Festival Contato: por mais eventos assim no interior


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Por Soraia Alves

Quando você não mora no interior, rola uma certa inveja da disponibilidade e variedade de shows que as grandes cidades possuem. Se você acompanha o cenário independente nacional, fica morrendo de vontade de ir a eventos como o Fora da Casinha, realizado na Vila Madalena, há poucos dias. É aquele pensamento: “Poxa, poderia ver O Terno, Boogarins, Carne Doce, Holger… tudo num mesmo dia :/”.

O jeito, quase sempre, é comemorar a vinda “solo” de alguns desses artistas para a sua cidade, agradecer ao SESC, que faz esse meio de campo muito bem ou se contentar em esperar o próximo grande festival internacional no qual uma dessas bandas fará a parte Brasil do lineup e aí você já aproveita o pacote todo. Por esse contexto, a proposta do Festival Contato, realizado em São Carlos (SP) no último fim de semana é mais que válida: é necessária.

O evento foi realizado pelo Instituto Contato em parceria com a Ufscar (Universidade Federal de São Carlos), a Prefeitura de São Carlos e o Sesc. Além de um line-up caprichado com nomes pulsantes do indie, o festival não se resume aos shows, oferecendo workshops, mesas de debates e palestras sobre o universo da música, cultura, sustentabilidade, etc.

Boogarins - Creditos DivulgaçãoPrestes a lançar seu segundo disco, Boogarins fez a festa no interior de São Paulo /Divulgação

Com uma estrutura bacana montada no Parque do Bicão – que a prefeitura poderia pelo menos ter aparado a grama – foi ótimo poder conferir apresentações de gente que a galera do interior estava a fim de ver há tempos. Maglore foi uma das primeiras boas bandas do sábado, fazendo um show que contempla as canções de seu mais recente disco, “III”. Já a chance de ver o hypado Boogarins foi, de fato, imperdível, dada a qualidade do show, energia dos músicos e aquela pegada psicodélica que faz feliz todo fã de festival.

Mesmo que mais frequentas na cena do interior de SP por serem de São Carlos, o Aeromoças e Tenistas Russas também viu a chance de se apresentar para um público mais plural e aproveitou para lançar seu terceiro disco, “Positrônico”. Já o tanto de gente que foi ao festival especialmente para ver Tulipa Ruiz mostra bem essa carência de mais shows de artistas independentes por aqui. Eram vários os comentários do tipo “o último show que vi da Tulipa foi em 2012/2013…”

Jaloo 4 - Creditos Jessica MobílioJaloo, mesmo desconhecido do público, surpreendeu com sua mistura de bass music e brega / Jessica Mobílio

Mesmo com um público menor no domingo, o Contato continuou mostrando que interesse e abertura ao novo não faltam. Muita gente ali nunca tinha ouvido falar de Figueroas ou Jaloo – ambos com shows leves, despretensiosos e engraçados. Ainda assim, os músicos foram muito bem recebidos e não podem reclamar da animação e disposição da plateia, que repetia os versos de cada música mesmo aprendendo na hora.

Não é de se estranhar que Franscisco, El Hombre, Tássia Reis e Rico Dalasam e Aláfia tiveram uma recepção mais calorosa por parte da galera, afinal, eles passaram há pouco tempo pelo interior na divulgação de seus recentes trabalhos. Simpatia + qualidade + músicas impactantes + memória recente do público fizeram a receita dos três shows que só merecem elogios.

Figueroas - Creditos Jessica MobílioFigueroas provou que é impossível ficar parado com sua “Lambada quente” / Jessica Mobílio

Mas elogio mesmo vai para iniciativas como essa. É preciso não só dar maior espaço para a cena independente no interior de São Paulo. O Brasil é grande demais pra gente ficar com vontade de ir a shows de gente daqui mesmo. Vale lembrar, ainda, que o evento teve entrada gratuita. #ChupaLollapalooza!

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