É sempre assim. Enquanto uns tem demais, outros tem de menos.
ParcelHero, empresa inglesa de entregas de equipamentos e encomendas, acabou de divulgar uma pesquisa intitulada “The Real Cost of Delivering Festivals” apontando um dado alarmante: existe uma bolha na indústria dos festivais no Reino Unido e pelo menos 1 em cada 10 vai quebrar até 2017.
Segundo a pesquisa, cerca de 1.000 festivais * estão planejados para acontecer em 2016 no Reino Unido, um número 6 vezes maior que 12 anos atrás (* não só os de música, mas também festivais de cinema, teatro, cerveja, gastronomia etc).
Aproximadamente 14 milhões de residentes do Reino Unido planejam participar de pelo menos um desses festivais (sendo 3,5 milhões apenas nos de música). Considerando a média de £200 (R$ 1000) por ingresso (para grandes eventos), estamos falando de uma indústria avaliada em £2,3 bilhões (R$ 11,5 bilhões, sim, isso mesmo!).
Acontece que cerca de 100 destes festivais não acontecerão em 2017 em função do aumento do preço da segurança e das crescentes demandas de infraestrutura na produção, capazes de suportar a um número cada vez maior de público.
O alerta veio da UK Music, a entidade do Reino Unido responsável por mapear a indústria da música, ao destacar a contribuição de shows ao vivo e do turismo de festivais para a economia local.
Os eventos de música ao vivo atraíram cerca de 27 milhões de pessoas ano passado, sendo pelo menos 3,7 milhões especificamente para festivais e shows de grande porte. Destes, cerca de 760 mil pessoas foram turistas, não residentes do Reino Unido.
Apesar da indústria dos festivais no Reino Unido estar super aquecida, sinais da bolha começam a aparecer. A pesquisa da ParcelHero aponta que o Glastonbury, um dos principais festivais ingleses, teve uma queda de lucro de £764.000 em 2013 para £86.000 em 2014.
Além disso, David Jinks, responsável pela área de pesquisa com o consumidor da ParcelHero diz que “basta um verão um pouco mais chuvoso para colocar grandes festivais em risco”.
Ele aponta os festivais Levitation, em Austin (leia aqui sobre a edição deste ano); All Today’s Parties, em Manchester, e o Forgotten Fields, estes dois últimos ingleses, como exemplos de cancelamento em função das chuvas (vale lembrar que o mesmo aconteceu com o Welcome To The Future, na Holanda; o TomorroWorld, nos EUA em 2015, além de casos mais recentes, como o terceiro dia do Governor’s Ball, em Nova York, e dos raios no Rock am Ring, na Alemanha, pelo segundo ano consecutivo).
A pesquisa joga uma lupa nos custos da indústria dos festivais do Reino Unido e pode ser um ótimo termômetro para o que podemos conferir em outros países com uma cultura de festivais mais sólida como os EUA, Holanda, Espanha, Alemanha e Bélgica.
Por aqui, ainda estamos lutando para e por uma indústria local mais consistente e adaptada à instabilidade da economia local… Será que um dia chegaremos lá? 🙂
Créditos: ParcelHero