Confira Tudo O Que Rolou No 13º UK Festival Awards & Conference


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Na última segunda, aconteceu em Londres a 13a edição do UK Festival Awards & Conference, e o Projeto Pulso esteve por lá. Realizado na lendária Roundhouse, onde também é produzido o iTunes Festival, o evento contou com duas partes distintas, que são vendidas separadamente: conferência e premiação.

Créditos: Inacio Martinelli
Roundhouse um pouco antes da premiação começar – Créditos: Inacio Martinelli

Sendo assim, durante a manhã e início da tarde, importantes nomes de diferentes empresas e iniciativas discutem assuntos atuais em uma pequena conferência com painéis de 50 minutos cada. Nessa edição, os temas abordados iam desde o impacto que a realidade virtual pode ter no setor cultural à expansão do uso do sistema cashless, além de um tutorial sobre como lidar com possíveis desastres naturais e ataques terroristas durante festivais.

Após o fim da conferência, ocorre um intervalo de cerca de três horas. Como a Roundhouse fica nos arredores de Camden Town, bairro famoso por sua cena alternativa e lojas conceituais, não é difícil achar uma passatempo.

Créditos: Bruna Mazzer
Lojinhas em Camden Town – Créditos: Bruna Mazzer

Na volta, após um jantar exclusivo para os convidados (ótimo momento para network), têm início a premiação que elege os melhores festivais britânicos da temporada em diferentes categorias como “Festival de Grande Porte”, “Lineup do Ano”, “Uso de Novas Tecnologias” e até “Melhor Banheiro”. Outros representantes da cadeira produtiva do setor, como promotores, agências de booking e artistas também possuem categorias próprias.

Confira o resumão do UK Festival Awards & Conference abaixo:

CONFERÊNCIA

Painel: O futuro “cashless” dos festivais britânicos

O termo “cashless” se refere ao sistema de pagamento sem uso de dinheiro vivo ou cartão de crédito. A exemplo do que ocorreu na última edição do Tomorrowland e Ultra Brasil, o público carrega a quantia que irá consumir em um cartão do festival ou até na própria pulseira de acesso ao evento (Leia: O Futuro das Pulseiras Já Chegou nos Festivais).

Com a presença de representantes de festivais como Snowbombing e Eastern Electrics, além da Playpass, uma das principais empresas a oferecer o serviço de pagamento Cashless, foram destacadas algumas das principais vantagens do método, como o aperfeiçoamento da gestão de fluxo de caixa e análise de dados de consumo do público, além da melhora na experiência em geral, como a diminuição das filas em bares, por exemplo. Porém, como nem tudo é perfeito, algumas desvantagens também foram discutidas, como a dependência do acesso à internet para que o sistema funcione corretamente.

Créditos: Divulgação
Créditos: Divulgação

Painel: Aumentando a venda de ingressos

Um dos painéis mais interessantes do dia, contou com plataformas de vendas de ingresso como The Ticket Factory, Skiddle e Dice, além de um representante da toda-poderosa Live Nation, maior empresa de entretenimento ao vivo do mundo. Na conversa, ficou claro que as empresas de venda de tickets devem ser vistas como parte do time pelos festivais, pois elas representam o primeiro comprometimento dos fãs com o evento em questão.

Além disso, tais organizações oferecem (ou deviam oferecer) mais do que apenas a venda de ingressos. Com um extenso banco de dados de consumidores e a análise de seus padrões de compra, podem auxiliar os festivais e eventos em geral em termos de inteligência de dados para campanhas de marketing, além de pesquisa de feedback do público e insights em geral.

Painel: Realidade virtual e multimedia

Apesar de ainda estar em um estágio inicial, a realidade virtual já é considerada a próxima grande mudança tecnológica a afetar o consumo da sociedade em geral. Nesse painel,  representantes de empresas como Melody VR e Marshmellow Laser Feast discutiram sobre o impacto da VR na indústria cultural, especialmente em festivais.

Primeiramente, eles deixaram claro que não trabalham com realidade virtual por acharem que o conceito está na moda, mas sim porque a VR possibilita a criação de experiências que não existiriam de outra forma. Além disso, como empresas do porte do Google e Sony estão lançando seus primeiros modelos de headsets, festivais podem ser uma boa forma de testá-los e divulgá-los, representando possíveis oportunidades de ativação de marcas. Como principal objetivo do setor atualmente, destaca-se o aperfeiçoamento da interação entre usuários.

Participantes do painel “Disaster Aversion”.Créditos: Inacio Martinelli

Painel: O declínio das venues locais

A cultura de venues independentes com pequenos palcos, onde bandas iniciantes podem se apresentar para um público ávido por novidades, ainda é muito forte no Reino Unido. Porém, cerca de 40% delas fecharam as portas recentemente, devido à concorrência oferecida por plataformas de streaming e outras formas de entretenimento, o impacto da especulação imobiliária, além da dificuldade em liberar a entrada de menores de idade nesses lugares, por conta de regras do governo.

Porém, organizações como a Music Venue Trust, I Like The Sound of That e Off Exis, que contaram com representantes no debate, buscam formas para combater o fechamento e solucionar os graves problemas financeiros dessas casas. Por serem um hub de novos artistas, as “local venues” são locais de ativismo, essenciais para a manutenção do público e renovação da indústria da música, impactando diretamente os festivais.

Arctic Monkeys em frente ao Sheffield Boardwalk, uma das casas que fecharam as portas recentemente. Créditos: Nick Harland

Painel: Como evitar desastres

Desastre nesse contexto pode ser entendido como uma chuva de raios em um campo aberto, inundações ou um ataque terrorista. Por motivos óbvios, a preocupação dos ingleses em relação à possibilidade de ataques terroristas é muito maior do que no Brasil. Porém, foi possível tirar valiosas lições desse painel, que contou com a participação de um representante da Universidade de Brighton, um da Emergency Planning College, centro especializado em gestão de crises, e outro do governo.

Para os experts, a chave para evitar qualquer tipo de desastre, seja ele natural ou não, é o planejamento pré-evento e treinamento da equipe. É muito importante ter um claro plano de gestão de crise que seja de conhecimento de todos os responsáveis pelo evento em questão e seus respectivos times. Além disso, a comunicação com o público nesses casos é essencial para evitar maiores problemas e os apps de festivais são uma ótima ferramenta para isso.

Créditos: Eddie Keogh/Reuters
Glasto 2005 – Créditos: Eddie Keogh/Reuters

PREMIAÇÃO

O grande momento do evento é a entrega da premiação para os melhores em 22 categorias. A primeira fase da seleção é feita pelo voto do público, que escolhe os indicados. Após isso, um júri especializado decide o grande vencedor.

Confira a lista dos ganhadores em todas as categorias.

Festival (grande porte): Creamfields

Festival (médio porte): Kendal Calling

Festival (pequeno porte): Wildfire Adventure Camp

Novo Festival: Positive Vibrations

Festival Estrangeiro: Electric Elephant

Festival para a Família: Bearded Theory Festival

Festival Metropolitano (dentro da cidade): Liverpool Music Week

Festival de Dance Music: We Are FSTVL

Melhor Banheiro: Latitude Festival

Lineup do ano: End of The Road Festival

Melhor Performance de um Headliner: Elton John no Henley Festival

Melhor Produtora: AEG Live (UK)

Festival Ecológico: The Secret Festival

Atividade Off-Música: O maior castelo inflável do mundo no Bestival

Ativação de Marca: Relentless no Leeds Festival

Uso de Novas Tecnologias: Melody VR

Concessão do Ano (Comida, bebida e merchandising): Notso Sushi

Festival Off-Música: Magical Lantern Festival

Agência de Artistas: Coda Music Agency

Melhor Festival para Novos Talentos: Liverpool Sound City

Hospitalidade (para artistas): Download Festival

Prêmio Honorário: Dick Tee – produtor com mais de 30 anos de experiência no setor de festivais do UK e dono da famosa produtora Entertainment.

O lendário produtor usa sempre um uniforme onde lê-se: Dick Head of Production. Uma piada com o termo Dickhead. Créditos: Louise Duff
O lendário produtor usa sempre um uniforme onde lê-se: Dick Head of Production. Uma piada com o termo Dickhead. Créditos: Louise Duff

No geral, o UK Festival Awards & Conference é um ótimo evento para ficar por dentro das principais tendências e desafios do setor de festivais de música do Reino Unido que, junto com os eventos americanos, servem como referência para o restante do mundo.

Porém, apesar de interessante, a parte da conferência acaba sendo negligenciada pelo público, principalmente por causa do horário, o que acarretou em alguns painéis vazios. Além disso, devido ao grande número de categorias, a premiação acaba sendo um pouco cansativa e sem emoção, já que discursos não são permitidos.

Portanto, o maior atrativo do evento é o networking e a oportunidade de conhecer grandes organizações, startups e influencers da consolidada cadeia produtiva dos festivais britânicos. Fica a lição de que a troca de conhecimento e experiências entre os principais players do segmento é essencial para o crescimento de toda indústria.

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