Quem se lembra do Fyre Festival? O festival vendido como de alto padrão e que aconteceria em uma ilha paradisíaca nas Bahamas, em 2017, mas que não entregou nada do proposto, inclusive, nenhum show.
Essa história bizarra – e todos os seus desdobramentos nada legais – é o tema do documentário “Fyre: O Grande Evento que Nunca Aconteceu”, lançado pela Netflix há poucos dias e que chamou atenção pela grande repercussão que alcançou em poucos dias.
O Fyre Festival
Em 2017, o Fyre Festival surgiu como um evento para a mais pura elite mundial. O festival aconteceria durante dois finais de semana, em abril e maio, numa ilha paradisíaca nas Bahamas. Entre as celebridades que fizeram propaganda do evento nomes como Kendall Jenner, Bella Hadid e Alessandra Ambrósio, e o lineup prometia atrações como Major Lazer e Blink-182.
Os pacotes para participar do festival custavam até US$ 100 mil, e contemplavam o evento, acomodações de luxo e “as melhores experiências” envolvendo arte, música, gastronomia e aventuras pela ilha caribenha.
A realidade, porém, foi outra. Os participantes que pagaram esses valores bem altos encontraram no local do festival um verdadeiro canteiro de obras, com apenas tendas de acampamento e sanduíches com queijo, alface e tomate para alimentação. As malas foram jogadas em um estacionamento sem iluminação.
O caos foi transmitido em tempo real pelas redes sociais de alguns influencers que foram até o local à espera de um mega festival.
As explicações nunca convenceram os lesados e, nas redes sociais, o Fyre se tornou uma grande piada e fábrica de memes.
Em 2018, o co-fundador do festival, Billy McFarland, foi condenado a seis anos de prisão por acusações de fraude. Além de McFarland, o rapper Ja Rule, também chegou a ser apresentado como co-organizador do evento. Mas seus advogados argumentaram que McFarland usou o nome e as conexões do artista para promover o festival de forma ilegal. Com isso, Ja Rule foi tido como não envolvido com a história toda.
O documentário da Netflix
O documentário “Fyre: O Grande Evento que Nunca Aconteceu”, co-produzido por Jerry Media e Matte Projects, e dirigido por Chris Smith, foca no planejamento desastroso do festival e mostra como os efeitos do evento continuam reverberando, principalmente para os profissionais e parte da comunidade local que se envolveu com o projeto.
Ao longo do doc, Chris ressalta que ninguém desconfiou de nada, justamente porque o evento se vendia como de alto padrão. E ninguém desconfia do que é vendido a altos preços, não é mesmo?
Mas, era só olhar um pouco melhor para o planejamento que os problemas seriam visíveis, como por exemplo o tempo para produzir tudo: “Os organizadores tiveram de seis a oito semanas para realizar algo que deveria ter levado quase um ano”, diz o diretor.
Uma das profissionais mais afetadas foi Maryann Rolle, dona de um restaurante local que desembolsou US$ 50 mil do próprio bolso para fornecer alimentação exigida pelo festival. No fim, ela ficou com essa dívida, já que nunca recebeu nada do Fyre.
A história de Maryann comoveu tanto quem assistiu ao documentário, que uma “vaquinha online” foi feita para ajudá-la a quitar a dívida.
A ideia o documentário é mesmo que o dinheiro arrecadado com sua divulgação ajude as pessoas afetadas que ainda estão tentando reconstruir suas vidas.