Nos dias 1 e 2 de setembro os deuses coaláticos fizeram sua aparição anual e nos presentearam com uma experiência de arte, música brasileira de excelência e uma vibe de muito amor. Assim foi o Coala Festival 2018.
O festival que chega a sua 5ª edição, novamente ocupando a Praça Cívica do Memorial da América Latina, em São Paulo, mostrou que pode equilibrar perfeitamente o seu crescimento e amadurecimento sem perder sua identidade e o contato com seu público.
Nesse ano, o Coala veio cheio de novidades e, talvez, a maior delas seja o fato de pela primeira vez o festival ser realizado em dois dias, assim dobrando o número de shows.
As surpresas começaram bem antes do festival, já na divulgação do lineup, feita numa playlist no Spotify. E que lineup! Os curadores do evento conseguiram mais uma vez dosar artistas consagrados da música brasileira com aqueles que estão no expoente da cena contemporânea. Foram 12 shows, com nomes como Francisco El Hombre, Xenia França, Johnny Hooker, Mano Brown e, respectivamente encerrando cada dia, os mestres Gilberto Gil e Milton Nascimento, este último com a participação do Criolo. E não podemos deixar de enaltecer a performance de Elza Soares, na apresentação de Ilú Obá de Min com Juçara Marçal.
Todos esses shows eram intercalados por um lineup de DJs, que se apresentaram numa inovação que o festival trouxe: um dj booth articulado, que se levantava e virava um palco dentro do palco. High tech!
Outro ponto memorável do Coala é seu exuberante palco! Assinado pelo Studio Curva, a cenografia é repleta de folhagens tropicais, girassóis e muito verde em equilíbrio com telões e painéis de LED, que vistos à distância formavam a fórmula química da oxicitocina – conhecida como o hormônio do amor, que pode ajudar na manutenção de relacionamentos amorosos e, segundo alguns estudos ainda sugerem, promove a fidelidade entre os seres humanos. Sacada genial.
Mesmo espaço, novo layout
O layout do evento foi redesenhado criando novos espaços e acomodando melhor seus elementos. O espaço para as ativações de marcas, áreas de descanso/alimentação e banheiros foram alinhados de maneira que permitiu uma melhor fluidez do público. Mas o principal destaque aqui vai para a charmosa praça de alimentação: com mesas dispostas embaixo de árvores, num bosque onde era possível fazer uma boa pausa para recarregar as energias. Anexo à esse espaço estava a Feira Jabuticaba, com empreendedores de marcas iniciantes e inovadoras. Todo esse lado do festival estava muito charmoso!
Ainda sobre o layout do evento, é preciso dizer que o Coala precisa de alguns ajustes para se tornar um festival devidamente acessível. Ele conta com uma entrada exclusiva para PCD – pessoas com deficiência – e o fato da Praça Cívica ser um espaço linear e plano já ajuda muito, mas tudo isso pode (e deve) ser melhorado. Como por exemplo, a sinalização dos elementos de acessibilidade e especialmente a delimitação de uma área reservada para PCD próximo ao palco. Por mais que seja permitida a permanência desse público no espaço entre palco e pista, gargalo não é área reservada.
As opções na área de alimentação eram as mais diversas, agradando inclusive o público vegano. Também era possível escolher a cerveja, em duas opções, o que não é muito comum em festivais. E para tudo isso, o pagamento nos caixas entrou na onda dos cartões cahsless. Ah! E a água foi distribuída de graça pra galera até o pôr do sol! Muito na vanguarda esse Coala!
Esse ano o festival estava um deleite para os olhos, instalações pra instagramer nenhum botar defeito! Foram 3 instalações de arte visual, além das que já são da Praça Cívica, uma parede de lambe-lambe e uma Kombi fazendo projeções na parede do Memorial. Tudo numa simbiose ímpar entre o tecnológico e o natural.
Para finalizar, vale ressaltar a importância da classificação etária desse festival: não tem! Ele não é proibido para menores e a entrada de jovens com menos de 16 anos é permitida acompanhados de responsáveis. Durante o festival vimos até crianças por lá. E isso é ótimo!
É imensurável o poder que a música tem de levar cultura para as novas gerações. Ver a galera de 16, 17 vibrando com Gil, Milton e Elza, junto com a família e amigos é maravilhoso. Essa herança cultural segue sendo transmitida aos novos “corações de estudantes”. E o inverso também acontece, com um adolescente apresentando Johnny Hooker ou Criolo para seus pais.
É só abrir os olhos pra ver! O festival mostra o quanto temos pra ser admirado aqui!
Resistência, consciência e até uma pitada de ciência
O Coala Festival mais uma vez nos mostrou sua brasilidade. Na verdade, o festival mostra a nossa brasilidade, e faz questão de despertar esse sentimento no público, de um jeito especial que mistura um grande empoderamento e uma leveza descontraída.
É uma ode à MPB! E que já esperamos para conferir novamente no ano que vem.