Sempre quis conhecer o Electric Castle. Um dos destaques da categoria Festivais Instagrammers do Guia Pulso de Festivais, o evento acontece num castelo no coração da Transilvânia.
Admito que o lineup não era minha prioridade. Este é um daqueles festivais que vale conhecer pela viagem. E que viagem, amigxs!
Primeiro foi o desafio de chegar em Cluj-Napoca, cidade onde a maioria das pessoas fica hospedada para ir ao festival (a outra parte fica acampada no próprio local).
Como foi nossa primeira vez na Romênia, decidimos subir de Bucareste (a capital, ao sul) para Cluj-Napoca (norte) aos poucos. Primeiro, uma van até Brașov (3 horas de duração), cidade que é o ponto de partida para a “tour dos 3 castelos”, entre eles o Bran Castle, também conhecido como “o castelo do Drácula”.
Depois, um trem para Sighișoara (2 horas e meia desconfortáveis – evite os trens na Romênia!), uma das únicas cidades medievais da Europa onde as pessoas ainda vivem nas mesmas casas de séculos passados. Por fim, tomamos a van até Cluj-Napoca (+ 3 horas).
Primeira dica deste post: Cluj-Napoca tem um aeroporto, então… se você não quiser chegar semi-morto lá, sugiro deixar este roteiro para depois do festival.
Electric Castle é quase um Coachella da Romênia
Esqueçam todos os estereótipos de vampiros e histórias de terror sobre a Romênia. Lá em Sighișoara e em Brașov, você até pode se sentir num filme do Drácula. Mas Cluj-Napoca é uma cidade jovem, moderna, com cafés e restaurantes hispsters e uma vibe de cidade universitária.
Em Cluj rolam festivais de cerveja, de maconha, de cinema, jazz e os dois maiores de música do país, o Untold – o Tomorrowland da Romênia – e o Electric Castle.
E por que Coachella?
Primeiro, pela preocupação estética do festival. Dá uma olhada no instagram deles.
O tratamento de design e a comunicação do festival foi a nossa primeira impressão positiva. É um evento que tem muito cuidado com a sua imagem. Das redes sociais ao guia que você recebe quando entra. Do tom de voz dos textos à qualidade das fotos no app. Esteticamente é um dos festivais mais bonitos que já estivemos.
O lugar do festival segue o padrão. É um gigantesco campo aberto, cercado de árvores (onde a produção do festival cria caminhos, pistas escondidas e áreas de chill out), com um castelo integrado ao festival. Dentro do castelo é possível assistir talks, performances artísticas e instalações de arte digital.
O EC capricha nas experiências para além da música.
Desde cabines telefônicas onde você pode “bater um papo com Deus”, a brinquedos de parque de diversão, quadras de vôlei de praia (com areia!), karaokês, ativações de marcas dos patrocinadores, etc.
Ou seja, tudo para que você saia de lá com o Instagram renovado com fotos para publicar até o fim do ano. E a galera faz isso mesmo. Pode não ter as celebridades do Coachella, mas é um festival que o público capricha no look e aproveita a “hora da luz mágica” para produzir ensaios fotográficos.
Cuidados para quem for se aventurar
Como tudo na Romênia, chegar no local do festival, pode ser uma experiência complicada. Como o Coachella, o EC disponibiliza um ônibus que sai de alguns pontos da cidade em direção ao festival.
No primeiro dia (sexta), chegamos no ponto de ônibus por volta das 17:00 e levamos 1h30 para chegar no festival em função do trânsito. No segundo, sábado, chegamos um pouco mais cedo e ficamos 1h30 na fila SÓ pra pegar o ônibus (e mais 1 hora e pouca pra chegar).
Depois de estarmos no meio da fila, descobrimos que eles tem dois preços. Um de 12 Lei (moeda local, que equivale a 12 reais) e outro de 25 Lei. Quem paga 25, “fura a fila”. Isso é uma tática (bem escrota) para forçar as pessoas a pagarem mais caro (ou chegarem bem mais cedo, o que é bem complicado por conta do sol de 35º C que faz no lugar até o cair a noite por volta das 20:30).
Ou seja, locomover-se na Romênia é um exercício de paciência.
Não sou do camping, mas pode valer mais a pena pra quem curte. O festival oferece TODA infraestrutura pra galera ficar lá. De supermercados e várias opções de comida dentro e fora do camping à máquinas de lavar roupas.
Outro cuidado: leve botas, galochas e capa de chuva. Nos últimos 5 anos, choveu no festival. E o local vira um grande lamaçal. Felizmente, demos sorte neste ano. Não choveu nenhum dos dias que estivemos lá.
Saldo final
O EC é lindo. Ponto. Da comunicação ao local, das pistas alternativas ao palco principal, é um festival que você só imaginaria em filme.
Sua experiência gastronômica também é ótima. Rola vinho, espumante, cervas artesanais (beer garden com IPA!) e comida para todos os gostos, da japonesa à indiana, do burgão ao vegano.
Os serviços funcionaram bem. As filas são relativamente pequenas e o sistema cashless é rápido e eficiente.
As marcas patrocinadoras capricharam nas ativações e nenhuma delas é ostensiva. Muitos stand abertos, ideias geniais (como a casa dentro do festival da Mastercad) e tudo feito de forma a agregar à experiência do EC.
Porém, na parte musical, o festival deixou a desejar. Não assisti nada surpreendente e praticamente nada chamou atenção. O tom predominante é a música eletrônica (drum ’n bass e minimal tech-house). Também foi o festival que vi o maior número de vezes DJs “sambando” nas mixagens.
Voltaria? Claro que sim! Até a próxima, EC.