Milkshake Festival 2018 superou as expectativas até dos mais incrédulos


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Uma certa incerteza pairava no ar com relação à segunda edição do festival Milkshake (original de Amsterdam), voltado ao público LGBT+ e que rolou esse sábado (02/06) na Arena Anhembi durante o Pride de São Paulo.

Críticas sobre valores de ingresso, lineup e marketing eram recorrentes nas conversas pessoais e chats de WhatsApp, somadas à extrema tensão gerada pela greve dos caminhoneiros causando falta de combustível por todo o país, que resultou no cancelamento de eventos como o Tim Festival e o Vale Pride Village.

Logo na segunda-feira a produção, da agência Elu! Live Marketing, garantia a todos que o festival ocorreria sem atrasos ou reduções.

A programação foi dividida entre quatro palcos: Live Stage (shows – main stage), SuperToys (eletrônico assinado pelo Club Jerome), We Love Your Soul (de tudo um pouco) e Secret (eletrônico assinado pela H&H Entretenimento). Como faço parte da equipe H&H, acompanhei todo o processo desde quinta-feira, quando cheguei por volta de 9h para a montagem, e pra minha surpresa, todos os palcos estavam praticamente finalizados.

Logo de cara me surpreendi positivamente com o cuidado nos detalhes da produção, mas também fiquei apreensivo com a distribuição dos palcos por conta de possível interferência sonora – já que três dos quatro palcos concentravam-se na Arena Anhembi em área próxima e totalmente aberta.

Foto: Felipe Panfili/Divulgação

No meio da Arena havia a tenda Drag.con contando com uma galeria que explicava a linha do tempo da cultura Drag, mini stage para as performances das drags assinado pela Natura e capela para “casamento” assinada pela Cavalera. O espaço foi basicamente voltado para a cultura drag, que está tão em voga nos dias de hoje. Ponto pra produção por linkar a história dessa cultura com performances de talentos brasileiros e ainda mais por agregar marcas a isso. Além disso o público encontrava food trucks das mais variadas opções, fun park com jogos no estilo quermesse e ativações interativas da Calvin Klein e Warner Bros.

Às 16h os portões foram abertos e de forma tímida o público foi chegando. Durante praticamente todo o evento, os palcos menores sofreram em relação ao quorum um tanto à mercê das principais atrações do palco Live, fazendo com que por diversas vezes ficassem vazios. Mas já era algo a se esperar, pois isso não é incomum em grandes festivais.

Foto: Felipe Panfili/Divulgação

O começo do festival foi marcado pelo incidente – ainda não conhecido plenamente as causas – no show de Wanessa Camargo que começou atrasado e culminou no desligamento do microfone da cantora que sentou no palco e se recusou a sair. Em seguida Preta Gil entrou e convidou a Wanessa para voltar ao palco e cantar sua música do momento. Preta engajou em tom agressivo direcionado à produção falando do respeito aos artistas. Tal incidente repercutiu rapidamente na imprensa e nos grupos de WhatsApp onde a culpa caia nos ombros do evento por conta do atraso.

Cheguei a ler que o atraso foi devido à montagem e técnica do festival, o que por estar na produção de um dos palcos e acompanhar desde quinta-feira posso afirmar que é mentira. Sexta-feira estava tudo pronto e foi dedicado para passagem de som no palco Live onde diversos artistas afinaram seus detalhes. Além disso cada palco tinha seu produtor dedicado acompanhando firmemente os horários das apresentações. De todas as mais de 30 atrações do lineup a única que teve problemas foi Wanessa, ou seja, dedos foram apontados sem apuramento mais profundo

No final, Preta Gil chamou Wanessa de volta ao palco e cantaram mais algumas músicas. Segue o baile.

Esse incidente não tirou o brilho das apresentações do Live Stage com destaque para Daniela Mercury e Pabllo Vittar. Ambos artistas também discursaram, porém Daniela em tom mais sereno acompanhada de instrumental. Já Pabllo super provocativa nos movimentos e figurino, já soltou o papo reto.

Foto: Felipe Panfili/Divulgação

Encerraram as apresentações Gloria Groove e Lia Clark. Após o término dos shows do Live Stage (às 5h) o público dividiu-se entre os três outros palcos e também na área vip que deram sequência até o final do festival às 8h.

Os palcos menores tiveram altos e baixos, mas aconteceram.

We Love Your Soul

Dedicado à “bagaceira”, rolaram hits e clássicos que as pessoas se acabaram de dançar – mesmo no maior frio via-se pessoas saindo suadas de tanta rebolar com o maior sorriso no rosto. Ponto alto foi o show da eterna Gretchen.

Ficou bem cheio depois de acabar o Live Stage.

SuperToys by Club Jerome

O Club Jerome somou força ao time de DJs holandeses. Esse palco é marca registrada da edição original em Amsterdam com uma sonoridade indo do Disco ao Techno. Um robô cenógrafico somado à estruturas de led deram um visual muito legal! É ótimo olhar para um palco e pensar que nunca viu nada parecido.

Mesmo com a concorrência dos shows no Live Stage houve aquela turma que não arredou o pé da pista, afinal o som estava muito bom mesmo. Do início ao fim o som de extremo bom gosto com destaque, do lado do time Jerome, pra Johnny Luxo (que surpreendeu muita gente com uma pegada Disco House sensacional) e pro encerramento de Marina Dias – sempre maravilhosa.

Já no time holandês Larry Tee manteve a linha house e agradou demais. Em seguida, Remon Lacroix trouxe uma pegada mais reta e com menos vocais. Foi super bem aceito nessa linha techno.

Secret Stage by H&H World Tour

O festival Hell & Heaven, que esse ano comemora 10 anos, trouxe o tema Saints & Sinners – tema da sua turnê que já passou por mais de 10 países – com alguns dos talentos do seu time de residentes (H&H Dream Team), como Rodolfo Bravat, Rick Braile e André Queiroz. Completaram o time Guga Rahner (myself) e Denis Ruiz.

Com apoio da Doritos, o palco dedicado ao Tribal House, também segurou os amantes desse estilo mesmo durante o show dos headliners do festival.

Esse stage, que ano passado ficou na pista 2 do Áudio e diversas vezes teve que fechar a porta por não caber mais gente, passou para uma grande tenda que pode acomodar a produção de palco da turnê H&H.

Foto: Felipe Panfili/Divulgação

Balanço

O conceito do festival original foi traduzido de forma mais fidedigna esse ano. Na Holanda, o Milkshake acontece em um parque de Amsterdam durante dois dias com nove palcos. A mudança de espaço ano passado – do Autódromo para espaços de evento (como Audio e Expo Barra Funda), que chamaram de Milkshake Square na Barra Funda, deu mais impressão de uma grande balada do que um festival. O salto em termos de produção esse ano foi além da expectativa e muitas pessoas que atuam no mercado comentaram “isso sim é um festival”.

Ouso dizer que nunca vimos algo de tamanha proporção e qualidade. Tudo funcionou perfeitamente em termos técnicos – luz, som, led e decoração. A distribuição sonora foi um ponto falho, onde diversas reclamações foram feitas. A qualidade do som estava perfeita, porém o We Love Your Soul Stage provavelmente estava operando em volume mais alto e atrapalhou tanto o Live Stage quanto o SuperToys.

Bar também foi ponto fraco. As filas estavam extensas por todo o festival e foi uma reclamação constante.

Foto: Felipe Panfili/Divulgação

As ativações interativas de marca também deram um charme, pois é algo raro em eventos para o público LGBT+. Os jogos também deram um ar divertido pro festival.

Aproximadamente 15 mil pessoas dos mais diversos estilos passaram pelo evento. Não presenciei uma briga sequer nem relato de celulares roubados. Ou seja, rolou harmonia total entre as tribos da comunidade – o que é ponto central do conceito do festival.

Até os mais descrentes ficaram surpreendidos com a produção do festival e não foi por menos. A Elu!, que fez o festival pela primeira vez, acertou em cheio. Ajustes devem ser feitos, mas os problemas não chegam aos pés dos acertos.

Procurei um dos cabeças da produção para saber se já estava confirmada a edição de 2019 e a resposta foi que estão no aguardo de uma resposta. Ficamos na torcida de um sim.

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