A Edição Especial da XXXperience, realizada anualmente em Itu, é o maior e mais tradicional festival independente de música eletrônica do Brasil.
O núcleo de festas open air é também o mais antigo do gênero em atividade, tendo conquistado vários marcos: foi a primeira festa de música eletrônica itinerante do Brasil, a primeira a realizar 100 edições (em 2007, no Rio de Janeiro), a primeira a investir em merchandising (com CDs e DVDs temáticos), sem contar os inúmeros prêmios recebidos.
Eles merecem. Afinal, são quase 15o edições realizadas numa trajetória que se confunde com a própria história da cena eletrônica do Brasil.
Bati um papo com o Edson Bolinha e Erick Dias, sócios da No Limits, produtora responsável pelo festival, sobre o passado, presente e futuro da XXX.
(Pulso) 19 anos de XXX. Não é pra qqr um…
Edson e Erick: ’19 anos …. Praticamente metade de nossas vidas dedicada a este projeto. Fazemos parte de um seleto grupo das estatísticas… kkkkk’
(Pulso) Qual o segredo da longevidade?
Edson e Erick: ‘Manter-se antenado às tendências globais, tanto do ponto de vista musical, quanto de cenografia e comportamento do público em relação aos hábitos de consumo. E ter muito claro que qualquer coisa que seja legal hoje não significa que será legal para sempre.’
(Pulso) Vcs conseguem dividir em fases a história da XXX?
Edson e Erick: ‘Vemos a história do evento claramente dividida em 4 fases: o período de introdução da rave xxxperience (que compreende o ano do nascimento, 1996, até 2000); o protagonismo durante o “boom” das mega-raves (2001 a 2007); a transformação “festa-festival” (2008 a 2010); e, por fim, a consolidação como um autêntico festival de música eletrônica (2011 até hoje).’
(Pulso) Quais foram os principais marcos e quais as principais mudanças que vcs tiveram que se adaptar ao longo dos anos?
Edson e Erick: ‘Certamente são 3 marcos importantes: em 2002, quando o Festival completou 50 edições e levou pela primeira vez mais de 10.000 pessoas a um evento do gênero, mostrando que ainda iria crescer muito no Brasil. Em 2006, quando completamos 10 anos e quase 30.000 pessoas fizeram um evento que entrou para a nossa história e para a história de cada um, pois até hoje essa edição é lembrada com muita alegria pelos fãs. E em 2012, quando apostamos em fazer um investimento pesado na cenografia do evento, não apenas no palco principal, mas em todas as áreas de música – a partir daí a cenografia passou a ter um grande peso e passou a ser o segundo maior investimento do festival, atrás apenas da parte artística.
Entretanto, a mais significativa mudança foi sair de um evento de uma única pista para se transformar em um festival, pois teve que começar primeiramente com uma mudança nossa, da organização, em acreditar que aquele seria o novo caminho e que não teria volta. Foram muitas pesquisas, muita conversa, muitas dúvidas, uma infinidade de decisões tomadas e hoje um sentimento muito bom, por ter acertado nessas decisões.’
(Pulso) Sobre a 19ª Ed. Especial da XXXperience. Quais as novidades? O que vai ter de diferente das anteriores, quais as melhorias e pontos de atenção?
Edson e Erick: ‘Várias novidades. Entre elas, a parte cenográfica, que recebeu um acréscimo de 30% de investimento em relação a 2014. Outra novidade é que não haverá mais divisão entre pistas: todos os clientes acessarão os 4 palcos, eliminamos o Backstage. Muitos clientes do Joy Stage sugeriram termos um camarote nesta pista, e neste ano teremos este segundo camarote assinado pela Fusion Energy Drink.
O evento ganhará uma Roda Gigante com projeção mapeada (pela Skol Beats). Também estrearemos o DownTown XXX, uma área onde juntamos diversos serviços do evento, como Praça de Alimentação, XXX Store, Lockers, Wi-Fi Zone, QuickMassage, Recarga de Celulares, entre outros, que ficarão abrigados debaixo de uma tenda de circo com mais de 2.000 m² de área, toda decorada e personalizada.
Do ponto de vista artístico, também temos várias novidades: no Joy Stage as novidades são Ardalan, Kill Frenzy e Claptone, artistas que trazem o que há de mais novo acontecendo na House Music. No Union Stage, destaque para Danny Daze, artista de um talento absurdo que vem com o endosso do selo de Maceo Plex. No Love Stage, Don Diablo traz o fresco Future House que hoje é a bola da vez (é a atração a se ver neste palco). E no Peace Stage, este ano conseguimos atender a pedidos por artistas inéditos no festival, como Azax vs Bliss, Upgrade e o brasileiro Chapeleiro.’
(Pulso) O Maeda sempre foi a casa da XXX. Daí veio o Tomorrowland Brasil… Qual é a opinião de vcs sobre o “efeito Tomorrowland”? O que muda depois desta edição do festival belga no Maeda?
Edson e Erick: ‘O Maeda continua sendo a casa da XXXperience (estamos lá desde 2004), e a realização do maior festival de música eletrônica do mundo em 2015 só veio valorizar ainda mais nosso espaço. Ficamos muito felizes com esta primeira edição e tudo que vem para engrandecer o mercado é sempre muito bem vindo.’
(Pulso) Qual papel que os fundadores da XXX (Rica Amaral e Feio) ainda possuem no festival?
Edson e Erick: ‘Embora não participem mais da organização há alguns anos, sempre terão importância na história do festival, por muitas razões – entre elas, o fato de terem sido pioneiros no país de um gênero e de um formato de festa que ninguém conhecia. Rica Amaral e Feio tiveram visão e coragem para fazer a coisa acontecer nos anos 90. Valorizamos muito essa história toda e eles são parte do DNA da marca.’
(Pulso) O trance psicodélico sempre foi a principal bandeira musical da XXX. Em um recente comentário do Edson Bolinha na fanpage do Pulso, este afirmou que o gênero está novamente ganhando força. É mesmo uma tendência? Mais alguma novidade no âmbito musical, alguma aposta para o futuro próximo?
Edson e Erick: ‘O psytrance sempre foi e continua sendo um gênero muito importante e relevante dentro do Festival. O que comprova esta ascensão é o número de novos artistas que estão produzindo e crescendo, fora alguns dados que temos de que o gênero vem ganhando força em algumas partes do mundo. Além disso, há dois gêneros que, na nossa visão, estão ganhando corpo: Future House e Tropical House – inclusive estamos de olho nestes estilos e teremos representantes deles na #XXX19. Quanto ao EDM, vemos que perdeu muita força nos últimos 12 meses e estamos acompanhando de perto.’
(Pulso) Sobre acampamento em festivais. Primeiro veio o SWU, depois o Tomorrowland e, agora, a TribalTech. Qual a opinião de vocês?
Edson e Erick: ‘Achamos a iniciativa muito bacana. SWU e TML tiveram grande aceitação e a experiência para o público foi muito interessante. Estamos com boas expectativas para o que vai rolar na TT, mas por hora não faz parte da nossa estratégia dentro do Festival.’
(Pulso) Existe um movimento de muitos festivais internacionais acontecendo no Brasil e somente o Rock in Rio conseguiu ser “exportado”. Vocês possuem algum plano de expansão da XXX para fora do Brasil? O que podemos esperar para 2016, quando a marca completa 20 anos?
Edson e Erick: ‘Há muito tempo existe um desejo de exportar a marca. Já esboçamos formato, fizemos contatos iniciais com alguns possíveis parceiros, mas nos últimos anos focamos muito em desenvolver e aprimorar o movimento de transformação da festa para o Festival, iniciado há alguns anos e que consumiu muito tempo. Mas está amadurecendo. Quem sabe não será nosso próximo grande desafio depois de celebrar esses incríveis 20 anos?
Sobre 2016, ano da celebração de 20 anos da XXXperience, começamos a planejá-lo em 2014, quando criamos o conceito #XXXTrilogy, trilogia que será concluída com o 20o aniversário do Festival. Teremos muitas surpresas e novidades. O conteúdo que estamos desenvolvendo deve nos levar a bater todos os recordes da história do Festival. E, como sugeriu um grande amigo nosso carioca * há 9 anos, estamos pensando em perguntar para os nossos fãs: “Onde você esteve nos últimos 20 anos?”
* Franklin Costa, co-fundador do Projeto Pulso e autor deste post, trabalhou durante 5 anos com a XXXperience, sendo responsável pelo reposicionamento da marca (de rave para festival), a direção criativa da turnê de 10 anos do núcleo e também como DJ em algumas de suas edições. 🙂