Se você curte festivais, com certeza já se deparou com as fotos de Raul Aragão. Designer por formação, Raul é uma das mentes criativas por trás do I Hate Flash! e, desde 2010, atua como fotógrafo de lifestyle e viagens no coletivo carioca.
A paixão por música e aventuras o tornou um entusiasta de festivais imersivos, como o Burning Man, e figurinha carimbada nos mais mainstream, como o Coachella.
Como consequência desse cotidiano nada comum, ele se define como um nômade digital, isto é, uma espécie de influencer na internet sem residência fixa. Os números, é claro, não negam sua relevância: cerca de 70 mil seguidores no Instagram e uma página no Facebook com quase 10 mil curtidas, além de parcerias com marcas como Nike, Aperol Spritz e Stella Artois.
Para entender um pouco mais de seu trabalho, estilo de vida e experiências pelos quatro continentes do planeta, conversamos com ele e dividimos o resultado com vocês a seguir.
(PULSO) Quando você começou a curtir festivais? De onde veio essa paixão?
Raul Aragão: Nem sei direito por começar. Há pelo menos 12 anos posso me considerar uma espécie de explorador. No livrinho de colação do colégio, por exemplo, a minha foto já acompanhava um mochilão e uma câmera fotográfica. Sempre fui muito curioso. Com 19 anos já tinha me mudado para NY sem inglês, dinheiro ou plano algum, focado em trabalhar ilegalmente e aprendendo a me virar na marra. Depois de alguns anos, vivendo também em Sydney e Los Angeles, terminei conhecendo a vida cultural e entretenimento dessas cidades. Sempre ouvia falar em festivais, mas nunca tinha grana pra ir. Meu sonho era ser fotógrafo documental e, depois de uma temporada na Ásia, retornei ao Rio. Já mais maduro, passei a planejar melhor as viagens, focando sempre em algo que pudesse compor o que eu acreditava ser um “grande calendário do entretenimento mundial”.
A ideia de rodar festivais sempre foi uma das mais desejadas. A melhor forma de unir as coisas que eu mais gosto: tendências, música, viagem e cultura.
(PULSO) O I Hate Flash! é o coletivo fotográfico oficial de eventos como Rock in Rio, Lollapalooza e Tomorrowland. Aliar o amor aos festivais à sua profissão foi uma evolução natural? Como rolou?
Raul Aragão: Tivemos a sorte disso ter se desenrolado muito naturalmente e sem que tivéssemos que procurar. Fotografamos uma cena da qual fazemos parte há pelo menos 8 anos e foram incontáveis festas, shows, exposições, eventos culturais, etc. O amor pela música e o capricho que sempre tivemos terminou atraindo os interesses de produtoras pelo nosso trabalho.
(PULSO) Até hoje, quais foram os festivais mais inesquecíveis que você já foi e por que?
Raul Aragão: Sou burner at heart, né? Suspeito que esse amor descontrolado pelo Burning Man exista por conta do papel que teve na minha vida. Todos os outros foram experiências que tiveram muito mais a ver com a forma que eu me inseri do que exatamente com a experiência que me foi proporcionada. Atrações, público, locação, cidade, clima, onde você dorme, horário do dia, tamanho, música e claro, suas companhias…óbvio que isso tudo conta! Mas existem Coachellas e Coachellas, entende?
(PULSO) Só nesse ano, você esteve no Coachella, na Califórnia; no AfrikaBurn, em Cape Town; no Ultra, em Miami, e no Tomorrowland Brasil. Quais foram as suas impressões do Ultra e do Afrika, dois eventos que você ainda não conhecia? Rola um frio na barriga mesmo depois de tantas experiências em eventos desse tipo?
Raul Aragão: Eu já fotografei o Ultra da Croácia, hein? Haha! Juro que não sabia o que esperar do Ultra. No dia anterior ao festival nós fomos ao cinema assistir à uma apresentação de todos os aftermovies de 2015 (foram 21 Ultras, cara!) e eu pirei. Eu odeio andar muito em festivais (sempre com equipamento) e o Ultra é do tamanho certo. A temperatura é no ponto, organização, atrações e estrutura impecáveis. Um sonho de experiência para qualquer um, trabalhando ou não.
Sobre o Afrikaburn, eu vou tentar resumir muito: sendo um festival espelhado (inclusive regido pelos 10 príncipios) no Burning Man e que conta com ⅙ do público, terminamos tendo uma experiência muito parecida, mas também muito mais intimista, o que é maravilhoso.
Sempre me incomodou a dificuldade em encontrar ou reencontrar pessoas no Burning Man, o que torna os encontros (que normalmente são incríveis) em coisas meio descartáveis, visto que temos ausência total de meios de comunicação. Isso dá oportunidade para que toda a experiência aconteça um pouco mais em comunidade.
(PULSO) Você já frequenta o Coachella há muitos anos. Na sua opinião, quais são as diferenças no festival ao longo desse tempo? A emoção ainda é a mesma? Você consegue destacar sua edição preferida?
Raul Aragão: Considerando edições que eu fui nos dois fins de semana, já são 7 vezes no Coachella. Sem dúvida algumas das melhores foram quando eu não estava trabalhando (normalmente nos segundos finais de semana). Aliás, sempre prefiro esse, já que todo o povo midiático já fez seus selfies e foi embora.
Minha maior birra com o esse festival é a disputa com a programação “off-Coachella”. Termina sendo quase que um desespero a tentativa de aproveitá-lo durante o dia. Todo mundo quer curtir uma pool party antes, se arrumar bem, beber e ainda chegar cedo para assistir shows. A experiência é sempre incrível, mas quando a luz cai, tudo vira uma escuridão. Fica literalmente impossível encontrar seus amigos e, bem, é melhor que você tenha trazido grana para cerveja de 10 dólares.
(PULSO) Burning Man, AfrikaBurn, Lollapalooza (Chile e Brasil), Planeta Terra, Coachella, Ultra, Rock in Rio, Tomorrowland (Bélgica e Brasil), Unknown Croatia, Primavera Sound, Amsterdam Open Air, Further Future… Existe algum festival que você ainda queira muito ir, com lugar garantido na sua wishlist? Qual? E um que você voltaria sempre?
Raul Aragão: Sempre tive o sonho de ir a todos os grandes festivais. Mas eu gosto mais dos menores. Bem, ainda quero ir ao Pukkelpop, Rock in Japan, Glastonbury, né? E ainda tem um tantão de festivais de rock que eu gostaria de ir, como o Riot.
(PULSO) Quais são suas dicas para se aproveitar ao máximo um festival?
Raul Aragão: Pesquise antes para onde você está indo. Lembre-se dos detalhes que citei lá atrás: “atrações, público, locação, cidade, clima, onde você dorme, horário do dia, tamanho, música e suas companhias.” 😉
* Imagens: Raul Aragão / I Hate Flash!