Fuji Rock: o Festival de Música no Auge do Verão Japonês – Parte 2


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Ontem contei aqui no Pulso como se programar e quais foram minhas primeiras impressões no Fuji Rock.

Depois da primeira noite no camping, fomos ver as condições do “perrengue master” de todos os festivais: o banho. A primeira impressão foi boa: a fila não era quilométrica, parecia tudo organizado. Os banhos oficiais são de água fria (o que não chega a ser um problema no calor de 40º constante nessa época do ano), mas uma placa anunciava banhos no spa do Naeba Prince Hotel, ao lado do camping. Fomos lá conferir e valeu a pena. É só chegar com sua toalha e pronto: tem shampoo, condicionador, sabonete líquido, água quente e até um ofurô. Só tem um detalhe: você não pode entrar no spa se tiver qualquer tatuagem. Sério? Sério. O trauma da violência da Yakuza é muito maior do que a gente imagina ou ouve falar aqui pelo ocidente. Como uma das marcas registradas dos membros da máfia japonesa são as tatuagens, as casas de banho de todo o Japão proíbem pessoas com qualquer tipo de tatuagem de utilizar os banhos públicos. Parece que é possível você reservar uma sala banho privativa se tiver em um grupo de pessoas, mas na área pública das casas de banho não é permitido.

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A caminho do spa do Naeba Prince Hotel – foto Rodrigo Esper / I Hate Flash

Reciclagem, cadeirinhas e capas de chuva

Banho aprovado, café da manhã tomado, partiu festival. Logo na entrada a organização distribui sacos plásticos e porta-bituca pra que você carregue seu lixo com você e não fique deixando “rastros” pelo caminho. A questão do lixo e reciclagem é coisa séria no Japão. Pra você ter uma idéia, minha garrafinha de água mineral precisava ir em 3 lixos diferentes: um pra tampa, outro pro rótulo e o terceiro pra embalagem em si.

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Praças de alimentação – foto Rodrigo Esper / I Hate Flash

Os 7 palcos principais (e mais uma porção de instalações menores) se espalham pela estação de esqui. Se prepare pra andar um bocado porque os palcos são afastados. A vantagem é que não existe absolutamente nenhum vazamento de som entre palcos – por sinal, a qualidade do som é impecável em todos eles. Áreas de descanso, praças de alimentação e instalações artísticas povoam os caminhos que ligam um palco a outro. E invariavelmente, em algum momento, você vai ceder a tentação de entrar no riozinho que corta o festival de roupa e tudo pra dar uma amenizada no calor.

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Despistando o calor de 40º – foto Rodrigo Esper / I Hate Flash

Outra coisa que eu não tinha visto em outros festivais: as cadeirinhas. Aparentemente todo mundo no festival carrega uma cadeira dobrável, banquinho, qualquer coisa. A gente acabou entrando no clima e comprando um mini-banquinho. Muita gente acaba optando por ver os shows de longe, sentados, numa boa. Quer pegar outra cerveja ou correr até o banheiro? Sem crise: os japoneses largam a cadeirinha com mochila em cima e tudo. E ninguém mexe nas suas coisas ou leva sua mochila embora, mesmo que não tenha ninguém olhando. Coisas que só o Japão faz por você.

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Cadeiras por todos os lados – foto Rodrigo Esper / I Hate Flash

As roupas também chamam atenção. Os japoneses tem um jeito peculiar de interagir com a natureza e superar as intempéries. A tática deles pra se proteger do sol, da chuva, dos mosquistos (ou no caso do Fuji Rock de todos esses fatores simultaneamente) é simples: se vista da cabeça aos pés. Literalmente. O festival é um desfile de capas coloridas e chapéus variados.

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Desfile de capas – foto Rodrigo Esper / I Hate Flash

Você encontra pessoas de todas as nacionalidades zanzando pelo festival, mas é nítido que a maioria absoluta dos frequentadores do Fuji Rock vem de diferentes partes do Japão. E eles são ao mesmo tempo um dos públicos mais animados e mais gentis do planeta. Não importa o headliner, com jeitinho e educação você consegue chegar perto de qualquer palco. Eles dão a vez, cedem espaço, abrem lugar na frente pra que todo mundo se divirta durante o show. Na ala das cadeirinhas ou no gargarejo do palco, a animação é a mesma. Inúmeras vezes você percebe que não está escutando direto o vocalista porque o coro da platéia dominou o show. E no final das contas, você percebe que apesar da ótima infraestrutura e organização, o que faz um festival de música no Japão tão incrível e único são os próprios japoneses.

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Empolgados no Fuji Rock – foto Rodrigo Esper / I Hate Flash

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