Depois de passar quatro dias com o telefone na mão fazendo a cobertura do Dekmantel no Snapchat do Pulso (segue lá!), é chegada a hora de publicar um resumão do que de mais bacana rolou no festival. O evento já estava na minha mira há um bom tempo, a ansiedade estava batendo no teto – em 2016, finalmente iria conhecer o evento de música eletrônica mais elogiado dos últimos anos.
A primeira coisa a se destacar é: o clima excelente do evento. É um ‘feel good’ constante, galera feliz que quer se divertir sem confusão e sem estresse. O tempo também ajudou: foram três dias de sol, o que é raro de se ver em Amsterdam. Não foi naaaada mal circular por aquele parque rodeado de verde por todos os lados debaixo de um céu azul de doer.
Segundo ponto: conforto. A infra é excelente, não tem superlotação ou correria para nada. Isso está diretamente ligado ao número reduzido de pessoas, 10 mil por dia apenas. Não tem estresse para bar nem banheiro, o shuttle funciona (fila de 15 min no horário de pico).
Ponto 3: O lugar. O festival rola no Amsterdamse Bos, um parque maravilhoso a apenas 20 minutos de ônibus do centro de Amsterdam (também dá pra ir de bike, aliás, metade do público usa esse meio de transporte). É aberto e tem verde que não acaba mais. O bacana da proximidade com o centro da cidade é que dessa forma você tem um evento no ‘meio do mato’, mas sem os perrengues de ter que ficar ‘sujinho’ num camping. =D
Número 4: line-up monstruosamente perfeito e palcos intimistas. Gente nova, DJs clássicos, Berlim, Londres, Chicago, Detroit, Bristol, Jamaica – tava tudo lá. Tirando o Main Stage, que é o maior (mesmo assim não é gigante), os outros três palcos são pequenos e intimistas. Que delícia dançar embaixo das árvores do Selector’s Stage ou dentro da Green House (uma estufa com plantas e paredes de vidro). Sem falar no Boiler Room, que parece uma festa na sala da sua casa.
O UFO, dedicado ao techno pesado, dark, lenha, é o palco que destoa: é uma tenda fechada e escura, simulando o ambiente de um clube. Achei um desperdício me entocar ali dentro e perder aquele verde todo lá fora. No total, não fiquei mais de 15 minutos dentro do UFO.
Vi muita coisa boa, mas muita mesmo. Foi difícil, mas separei (sem ordem de preferência) 8 atrações que mais me agradaram nos quatro dias do Dekmantel. Partiu todo mundo ano que vem? =D
Lena Willikens
Tava na minha lista de prioridades para ver. Gosto muito do som ‘estranho’ dela e queria ver como levaria isso para a pista. Pois então… a alemã de Colônia conseguiu unir a estranheza sem perder o groove da pista. Foi um set pesado, muito percussivo e com tons vintage. Com uma seleção extremamente particular de faixas, foi possivelmente o set mais ousado e fodão que vi em muito tempo. Fiquei na grade, mandei beijinho, vibrava com cada grave batendo no peito. Desde já rezando para que tenha sido gravado e que seja publicado em breve.
The Black Madonna
Tocou duas vezes (uma sozinha na Green House e outra num b2b com o Mike Servito no Boiler Room). O set da Green House estava muuuuito cheio e, com o sol à pino, estava muito calor também. Vi menos do que gostaria. No set do BR (também lotado) fiquei mais tempo e o negócio dela é o seguinte: set festeiro, hedonista, divertido. Equilibrou perfeitamente as novidades com os clássicos da Chicago House.
Moodymann
Tocou para uma Green House também muito cheia, todo mundo queria um pedacinho. Circulou por onde é mestre: funk, soul, disco e house. Que bailão! Rolaram umas sambadinhas aqui e ali, mas com a bagagem que esse malandro tem, só faz um set ruim se se esforçar muito.
Vril
Foi o único da parte noite do festival que entrou na lista. Um dos principais nomes do Giegling, selo alemão cultuadíssimo, fez um live no Melkweg que faria até o capeta ficar com medo: pesadíssimo, agressivo, para poucos. Não sou muito desse hard techno dos infernos, mas tem alguma coisa na cadência e nos timbres que esse cara tira que me faz ser fã.
Koze
Dos ‘grandes’ escalados para esta edição, foi o melhor: botou Dixon, Tale of Us e Villalobos no bolso. Fez um set de BPMs baixos e muito climão. Confesso que estranhei logo de cara, achei que fosse flopar. Apesar da reação relativamente fria da pista no início, ele não desistiu… aí de repente a locomotiva começou a andar. Salpicou um hit ou outro ali no meio (o remix dele pro Modeselektor, por exemplo) e terminou ovacionado tocando a linda, mas linda mesmo, versão que ele fez para ‘9 Years’, do Roman Flügel.
Ben Ufo + Joy Orbison
Dois expatriados do dubstep enfiando o pé no techno. Ben é dos nomes mais respeitados da nova geração de DJs ingleses. Desceram a mão no grave e utilizaram bastantes vocais, sem cair naquele techno estéril sem variação alguma.
Palms Trax
Também tocou duas vezes, uma no Boiler Room, e no domingo no Main Stage. O set do BR foi bom, serviu de aquecimento. No palco principal o bicho pegou e o rapaz fez uma das apresentações com mais groove de todo o festival. House com muito vocal, sem concessões a hits. Daqueles que sai todo mundo com sorriso na cara e alma lavada.
Motor City Drum Ensemble
Nunca vi alguém usar tracks obscuras da disco com acid house nóia e fazer dar certo. Ele encerrou o evento no domingo com ares de herói, adorado, num main stage que gritava, gritava e não queria ir embora.