Entrevista: “O Festival da Criatividade Urbana”, Subtropikal


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Aqui no Pulso a gente gosta mesmo é de inovação. Por isso, ao nos depararmos com uma proposta que envolvia criatividade, empreendedorismo e ainda muita música, nossos olhos brilharam e percebemos que um grande evento vinha por aí.

Estamos falando do Subtropikal, novidade que rolará entre os dias 13 e 21 de agosto em Curitiba com o intuito de explorar a cidade e suas mais variadas formas de criar arte, buscar conexões, desenvolver a economia colaborativa e promover negócios sustentáveis.

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A realização ficou por conta da Planeta Brasil e da Hot Content, empresas que trouxeram na bagagem Heineken e Spotify como parceiros. Por isso, até playlists temáticas envolvendo os três pontos principais do festival foram criadas (leia o manifesto completo). Vale a pena conferir a “Curta” (shows), a “Explore” (oficinas, workshops e instalações artísticas) e a “Reflita” (fórum para troca de experiências e ideias) através deste link.

Ficou tão curioso quanto a gente pra conhecer mais a fundo essa nova empreitada? Então leia logo abaixo a nossa entrevista com a Bruna Calegari, da Hot Content, uma das empresas que irá tornar tudo isso possível.

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(PULSO) Antes de qualquer coisa, como surgiu o Subtropikal? Como vocês definiram os três pilares que englobam o evento: “explorar”, “refletir” e “curtir”?

Bruna Calegari: O Subtropikal surgiu de uma necessidade que os três sócios tinham de fazer algo que tivesse a cara do nosso tempo. Sempre tivemos a impressão de que, em Curitiba, as pessoas viviam em outra época, indo em shows de “covers” e se contentando com um entretenimento muito raso, presas em suas bolhas casa/trabalho/academia/faculdade. Temos um histórico de criatividade na cidade mas isto acabou se perdendo, em partes por sermos um povo muito mais fechado do que em cidades como Rio e São Paulo – isto é um fato. Então propomos a criação de um espaço que coloque as pessoas em contato físico umas com as outras, que favoreça a troca de ideias entre as áreas e assim uma identidade criativa possa florescer. Aí no decorrer do último ano, fomos desenvolvendo o conceito e chegamos nestes três pilares onde as pessoas podem explorar sua criatividade e curiosidade da maneira que quiserem. Foi algo que surgiu bem naturalmente.

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(PULSO) A proposta do festival é de ocupar a cidade, algo também explorado pelo Path, em São Paulo; Primavera Al Ciudad, em Barcelona, e até o Hacktown, de Santa Rita do Sapucaí (leia: Primavera Sound ou Como Ocupar uma Cidade com um Festival). O que o Subtropikal traz de inovador nesse sentido? De onde surgiu a ideia de realizá-lo em Curitiba?

Bruna Calegari: Exatamente. A ideia é mostrar para os habitantes que a cidade tem mais a oferecer, dando uma visão de cultura urbana atual, não a cultura urbana importada de Nova York ou São Paulo – mas explorando o que rola por aqui mesmo.

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A ideia veio de experiências que tivemos em eventos que conectam a cidade toda em torno de um propósito, como o SXSW, o Amsterdam Dance Event, o Nuits Sonores em Lyon e até o próprio Sónar Barcelona, que hoje atrai mais turistas para a semana “off” do que para o festival oficial.

O Subtropikal nasceu pra ser uma plataforma criativa, atraindo as pessoas para sua programação oficial ou não, e dando apoio a iniciativas diversas durante a semana. Como a criatividade é um tema amplo, temos a oportunidade de nos desenvolver a cada ano de uma forma diferente, e isso nos anima bastante!

Acontecer em Curitiba depende de diversos fatores que vão desde o nosso amor pela cidade até as possibilidades que enxergamos nela quando comparando-a com outros lugares do Brasil. Neste ponto, a necessidade de se buscar uma identidade local foi um dos grandes motivadores.

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(PULSO) Os temas escolhidos para debate são bastante atuais, como feminismo (leia: Glastonbury Escreve Mais Um Capítulo na Discussão Sobre Gênero), consumo consciente (leia: Precisamos Falar Sobre Sustentabilidade nos Festivais), espiritualidade (leia: Expandindo Consciência e Espiritualidade: Um Mergulho nos Festivais Transformativos) e empreendedorismo. Como foi feita essa seleção? As redes sociais são parcialmente responsáveis por essa curadoria?

Bruna Calegari: O festival foi co-criado por onze pessoas: três sócios e oito co-criadores de diversas áreas criativas (arte, música, design, moda, empreendedorismo, etc). Através de vários papos fomos delimitando assuntos essenciais como “espiritualidade e convívio” que vai unir um pai de santo, um psicoterapeuta e um antropólogo, ou “Curitiba: ir voltar ou ficar?” que questiona sobre a difícil decisão de se estabelecer em um local quando existe todo um mundo para explorar.

Foi fruto de muita conversa mas, claro, temas que estão em voga nas redes sociais acabaram nos influenciando bastante. Todos os bate-papos serão no formato de painel, o que deixa o fórum mais dinâmico. É importante as pessoas entenderem que podem se posicionar ao contrário das outras e, mesmo assim, concordar em discordar. Sem desfazer amizade! (risos)

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(PULSO) No quesito musical, nota-se que as atrações permeiam especialmente vertentes do eletrônico. Ao que se deve essa escolha?
Bruna Calegari: Curitiba sempre teve um mercado e público muito acima da média quando se fala em música eletrônica – o que se percebe em festivais como Tribaltech XXXperience e Warung Day Festival, ou clubes como Vibe e Danghai, totalmente voltados ao house e techno. Se considerarmos que a cidade não recebe turistas como Rio ou Florianópolis, podemos constatar que as pessoas que frequentam estes eventos são daqui e gostam, de fato, deste estilo de música.

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O nosso background de Hot Content, trabalhando com este mercado, nos proporcionou uma visão mais profunda e analítica desta vocação da cidade para a música eletrônica, até porque não temos uma identidade sonora urbana tão forte como o funk carioca ou o rap paulistano.

Portanto, a música eletrônica é nossa aposta para representar esta identidade essencialmente curitibana, e acreditamos que ela está sendo pouco explorada pois ainda é vista como marginal, apesar de atrair multidões para os eventos. Mas diferente de “criar conceito”, no Subtropikal vai ser difícil você ouvir um som pesado ou fora de contexto, por exemplo. A vibe inclusiva estará presente na música também, o intuito é de oferecer novidade para o público. E no quesito novidade a música eletrônica não decepciona!

(PULSO) Alguns workshops integram outras atrações do festival, como a oficina sobre o processo criativo do HNQO, artista que irá se apresentar no evento como DJ. A ideia era realmente explorar de diversas maneiras as possibilidades existentes? A pluralidade e versatilidade dos participantes é essencial na hora da curadoria? 

Bruna Calegari: Como queremos que o festival seja uma plataforma, deixamos as possibilidades de participação totalmente abertas. Ao contratarmos o Henrique para se apresentar, deixamos um espaço aberto para que ele fizesse algo voltado à parte teórica. Como ele tem um novo álbum a caminho, aproveitou a chance de conectar com um espaço de um conhecido (a Euro Audio) e apresentar um mini-workshop sobre algumas faixas. As três turmas esgotaram rapidinho! É muito legal quando as pessoas exploram seus talentos mais a fundo e compartilham conhecimento.

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(PULSO) Intervenções artísticas são uma nova realidade por festivais mundo afora. Muitos estudiosos do fenômeno acreditam que isso é justificado pela nova era da experiência. O intuito do Subtropikal é mesmo esse?  Como vocês imaginam a evolução do festival? O que esperam conquistar logo na estreia?

Bruna Calegari: Com certeza a experiência precisa ser inesquecível e, neste primeiro ano, nossa responsabilidade é muito maior: ainda mal conhecemos o nosso público e já precisamos pensar de antemão no que ele quer e oferecer uma experiência surpreendente. Mas temos algumas diretrizes como, por exemplo, não queremos maquiar uma realidade: queremos mostrar as coisas como são, como elas sempre foram mas ninguém notou.

Mesclar realidade e experiência, porque de nada adianta você ser transportado para um mundo de magia e, uma semana depois, aquilo não existir mais e as suas atitudes não mudarem. Se pensarmos no festival como uma plataforma para encontros e criatividade, não temos como fugir da realidade. Mas podemos deixá-la mais leve e divertida, e este é o espírito do Subtropikal.

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A gente brinca: não sabemos se, em 2020 estaremos fazendo uma festa de 3 dias non-stop e um circuito de oficinas, ou se teremos um fórum nacional de criatividade (imagina? a gente sonha também!) e isto é o mais legal: trabalhamos com possibilidades – e hoje em dia seria muito difícil começar um projeto com um conceito fechado. Acredito que o festival vai encontrar seu caminho, e este caminho vai depender muito das pessoas que colaborarem com ele.

 

* Todas as fotos foram retiradas do fanpage do Subtropikal.

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