Terminou o primeiro fim de semana de shows do Coachella 2018, e embora bons momentos tenham acontecido em todos os dias do festival, nada foi mais importante que a apresentação de Beyoncé como headiner do sábado.
Classificado como “histórico” e “lendário” pela mídia, a importância do show pouco tem a ver com o cancelamento da apresentação no ano passado, graças à gravidez de Bey, e muito menos por marcar a volta da cantora aos palcos depois da “licença maternidade”.
A própria Beyoncé destacou um dos motivos que fazem desse show algo a ser recordado sempre: “Coachella, obrigada por me permitir ser a primeira mulher negra a ser headliner“, declarou a cantora durante um dos momentos a performance no festival.
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Se quando lançou o excelente álbum “Lemonade”, Beyoncé fez os Estados Unidos “descobrirem” que ela é negra, o mesmo pode ser dito sobre sua apresentação em um festival que, por muito tempo, careceu de diversidade em seu lineup e que a cada ano se torna ainda mais uma grande passarela.
Beyoncé acrescentou como terceira música apresentada “Lift Every Voice and Sing“, apontado como hino nacional negro americano, claramente mostrando sua mensagem e uma de suas maiores militâncias dos últimos tempos: contra o racismo.
O New York Times destacou que “foi tanto tributo ancestral quanto continuidade cultural – uma elevação da feminilidade negra – como um concerto contemporâneo“.
Foram duas horas do ápice do significado da palavra “show”: visual impecável, palco imenso, coreografias mil, participações especiais de Jay-Z e Solange, reunião do Destiny’s Child ao lado de Kelly Rowland e Michelle Williams, tributo à Nina Simone, citações a Malcolm X, um setlist matador, um instrumental detalhista e um vocal absurdo vindo de alguém que não para um segundo no palco.
Foram ensaios diários de 11 horas com os mais de 100 bailarinos envolvidos para chegar ao resultado perfeito da apresentação ao vivo.
A cantora conseguiu até mesmo “mudar o nome” no festival por uma noite: Coachella se tornou o Beychella antes mesmo dela subir ao palco.
Outra bandeira levantada por Beyoncé em sua apresentação é a do feminismo, desde o primeiro look inspirado em Nefertiti, rainha do Egito Antigo oa beleza e da feminilidade.
Bey também usou um áudio do ensaio da escritora Chimamanda Ngozi Adichie explicando o que é o feminismo e reforçando “Sejamos todos feministas“.
Aliás, vale ressaltar que desde 2007, com Björk, o Coachella não convidava uma mulher para ser headliner do festival. Com o cancelamento de Bey no ano passado, Lady Gaga acabou quebrando o jejum, mas vale o registro da falta do protagonismo feminino no festival.
Os elogios para Beyoncé poderiam continuar por mais linhas e linhas de texto. Poderíamos falar como o espetáculo é uma aula de simbolismos, showbusiness e da sensação de Girl Power que fica ao ver música após música. Mas nada é mais legal do que saber que tivemos a oportunidade de ver ao vivo essa apresentação épica!