Conferimos mais uma edição do Lollapalooza Brasil e depois de nos recuperarmos dos três dias de festival com ingressos esgotados, somando 300 mil pessoas, é hora de fazer aquele balanço geral do evento.
Em sua sétima edição no Brasil e quinta no Autódromo de Interlagos, o Lolla já teve tempo o suficiente para conhecer seu público por aqui, ver o que funciona ou não em seu espaço, e oferecer mais experiências de acertos que erros. Será?
Confira as impressões da equipe do Pulso e comentem também o que você achou do Lollapalooza Brasil 2018!
Ana Luiza Cavalcanti
A sétima edição do Lollapalooza Brasil fez jus ao slogan de “maior edição de todos os tempos”. Foram três dias de muita experiência e diversidade musical, com alguns pontos que deixaram a desejar como o palco de música eletrônica com um estilo mais voltado para o Trap e Dub Step, mas com uma pitada de Hip Hop e muita autenticidade no show do Mac Miller, por exemplo. Algumas atrações podemos dizer que foram incríveis como a multi instrumentista australiana Tash Sultana, que fez um showzasso no palco Axe no sábado, num calor de 30º graus, mas que valeu chegar cedo e apreciar seus solos de guitarra.
No mesmo dia foi a vez de Imagine Dragons me deixar vidrada do início ao fim do show no palco Onix e perder propositalmente a queridinha da noite, que era a banda Pearl Jam. No domingo fiquei horas estudando como eu faria para chegar mais próximo possível do The Killers ,e eis que consegui assistir o show da grade e delirar a cada música da banda americana que desde 2013 não se apresentavam no Brasil.
Fernando Massuyama
Depois de uma expansão agressiva e pouco estruturada em 2017, o Lolla voltou ao Autódromo de Interlagos este ano prometendo sua maior edição de todos os tempos. Com alguns ajustes, principalmente na disposição dos palcos e estrutura de bebidas e alimentação, a edição foi marcada muito mais pelos acertos que pelos deslizes.
Com um lineup tradicionalmente cheio de grandes nomes do Rock e Indie, alguns dos grandes momentos foram retornos recheados de expectativa, como Imagine Dragons e Lana Del Rey (que lotou o palco Onix com um dos públicos mais animados do festival); nomes estreantes (ou quase) tal qual The Neighborhood e Aurora (escalada de última hora, mas também com uma fiel base de fãs), ou de veteranos já estabelecidos como Pearl Jam e Liam Gallagher (que apesar dos problemas com a voz, ainda achou um tempo para subir ao palco e cantar “Gas Panic” com o The Killers).
Assim como a longa queima de fogos ao final do encerramento indica, o Lolla parece ter consolidado seu espaço entre os festivais de música no Brasil e devemos ter mais edições similares (e também de 3 dias) nos próximos anos.
Franklin Costa
O Lollapalooza Brasil 2018 conseguiu minimizar alguns dos graves problemas deprodução do último ano, afirmando-se como o segundo maior festival do Brasil (ainda atrás do Rock in Rio). Embora as filas e serviços continuem longas, algo esperado em um evento para 100 mil pessoas, as pessoas não mais precisavam esperar horas na fila para pegar uma cerveja quente (a troca da Skol pela Bud foi mais que bem-vinda).
No quesito musical, o destaque foi o Hip Hop e suas vertentes. A fusão com o R&B e Funky do Anderson Paak. & The Nationals (meu show favorito), o gospel sofisticado do Chance The Rapper, a disco music e bailão soul do Mano Brown no projeto Boogie Nights e o tamborzão, afrobeats e versos afiados do Rincon Sapiência. Foi uma pena o que aconteceu com a Liniker. Torcemos para que volte ano que vem.
Sobre as experiências de marcas, nenhuma se destacou, mas chamou bastante atenção o dia extra criado pela Chevrolet Ônix a o seu stand, que mais parecia um palco à distancia de tão iluminado. Outra marca que comeu pelas beiradas foi a Rappi, que distribuiu fora dos portões do Autódromo bonés laranja fluorescentes com a logo deles (um bigode). Estes bonés estavam onipresentes no evento. Pontasso para a startup!
Pedro Américo
O Lollapalooza Brasil cresceu em vários aspectos e se tornou enorme, mas as suas ações para o acesso das PCDs (Pessoas com deficiência) continuam sendo como de um festival de porte mediano. A acessibilidade está no limite de sua funcionalidade e já está na hora de se pensar num plano de ações acessíveis mais abrangentes para o próximo ano. Alguns ajustes simples no que já é feito aliado à criação de estruturas como rotas alternativas e um centro de apoio ao PCD elevariam o Lolla a outro patamar.
Em 2018, o reposicionamento dos palcos fez o deslocamento e acesso para PCD ficar um tanto mais trabalhoso em alguns pontos. O Palco Axe ficou distante e sua área reservada praticamente inacessível: de um lado o solo muito irregular e de outro o grande público sempre presente na área do Palco Onix, bloqueavam a passagem. Também, o curto tempo ente os shows desses dois palcos, impossibilitava que o público desafogasse para aqueles lados do festival.
Chegou a hora de repensar as rotas para PCD nas próximas edições a fim de garantir que todos possam estar em sintonia com a música!
Soraia Alves
O Lolla 2018 foi a segunda melhor edição do festival, ficando atrás ainda da imbatível edição de 2013 no Jockey Club de São Paulo. A estrutura está bem melhor, com palcos secundários funcionado mais de acordo, ativações espalhadas por todos os cantos e, principalmente, sem grandes problemas para utilizar os serviços básicos do evento – comidas, bebidas e banheiros.
O lineup para todos os gostos desse ano resultou em um público também abrangente. Sempre tem os posers, claro, mas também teve famílias inteiras conferindo o Red Hot Chili Peppers, pessoal mais maduro e muitos casais no Pearl Jam, galera indie-jovem-não-tão-jovem felicíssima no The Killers, fãs fiéis ao Pop (queria estar morta) da Lana Del Rey, pessoal fritando no Eletrônico, muita gente prestigiando os artistas nacionais que, infelizmente, ainda são 90% escalados em horários ingratos e os eternos fãs de Oasis – que ganharam um dos melhores shows que Liam Gallagher poderia entregar.
As ativações mais legais estavam restritas ao Lolla Lounge, com destaque para a Tatuaria e seu time de tatuadores e o Pitico, bar hype de São Paulo que ganhou uma instalação idêntica ao seu ambiente fora do festival. Mesmo assim, a Budweiser se destacou em tudo: como cerveja oficial e com os pontos que imitavam vagões de metrô dos anos 9o que ficaram lindos e superbem equipados.
No coração, guardarei o impecável show do Chance The Rapper, a energia sem igual do Royal Blood, a bad moribunda do The National e a trinca Pearl Jam, Liam Gallagher, The Killers.
Carol Soares
É muito legal acompanhar a evolução de um festival como o Lolla. Mais do que inventar coisas novas todos os anos, o festival vem encontrando uma fórmula de se manter rentável ~ e consistente em um mercado como o brasileiro. Quantos nomes de festivais gringos vimos chegando e saindo do Brasil nos últimos anos? O Lolla continua ai, cresceu, corrigiu vários problemas de serviço da última edição. Mais do que um festival de rock, de indie ou de eletrônica, um festival desse porte só sobrevive se investir em opções. De música, de cerveja, de comidas, do que fazer. Me chamou atenção a dificuldade maior em definir um perfil de público dominante, como víamos claramente em anos atrás.
Tem toda a mudança de posicionamento musical, que vemos observando ao longo dos últimos anos. Acho que esse ano conseguiram equilibrar grandes nomes bem tradicionais de headliners de grandes festivais, mas quem procurou abaixo da segunda linha do line up presenciou shows incríveis como Chance the Rapper, Anderson Paak and the Nationals e Metronomy. E o bailão do Mano Brown!