Fincou a bandeira da diversidade de público e musicalidade
O Milkshake, na sua versão original, é uma soma de vários projetos da Holanda com line-up basicamente nacional com baixíssima, ou nenhuma, aderência com o que consumimos aqui.
Mas uma coisa era clara: esses projetos e artistas são os movimentos da cena holandesa. O desafio seria agregar os movimentos/artistas de São Paulo, estendendo-se para o Brasil, para traduzir a diversidade que existe por aqui.
O resultado foi um festival com mais de 40 atrações distribuídas em 4 palcos em 14 horas de festival seguido de after party.
Em tempos de monotonia na cena nacional, o Milkshake mostrou que a cena pode ser mais. Deve ser mais!
Nunca um evento conseguiu juntar cenas tão diferentes com tamanha qualidade e uma harmonia que deixou todos maravilhados com a proposta – que abriu oportunidades para interação de público e muito aprendizado com novas referências musicais.
Os palcos ficaram assim
Live Stage by Shout: palco dedicado às apresentações de cantoras, drags, DJs, e bandas. Destaque para Hercules & Love Affair, Pabllo Vittar, Karol Conká e Fernanda Lima como special guest. Sem dúvida o show mais requisitado foi de Pabllo Vittar.
SuperToys by Milkshake: palco holandês. Produções de figurino e performers maravilhosos! Junto aos principais nomes do crew holandês como Doppelgang, Joost Van Bellen, Remon Lacroix estavam os brasileirinhos da Tenda, Selvagem, NoPorn e o emblemático Mau Mau, que encerrou a pista. Além destes o londrino Larry Tee estava presente.
Afrika by Hell & Heaven: a cena circuito/tribal não poderia ficar de fora e o lançamento do novo tema Afrika da H&H World Tour precisou barrar a entrada das pessoas várias vezes por conta de lotação. A pista realmente bombou com os residentes do H&H Dream Team André Queiroz e Felipe Lira e outros convidados, como Erik Vilar.
Trio Elétrico Stage: os bloquinhos de carnaval voltaram para a semana da Parada! O galpão acomodou bem o trio elétrico onde passou Agrada Gregos, Minhoqueens, Domingo Ela Não Vai e Meu Santo é Pop. Rolou concurso de bate cabelo!
Electronic by Jerome (after party): Se achou que a cena underground ficou de fora está enganado. Foi muito bem representada por Márcio Vermelho + Ivana Wonder, Davis, Tessuto e outros convidados.
Para se ter ainda mais noção da diversidade musical: a apresentação que deu início ao festival foi o bloco Domingo Ela Não Vai, cheio de pop e vibe carnaval e a última, encerrando, foi o techno de Tessuto, da CapsLock.
Público e Experiências de Marca
O público foi bem variado e com MUITA montação. Das barbies às novinhas, das modernas às mais caretas, de tudo foi visto. Sem carão, sem mimimi e muita gente linda. Fato que seria difícil de imaginar isso acontecendo, mas super rolou.
Outro ponto interessante foi ver marcas mainstream com ativações escancaradas, como a Skol e Doritos.
É bom ver que boas propostas de evento estão conseguindo espaço com patrocinadores de grande porte (para os padrões da cena gay), mas o mercado ainda sofre grande resistência.
Aos poucos o caminho está se abrindo e essas grandes marcas que estão saindo do armário estão causando um impacto gigante com suas campanhas e ajudando a conscientizar nosso país sobre preconceitos.
Sem dúvida o festival conseguiu logo de cara criar engajamento – estima-se que 10 mil pessoas compareceram – e não pisou na bola em nada na operação do evento.
Tudo funcionou com conforto e segurança deixando a plena sensação de que a troca do local do autódromo para a Barra Funda foi uma decisão acertadíssima.
A cena ganhou e muito. Podemos dizer que foi um divisor de águas pela coragem, operação e harmonia, e também o conceito “For All Who Love” foi seguido à risca.
Que o Milkshake continue por longos anos, cada vez maior, mais forte e mais diversificado, pois São Paulo merece e é capaz.
Acompanhe o Facebook do festival. A versão original acontece em Amsterdam nos dias 29 e 30 de Julho.