O Franklin e a Carol – criadores deste site aqui – são velhos amigos de pista. Já formamos trios maravilhosos, em festas não menos incríveis, ao som de muita gente boa.
A diferença entre nós é que eles sempre estavam lá porque sabiam de antemão que aquele seria um set imperdível. Já eu, porque simplesmente adoro uma boa festa. E, desse jeito, sempre que nos encontramos, fomos juntos até de manhã.
Há umas 2 semanas, no entanto, quando o Frank descobriu que eu estava de férias em Montreal, credenciado para o MUTEK, me convidou a colocar as impressões sobre o festival num texto e publica-lo aqui no Projeto Pulso.
Eu, então, a partir do momento em que topei o desafio, passei a enxergar a 18a edição do MUTEK Montreal não apenas como uma boa festa. Ainda bem: o MUTEK é bem mais do que isso.
Durante uma semana quase inteira, terça a domingo para ser exato, alguns endereços da animada cidade canadense são tomados por eventos do festival. Entre os espaços, todos bem próximos uns dos outros, estão: palco ao ar livre em praça movimentada, teatro antigo, casa de shows, e o SAT (Société des Arts Technologiques), espécie de QG do MUTEK.
Pra quem é do Rio, um mix de Fundição Progresso com Planetário da Gávea – com vários andares, pista, palco, bar, restaurante, e uma cúpula no último andar, que abrigou a mostra SATOSPHÈRE, em que música e imagem, juntas, criavam experiências audiovisuais que jamais sairão da minha memória.
Aliás, a espinha dorsal do festival é 100% audiovisual. As atividades começavam por volta do meio-dia e rolavam, em média, até 3 da manhã. Palestras, painéis, workshops, live sets, espetáculos de luzes e lasers.
A cuidadosa curadoria desta edição montou uma programação juntando nomes novos e consagrados, homenageando as cidades de Barcelona, Berlim, Mexico City e Londres, trazendo artistas de cada uma destas cenas. Tudo bem direcionado a quem se interessa por ver e ouvir novidades do eletrônico e do digital.
A boa, claro, foi baixar o app oficial e ficar atento aos acontecimentos de cada dia. Com o passe livre que comprei – espécie de crachá com foto pendurado no pescoço – tinha trânsito livre em toda a programação. Era – literalmente falando – só chegar.
Se peguei alguma fila, não me lembro. Perrengue, nenhum. Nem para entrar em qualquer uma das venues, nem para beber ou comer. Tudo bem organizado, eco, gay, e todos os “friendlies” que existem por aí.
Destaco abaixo o que vi (e ouvi) de mais legal ao longo daquela semana:
Max Cooper e Daphni: Dada a Largada!
Música eletrônica da boa, em plena terça e quarta-feira, respectivamente. Foi assim que o britânico Max Cooper e o canadense Daphni inauguraram as pistas do MUTEK 2017. Daphni, com seu set de 6 horas de duração, sem dúvida aqueceu lindamente as turbinas do festival.
Robert Henke, e seu Lumiere III
Parte da mostra A/VISIONS, a terceira geração de uma performance minimalista, poderosa, mágica e impressionante. Difícil explicar em palavras o que apresenta o artista multimídia alemão Robert Henke, nascido em Munique, hoje radicado em Berlin. Tente imaginar que composições de música eletrônica (um techno bem potente) sincronizam perfeitamente com grafismos feitos com lasers, tudo no palco de um teatro escuro… É bem mais do que isso. Mas é por aí.
Marie Davidson: Guardem Esse Nome
Linda e talentosa, a produtora canadense e moradora de Berlin deu um show completo: tocou, dançou, cantou e, certamente consagrou-se como um dos destaques desta edição do MUTEK. Eu, que não conhecia, me senti privilegiado por estar ali.
Kuniyuki: The Last Dance
Com direito a fã invadindo o palco e aplausos emocionados no final, o produtor japonês Kuniyuki fechou com chave de ouro a edição 18 de um dos mais completos festivais do gênero do mundo.