O Boom da Música Eletrônica nos Festivais


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Não vamos falar pra você esquecer o rock e nem vamos ditar a nova tendência musical do momento, mas podemos confirmar que quem está nos holofotes dos grandes festivais hoje é, sim, a música eletrônica.

É verdade que, desde lá atrás, os festivais  sempre dedicaram um espaço (mesmo que pequeno) para o gênero. Mas hoje podemos ver que a e-music ou EDM (electronic dance music) está ganhando cada vez mais espaço e figurando nos palcos principais e horários de destaque nos festivais, além de vermos os maiores DJs da cena mundial como headliners, dividindo o palco com bandas de rock e pop.

Isso está acontecendo porque a música eletrônica hoje em dia reúne públicos tão grandes como de qualquer artista de outro gênero e cada vez mais ela está ligada à arte e ao estilo de vida de muitas pessoas.

Duvida? Confira aqui o infográfico (sensacional) do Google “Have You Heard Of EDM? que mostra o crescimento da EDM em 2014. E, abaixo, uma pesquisa do Anuário 2015 do Rio Music Conference com dados de desenvolvimento do mercado referente ao público, arrecadação financeira, cachês das atrações e patrocínios.

RMC DADOS EDM

Dados: RMC, 2015. Para visualizar melhor, clique aqui.

ROCK IN RIO, O 1º FESTIVAL A POR UM DJ NO PALCO PRINCIPAL

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David Guetta no palco do Rock in Rio

No Brasil, um dos marcos desse boom foi a apresentação do DJ David Guetta no palco principal do Rock in Rio junto a nomes como Beyonce e Ivete Sangalo. Além de ter o mesmo peso ou até maior do que alguns artistas escalados, é interessante vermos um evento desse porte dar destaque a um DJ ao invés de incluir alguma outra banda famosa, valorizando cada vez mais o segmento e o trabalho destes profissionais. E assim as tendas do gênero que antes ficavam escondidas em algum canto no meio do festival começaram a ganhar força e notoriedade.

Citando o Rock in Rio, lembrem que na edição de 2001, a produção inovou investindo em nomes como Westbam, ATB e Ferry Corsten, até então “alternativos” e desconhecidos do grande público, pois o electro e o trance eram estilos consumidos por um nicho muito, mas muito pequeno de mercado na época. Com o passar dos anos esse cenário cresceu e em 2011 e 2013, o festival convidou Above & Beyond, Danny Tenaglia, Otto Knows, Loco Dice, Masters At Work e Tiga, além da festa Body & Soul do club Cielo de Nova York. Os maiores nomes da cena nacional tiveram o mesmo destaque que os gringos no evento, como Gui Boratto, Boss In Drama, Felguk, Marky, The Twelves, Anderson Noise, Mary Olivetti, Rodrigo Vieira e Memê.

Um dos fatores que impulsionam esse investimento do Rock in Rio na e-music foi a holding SFX Entertainment ter adquirido 50% do festival. O grupo detém os direitos dos maiores festivais do segmento no planeta, além de ter negócios e participações em outros ramos como o site de venda de músicas Beatport e a agência de DJs brasileira Plus Talent. Em números, vemos a economia criativa faturar milhões a cada novo ano.

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Calvin Harris se apresentando no Lollapalooza em SP

FESTIVAIS INTERNACIONAIS REFORÇAM A FORÇA DA EDM

Esse ano, o Lollapalooza Brasil trouxe 4 nomes de peso do segmento também: Skrillex, Major Lazer, Steve Aoki e Calvin Harris, esse com 14 produções próprias estouradas como “Summer”, “Outside”, “We Found Love”, “Flashback” e “Blame”.

Podemos afirmar que a música pop também ajudou muito na ascensão da e-music, pois Calvin há algum tempo começou a fazer parcerias com artistas populares, sendo Guetta um dos principais responsáveis pela ampla divulgação da música eletrônica para as massas. Isso elevou a house dance music a um degrau que nem sempre ela chegava, com singles disputando os principais charts de música com artistas de outros gêneros (quem duvida, só lembrar do Daft Punk ganhando cinco Grammy ano passado, entre eles melhor single e álbum).

O lançamento do Tomorrowland no país confirma também esse boom mundial. Em apenas 2 horas, todos os ingressos estavam esgotados e um comercial do evento está sendo veiculado em horário nobre na TV Globo.

Outro grande motivo para os DJs estarem nesses eventos é o custo, pois mesmo com os altos cachês, seus riders complexos e toda aquela piração cenográfica de luz, imagem e efeitos especiais, sai muito mais em conta contratá-los do que uma banda inteira, já que os dois podem ter a mesma importância artística no palco.

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Line-up do Glastonbury 2015, que acontecerá na Inglaterra em junho.

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O cartaz com o line-up do Coachella, onde as atrações de e-music mostram tanta importância quanto as dos outros estilos

Fora do Brasil, temos o Coachella que começou a dar grande destaque esse ano para a música eletrônica, (leiam aqui a matéria do Thump sobre o assunto). Passaram por lá desde nomes da EDM como Axwell & Ingrosso, Dirty South e Alesso até outros menos conhecidos como Flosstradamus, Gorgon City e Treasure Fingers. Já o Glastonbury trará Chemical Brothers, Deadmau5, Hot Chip, Caribou e Todd Terje em seu line-up. O NOS Alive em Lisboa terá Disclosure, Prodigy, Chromeo, Erol Alkan e Aeroplane. O Rock in Rio Vegas investirá também na tenda eletrônica, levando os brasileiros Alok, Ftampa e Renato Ratier, além de Behrouz, Uner e AN21.

E A EDM INVADE A TV E O CINEMA

Outro exemplo do crescimento da música eletrônica é do seriado The Walking Dead (que tem o espaço comercial mais caro da TV fechada americana, atrás do Superbowl), onde numa das cenas do penúltimo episódio da última temporada o personagem do ator Norman Reedus liga o rádio tocando uma faixa de progressive house nas alturas para atrair os zumbis.

Na série Modern Family, duas irmãs da família se jogam num festival nos moldes do Coachella que toca EDM. Já o filme Project X mostra adolescentes que dão uma festa em casa quando os pais viajam e o DJ toca faixas de Steve Aoki, Salt’N’Pepa e A-Trak. Antigamente era difícil vermos um estilo sem ser a música pop chegar com tanta força na TV e nas telonas como a dance music está chegando.

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