Finalizando maio e abrindo a temporada de festivais no verão europeu, o catalão Primavera Sound novamente fez jus ao status que ocupa no hall dos maiores festivais de música da história. Com a campanha macro #TheNewNormal abraçando a 19ª edição e um lineup majoritariamente feminino – que navegou com louvor na miscelânea de estilos que está no DNA do festival, o Primavera Sound se tornou o festival mais diversificado deste ano.
Marcamos presença em toda a temporada do Primavera Sound Barcelona (além dos três dias fechados, o PS realiza apresentações por toda a cidade, antes e depois das suas datas oficiais) e agora vamos destrinchar cada detalhe desse festival inesquecível.
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Afinal, como funciona o Primavera Sound?
O festival catalão nasceu e cresceu em Barcelona, litoral da Espanha, uma das cidades mais interessantes do mundo. Com o turismo sempre em alta por aqui, a cidade parece pensar em facilitar a sua vida durante a sua estadia. O metrô corta a cidade toda, tem bons horários e pode ser o seu principal meio de transporte. Além dele, os ônibus funcionam 24 horas. Come-se (muito) bem e com preço acessível. Além disso, a cidade oferece diversas opções de lazer, muitas histórias pra contar e os espanhóis mais hospitaleiros do país. Você vai amar, Barcelona. Não tenha dúvidas.
É fácil chegar no Primavera Sound?
É MUITO! O festival acontece no belo complexo do Parc Del Fórum, região costeira da cidade, coladinho com o mar e um pouco longe do Centro. O metrô deixa praticamente na porta e é 24 horas nos finais de semana. Como o festival abre na quinta-feira e o metrô fecha 00h, você tem a opção de esperar por um ônibus (sempre uma fila imensa e de madrugada com menos linhas), pegar um táxi (outra fila grande e desnecessária. E vai sair caro. Não tem motoristas de aplicativos na cidade), ir e voltar de bike (vi algumas pessoas que fizeram isso, mas sinceramente, é roubada. Você vai estar cansado, talvez tenha bebido e o frio desanima qualquer um) ou esperar o metrô abrir 5h – essa é a melhor opção, aproveite o festival até o fim – ele termina 6h.
É tranquilo andar pelo Primavera?
Na verdade, não. Se você já está acostumado a andar longas distâncias nos festivais Lollapalooza Brasil ou Rock in Rio, não vai estranhar o mapa do festival, mas é muito chão sim. O festival foi dividido em áreas. Por exemplo: o BITS concentrava a parte eletrônica do Primavera Sound 2019 e ficava afastado da área central. Para chegar nele, precisava sair de Barcelona (!!!) atravessando uma ponte andando. Para andar de uma ponta à outra, levava cerca de 25 minutos. Isso não chega a ser um problema, mas dá uma cansadinha marota.
Experiências gastronômicas no Primavera Sound 2019
É tranquilo comer no Primavera? Muito! A parte gastronômica do festival é um luxo. Muitas opções de comida, preços variados e filas acessíveis. O Primavera Sound é um festival global, com a presença de frequentadores do mundo inteiro. Havia um grande espaço gourmet com a cozinha de várias nacionalidades. Além disso, no decorrer do espaço do festival, você encontrava pólos gastronômicos distribuídos com food trucks. Cada um com o seu tema e especialidade. Bacaníssimo. Não se passa fome e você consegue comer barato (se for o caso) no festival.
E beber?
Foi menos tranquilo do que eu esperava. A falta do sistema cashless e a pouca quantidade de pessoas nas tendas de bebida resultaram em filas grandes e demoradas. O pagamento, em cash ou crédito, atrasou todo o serviço. Os preços foram justos e tinha muita opção, mas o serviço deixou a desejar.
Importante ressaltar que os atendentes eram ótimos, ágeis e faziam por onde. O sistema que foi falho. Uma curiosidade dos bares: o staff era formado por portugueses, em um crossover incrível com o NOS Primavera Sound 2019 – o irmão mais novo do festival catalão que acontece em Porto.
Ponto alto para os disputadíssimos bebedouros espalhados pelo gramado. Água 0800 em festivais deveria ser obrigatório e o PS deu um show de sensatez.
E quem frequenta o Primavera?
O público atende a diversidade que o festival propõe. É um encontro de gerações, em que os gêneros não importam. O que importa é você se sentir a vontade, ser quem você quiser ser. Com a campanha interna #NobodyIsNormal em ação e alinhada com todo um suporte oferecido pela organização, vimos uma galera estilosa, muita montação e um público bem diferente. Tinha da adolescente turista festivaleira até o pai que levou o seu baby de fones de ouvido (proteção) para curtir a vibe. E que vibe! O público é uma das melhores coisas do Primavera Sound. Não tem brigas, agressões, empurra empurra. Todo mundo respeita o seu espaço e reconhece limites. Afinal, queremos todos viver uma experiência única e inesquecível, certo?
E as ativações?
Muitas marcas realizaram ativações no Primavera Sound 2019, mas elas ajudam a compor o festival e não são agressivas na busca por atenção. Marcas como Pull & Bear, Heineken e Adidas montaram estruturas que casavam com toda a infra proposta. De lojas montadas exclusivamente para o festival até um espaço para carregar o celular / conectar o free wi-fi, várias pequenas atrações preenchiam a gigantesca área do PS. Marcas menores fizeram games interativos em que você podia ganhar comidas, tickets, transporte entre os palcos e até o passaporte para a edição 2020. Foi bacana!
É um festival sustentável?
Qualquer festival que se preze hoje deve cuidar do seu papel na parte de sustentabilidade. E nesse quesito, percebi que o PS está à frente de muitos outros. A parte didática, já passou. Logo na entrada temos um mural gigantesco com as ações sustentáveis presentes no festival. O game de juntar copos evitou um mar de lixo. E a galera estava engajada. Tinha lixo no chão sim, mas era uma preocupação real de geral em fazer o seu melhor. Trabalharia melhor o descarte de guimbas de cigarro – ouvi pessoas reclamando que tinham poucos depósitos disso no ambiente.
A ideia da coleção de copos foi legal, mas o tiro saiu pela culatra pois a maioria das pessoas não pegou o copo “coringa” (funcionava assim: você recolhia um copo de cada ano do PS, no total de 20 e trocava por um passaporte completo para 2020) e descartou aquele monte de plástico resistente nos lixos. Mas para as próximas edições, vamos tentar diminuir essa quantidade de plásticos? Canudos já não se fazem mais necessários, por exemplo.
E como foram os shows?
O Primavera Sound é um dos festivais mais plurais do mundo. Por lá você encontra nomes que estão no hype, nomes que já foram do hype e promessas de hype. Nesta décima nona edição, por exemplo, o festival optou por um lineup majoritariamente feminino, com artistas de diversos estilos distribuídos nos vários palcos espalhados pelo festival. Erykah Badu e Solange brilharam e ganharam o festival. James Blake e Tame Impala fizeram shows incríveis. o Jungle fez o melhor bailão. Sons of Kemet e CHAI roubaram a cena. Princess Nokia tombou. Nina Kraviz acelerou os cansados motores (4am, 11 graus) e a Rosalía cantou em casa para um mar de gente.
Mas isso é um resumo muito breve e desleal. Afinal, são centenas de artistas espalhados em seis dias de festival. Aliás, fora dos dias oficiais, assistimos a performances maravilhosas de artistas como Linn da Quebrada, Fucked Up e Cupcakke nos palcos extras espalhados pela cidade. Fueda!
Enfim, o que esperar do Primavera Sound?
O PS é um festival gigantesco em que tudo funciona, onde você pode ser quem você quiser (contanto que respeite tudo e todxs) e vai se divertir com certeza. Não importa se você é indie, do rock, do jazz, do punk, do reggaeton ou do eletrônico. Em alguma hora você vai vibrar e dançar com a galera. Por lá se come bem, se bebe bem, a infra é pensada no consumidor e a segurança impera. Sem problemas para chegar ou sair, mas tem que ter organização – como tudo na vida. É um dos melhores festivais do mundo e faz por onde. Se você é um apaixonado por festivais de música como a gente, planeje conhecer o Primavera Sound. Sem arrependimentos. Até 2020!