Entrevista: Tudo Sobre o Chemical Music Festival


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O Chemical Music Festival foi um dos pioneiros nos grandes festivais de música eletrônica no Brasil. Se hoje vemos o sucesso de eventos como o Tomorrowland e Electric Daisy Carnival no país, muito se deve aos que se aventuraram e investiram no segmento da Dance Music na última década, quando a mesma ainda era vista de forma extremamente negativa pelo poder público e imprensa.

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(Vista aérea da primeira edição. Riocentro, 2005)

Criado no Rio de Janeiro, como a maior celebração de todas as tribos da música eletrônica, o Chemical também passou por Curitiba e Belo Horizonte. Nesses dez anos, centenas de DJs fizeram parte dessa química, entre eles: Trentemøller, Steve Angello, Jamie Jones, Solomun, Claude Vonstroke, Anthony Rother, Dave Clarke, Ellen Allien, Solomun, Kaskade, Oliver Heldens, Tale of Us, Skazi, Astrix, Gui Boratto, Leo Janeiro, Renato Cohen, Maurício Lopes, Mau Mau, Anderson Noise, Felguk, Vintage Culture e muito mais!

No mês passado, a produção do evento lançou um manifesto, que conta os bastidores dessa história. Nele, é possível conhecer a origem do evento, que está ligada à Bunker, famosa casa noturna carioca, curiosidades como quando o Prefeito Eduardo Paes pediu para os organizadores mudarem o local, e tropeços como o cancelamento do show do The Chemical Brothers em 2011.

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(O dinamarquês Trentemøller na edição de 2009. Último Chemical no Riocentro)

Para celebrar uma década de existência, a organização do Chemical vai produzir o primeiro club festival do Rio. Sexta, dia 13, as três pistas do Sacadura 154, vão receber um total de quinze artistas, entre eles: D-Nox, Chemical Surf, Juju & Jordash (live), Fabø, Toucan, Omulu, Bruce Leroys, Nepal e muito mais.

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Já no dia 28, a festa continua, pois antes e depois do show do The Chemical brothers, no Vivo Rio, diversos DJs que fizeram parte da história do festival vão fazer uma jam session especial. Confira o nosso bate-papo com o Claudio da Rocha Miranda Filho, que comandou todas as edições do Chemical Music Festival:

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(Pulso) O Chemical Music Festival foi um dos primeiros grandes festivais de música eletrônica do país. Hoje em dia, temos gigantes como o Tomorrowland e a chegada do Electric Daisy Carnival. Como você vê a evolução da cena nesses 10 anos?

CRMF: O amadurecimento acelerou-se bastante nos últimos 6/7 anos, com a chegada da música eletrônica – ou a EDM – nas rádios, novelas, academias, bares, em todos os lugares. De lá pra cá, algo que de certa forma era nicho, passou a conviver com a cultura pop. A cadeia produtiva para a produção de festivais, clubes e a produção musical em si, profissionalizou-se e não ficou muito atrás das grandes potências globais desse mercado. Claro que a evolução da sociedade, imprensa e a avanço na compreensão desse tipo de cultura foi determinante para que o ecossistema evoluísse. Por fim, a chegada de eventos como Tomorrowland, EDC, Creamfields, Ultra, além dos já consagrados XXXperience, Tribe, Kaballah, Tribaltech só corroborou a consolidação – em 10 anos – de uma cena.

(Pulso) Parte da campanha da celebração de 10 anos foi o lançamento de um manifesto, que expõe os principais desafios enfrentados pela organização. Se você pudesse mudar algo do passado, o que seria?

CRMF: A ideia do manifesto foi deixar registrado para uma geração que conheceu a música eletrônica através do festival – pela primeira vez – uma visão de dentro, o que de fato havia motivado as curvas e os novos caminhos que tomamos ao longo desses 10 anos. Algo que pro público, o nosso cliente que está na pista, poucas vezes é compreendido. Existiram questões imponderáveis como o cancelamento da tour do The Chemical Brothers em 2011 e a decisão de cancelar o festival naquele ano. Como alguém imaginaria? Mas todos os desafios, erros e acertos – seja nesse festival ou na vida de qualquer pessoa – só nos torna mais experientes e fortes. Nesse sentido, como em um dos slogans que criamos nestes dez anos, “música em evolução”, é pra frente que se olha! O que fica nessa década é a certeza de ter contribuído para a consolidação existente neste mercado, principalmente no Rio de Janeiro, como dito acima. Encerraremos um ciclo de 10 anos pra começar outro.

(Pulso) Para você, qual o momento mais especial da trajetória do Chemical Music Festival e por que?

CRMF: 2005, ano em que o festival nasceu. Era tudo muito novo, realizar algo com aquela proposta, na dimensão que já começou, realmente foi muito especial. No ano anterior havíamos sido embargados na realização da Bunker Rave. Então, ver aqueles 4 palcos funcionando – lotados – e aquela manhã ensolarada no Riocentro foi indescritível. Tenho certeza que não só para nós, mas para muitos.

(Pulso) O Chemical presta uma homenagem à cultura clubber, com o primeiro club festival do Rio. Em um momento em que os eventos ficam cada vez maiores, voce acha que os clubs e seus personagens continuam sendo a base da cena da música eletrônica?

CRMF: É uma ótima pergunta. De fato, observa-se que em alguns pontos do mapa, a cultura que originou todo esse movimento, a clubber –  dos clubs – não está tão em alta assim. Com esse cenário, sob a perspectiva dos artistas, identifica-se o receio que uma tendência torne-se verdadeira: a polarização do super DJs de um lado – aqueles que tem acesso aos grandes festivais e por outro – os milhares e milhares que querem navegar no mar azul, com dificuldade de se lançar nesses clubs, esvaziados. Muito disso se dá ao fato de que os festivais estão proporcionando experiências cada vez mais incríveis, sejam musicais, tecnológicas ou mesmo sensoriais, e chamando a atenção da sociedade e imprensa pela quantidade impressionante de pessoas que atraem. Porém, são movimentos cíclicos, que vão e vem.

(Pulso) O lineup da edição de 10 anos está bem variado, com veteranos como D-Nox, artistas mais conceituais como Juju & Jordash, nomes nacionais consagrados como Fabo e Chemical Surf, além de novidades como o Omulu, por exemplo. Voce poderia falar um pouco mais sobre essa grande mistura?

CRMF: Na homenagem aos 10 anos e a proposta “club festival”, optamos por falar com algumas cenas locais que tivessem mais adequação à proposta de um club e que de alguma forma falassem entre si. Claro que muitas outras estão vivas e acontecendo, mas como só tínhamos três espaços, não coube todo mundo. O Palco Titânio (Felipe Fella, Ananda, Toucan, D-Nox, Chemical Surf e Bruce Leroys) e Carbono (Ricardo Estrella, Nepal, Juju & Jordash – live e Fabø) são de muitas maneiras convergentes musicalmente, sendo que o primeiro com uma proposta mais aberta que agrada um público mais jovem e o segundo, com um House/Techno moderno e aprofundado, com destaque ao super live – e sua enorme parafernália eletrônica – do duo Juju & Jordash. Já no Palco Mercúrio (Ayman, Vinelle, Zedoroque, Omulu e Rodrigo S.), o Bass e o black que sempre tiveram uma presença forte no Rio vão marcar presença. Acredito que o Bass é uma realidade que vai falar mais e mais forte no Brasil, como produtos de exportação inclusive. Tropkilaz e Omulu são exemplos de artistas que embasam esta afirmativa.

(Pulso) O que o público pode esperar da celebração de 10 anos? Há alguma carta na manga?

CRMF: Transformaremos o Sacadura 154 para uma experiência clubber, os três espaços estarão conectados e a ideia é que o público possa curtir um pouco de cada uma das quinze atrações do festival. A carta na manga quem nos apresentou foi o destino e suas ironias: como sabemos, na mesma época do CMF 10 ANOS, na cidade do Rio, estará rolando o show do The Chemical Brothers pelo Queremos. Eles nos convidaram para assinar o pré e o pós party do show. Resumo da ópera, o show que não aconteceu em 2011 em São Paulo, vai acontecer agora no Rio. A programação do Chemical Music Festival 10 anos, portanto, vai acontecer em dois momentos: dia 13/11 no Sacadura 154 e dia 29/11 no Vivo Rio, no show do The Chemical Brothers, onde apresentaremos um super jam sessions com os DJs que marcaram essa década.

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