop Róisín Murphy e seus figurinos extravagantes, e com a veterana do eletrônico Ellen Allien fechando a noite.
De forma geral, o público parecia muito satisfeito com o festival, principalmente com a etapa “Dia” – embora muitos pareciam cansados ao final. Não houve qualquer problema maior de filas ou desorganização, com shows bastante pontuais e boa qualidade do som – pontos que podem indicar Chile e Argentina um pouco à frente em relação à nós na rota de festivais internacionais, ao menos os de médio porte.