O Bråvalla é um festival que rola na Suécia desde 2013 e já é considerado o maior e mais popular do país, reunindo cerca de 45.000 pessoas por ano.
Ele é realizado em Norrköping, sempre no final de junho, pela FKP Scorpio. Nomes como Calvin Harris, Muse, Kanye West, Green Day, Iron Maiden e Avicii já se apresentaram por lá. Este ano, o evento recebeu The Killers, Linkin Park, System of a Down, Chainsmokers e Prophets of Rage.
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Este texto parece introduzir mais um dos inúmeros festivais que amamos aqui no Pulso, mas, infelizmente, não é o caso.
Em 2017, o Bråvalla totalizou 4 estupros e 23 crimes de assédio sexual.
O escândalo foi tanto que o primeiro ministro Stefan Löfven precisou intervir e o governo do país já está estudando modos de aumentar a segurança em eventos de música de grande porte.
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No ano passado, o mesmo festival já havia sofrido retaliação dos próprios artistas convidados, como Mumford and Sons, The 1975, Wiz Khalifa e Biffy Clyro. Em carta aberta, os músicos se comprometeram a nunca mais frequentá-lo até que o público fosse devidamente protegido. O motivo? 5 estupros e 12 casos de abusos reportados à polícia.
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Devido ao histórico e repercussão grotescas, o Bråvalla cancelou sua próxima edição. Só que a comediante Emma Knyckare não perdeu a oportunidade e anunciou à imprensa que faria “o primeiro festival livre de homens da Suécia”. Segundo a humorista, a medida será tomada até os “homens aprenderem a se comportar”.
Em entrevista ao jornal Aftonbladet, Knyckare manteve o tom desafiador. “Parece que é aceitável sempre discriminar mulheres. Seria aceitável, então, barrar homens durante três dias, certo?”.
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Iniciativas em festivais que prezam por espaços para mulheres e apostam em equipes preparadas para agir ao menor sinal de assédio já são uma realidade. Dentre eles, destacam-se o The Sisterhood, do Glastonbury; o HerForest, do Electric Forest (EUA) e o Shambhala (Canadá), sendo os dois últimos já munidos de campings exclusivamente femininos.
Alguns deles também participaram da campanha online Safer Spaces at Festivals (leia mais sobre isso em: Precisamos Falar Sobre a Cultura de Assédio nos Festivais de Música).
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O famigerado evento idealizado por Emma Knyckare carece de detalhes até então. Não sabemos nem se, de fato, ele sairá do papel. De qualquer forma, a história toda traz à tona um só questionamento: devemos mesmo privar a convivência entre homens e mulheres ao invés de educar e punir aqueles que não respeitam uns aos outros?