A primeira edição do Nômade Festival chegou a São Paulo apostando na brasilidade, diversidade e quebra de padrões. Aposta certeira para criar seu público com “gente fina, elegante e sincera, com habilidade pra dizer mais sim do que não”.
Praticamente encerrando o calendário festivaleiro de 2018, o evento promovido pela Privália em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura, aconteceu no dia 15 de dezembro na Praça Cívica do Memorial da América Latina – SP, e segundo os bombeiros presentes, teve um público de aproximadamente 10 mil pessoas.
Durante o dia, o lineup mandou na sequência os queridinhos da nova geração MPB: Bolero Freak, 5 a Seco (com participação de Maria Gadú), Silva e a Céu, que fez uma versão memorável de Enjoy the Silence deixando a galera toda hipnotizada.
Ao cair da noite, o palco agora com cenografia própria, recebeu Lulu Santos para comandar a pista. Foi daqueles shows em que nitidamente o artista está curtindo tanto quanto a plateia. Luiz Maurício, nome de batismo de Lulu e que ele fez questão de mencionar, botou a galera pra pular do início ao fim, dosando perfeitamente músicas novas, hits consagrados e um discurso de empoderamento e resistência.
Lulu declarou seu amor por São Paulo, pelo namorado e até chamou ao palco uma menina que carregava a bandeira LGBTQ+, enquanto cantava Toda Forma de Amor. Foi um verdadeiro deleite para o público.
Diferente de outros festivais realizados no Memorial da América Latina, o Nômade optou por utilizar apenas dois terços da praça para montar sua estrutura, e num layout bem simples distribuiu seus elementos como bares, banheiros, praça de alimentação, mezanino para convidados e as ativações de marcas. A cenografia toda utilizava muitas folhagens e o palco exibia texturas de materiais orgânicos com uma grande flor branca de cada lado, que foram grafitadas no decorrer do dia.
As marcas figuraram no festival com ativações tímidas: a própria Privália com um lounge cenográfico, Itaipava com a praça de alimentação em clima praiano e a Tanqueray com um bar exclusivo vendendo seus gins em taças acrílicas. Ponto positivo para o cardápio do festival com preços justos e opções veganas.
É preciso mencionar que nem tudo são flores. Já na entrada do festival a forma de organização das filas de acesso deixou a desejar, causando tumulto e certos impasses em determinados momentos. Já dentro do festival, ainda era dia quando alguns itens do cardápio acabaram. E talvez os maiores incômodos durante o evento foram: a falta dos bebedouros para distribuição de água, anunciados anteriormente, e a falta de espaços cobertos para o público se abrigar do sol escaldante de dezembro.
Sobre a acessibilidade no Nômade Festival, pontuo que pelo Memorial da América Latina ser um espaço plano e linear já é um saldo positivo, porém a participação das PCDs – Pessoas com Deficiência, não depende somente disso. A área reservada estava numa altura abaixo do padrão e posicionada num ângulo que impossibilitava a visualização dos artistas no palco. Outro deslize foi o banheiro adaptado não estar junto à área reservada e sim com os banheiros do público geral. E por fim, não havia sinalização alguma de onde estavam os elementos de acessibilidade. Nesse cenário todo, aplausos para os bombeiros que quando a chuva ameaçou a cair convidaram as PCDs a ocupar o mezanino (única área coberta do festival).
Entre erros e acertos, vou parafrasear o mestre Lulu Santos e ser positivo dizendo “Eu vejo a vida melhor no futuro”. Digo isso porque realmente aposto no Nômade Festival como um festival para engrandecer nossa brasilidade e a força que têm nossa diversidade. Com alguns ajustes na próxima edição, o Nômade certamente irá firmar seu espaço no calendário de festivais necessários para amantes da música brasileira.
Vida longa ao nosso novato, juntos “Vamos viver tudo que há pra viver”!