Review Bananada 20 anos: Resistência e Orgulho Verde e Amarelo


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A expectativa era alta. Durante anos acompanhei à distância o mais tradicional festival independente do centro-oeste. Mesmo que não caiba a comparação, sempre imaginei o Bananada como uma espécie de Primavera Sound Brasileiro. Não perderia sua comemoração de 20 anos por nada.

Apesar de Goiânia sediar o principal festival de música sertaneja do Brasil – o Villa Mix – a capital é também um dos principais núcleos de resistência da cena rock do país.

Resistência? “Eu não posso chamar este festival de resistência. Chamo de existência”. Falou e disse o saudoso Miranda em um vídeo comemorativo exibido pelo festival antes do show do Boogarins, que neste ano se apresentou também no Coachella.

Miranda Vive

Existência e resistência caminhavam lado a lado no evento. É difícil imaginar a existência de um festival indie no meio do Brasil comemorando 20 anos. Ainda mais quando sua principal bandeira é uma de resistência: política, cultural e social.

O resultado foi emocionante: o Brasil que dá orgulho de ver.

Um início conturbado…

Tá certo que o primeiro dia foi complicado. Uma sequência de incidentes que, juntos, viraram uma grande bola de neve. Mesmo tendo realizado um evento teste de proporções menores na quinta-feira, a sexta-feira foi marcada por uma produção atravancada.

A escalação do principal headliner do festival – Gilberto Gil – para às 21h20, duas horas após a abertura dos portões (e praticamente sem shows antes) – fez com que todo mundo chegasse ao mesmo tempo. O local – inédito para a produção – não pegava bem o sinal de celular. O sistema cashless estava lento, lento demais. Longas filas se formaram: para entrar no evento, para carregar as pulseiras, para comprar e pegar comidas e bebidas etc.

Vale lembrar que situação semelhante aconteceu no Lollapalooza 2017 (veja o review), quando milhares de pessoas passaram horas em filas tentando pegar um copo de chope para assistir seu show favorito. Em 2018, o Lolla acertou a mão. Enviou a pulseira para a casa das pessoas, colocou uma data de vencimento para o carregamento pré-evento e mudou a operação de chope para latas (mais rápido).

Felizmente, a produção se preparou e tudo foi resolvido para o 2º e 3º dias de Bananada. A organização dos demais dias foi suave, praticamente sem filas. Um festival tranquilo, com uma vibe sensível e do bem, daquelas que a gente costuma encontrar nos festivais regionais de pequeno/médio porte. Dali em diante, só sucesso.

Coerência entre discurso e prática

Logo na entrada do estacionamento, a placa “Bem-vindxs” dava o recado de que o festival era para todxs, independente de gêneros. O banheiro em frente aos palcos principais reforçou a mensagem.

Você é livre pra escolher

A diversidade também estava presente na grade artística do Bananada, que convidou nomes como Pablo Vittar, a banda As Bahias e Cozinha Mineira e a/o/ rapper paulista de gênero não-binário Triz.

Uma lição de coerência entre discurso e prática para marcas e festivais que investem em diversidade, mas não fazem o dever de casa completo.

Ativações de marcas inteligentes

Patrocinadores estavam no Bananada de forma inteligente e coerente com a proposta do festival. Os palcos eram assinados pela Chilli Beans, Red Bull, Catuaba Selvagem e Sympla.

Destaque para a Natura, que montou um estúdio aberto de maquiagem no meio do festival, uma cabine de fotografia sensorial onde cada sala representava um perfume da nova coleção e equipes volantes circulando pelas pistas, fotografando grupos de pessoas, com um discurso afinado sobre diversidade a cada abordagem.

Natura privilegiou o acesso e circulação das pessoas

Como o povo gosta mesmo é de brinde, a Natura também davam uma amostra do perfume e adesivos com frases divertidas. Acessibilidade, circulação e pertinência. Nada de stands do tipo aquário, fechados e com filas gigantescas.

Tb merece destaque a Farm, que montou uma lojinha de produtos feitos para o festival.

Farm produziu uma linha especial para o festival

Experiência gastronômica 10, nota 10!

 O Bananada foi o festival brasileiro que melhor comi e bebi.

Enquanto em outros eventos a disputa se dá no conflito de horários no line-up, minha dúvida era beber um gin tônica a R$ 15,00 ou um chope Ipa à R$ 10,00.

Não havia latas de cerveja. A Columbina, marca de cerveja local, vendeu chopes artesanais variados: IPA, Weiss, Braveza (com sabor de Jabuticada) e até uma Sour especial.

Água grátis, chope artesanal e gin tônica a R$ 15,00

Se por um lado o chope desceu bem, a operação de encher os copos com a chopeira em alguns momentos foi lenta demais.

Chope Columbina

Quanto à comida, além da tradicional pizza e dos hamburgers (do maravilhoso Tio Bàk, R$ 20,00 o duplo com bacon!), a Chef local Emi Azambuja conquistou meu estômago e coração com pratos regionais como o Chica Doida com Frango Thai (R$ 18,00), uma espécie de purê de pamonha super saborosa, e ainda as sobremesas com Banana, doce de leite e amendoim. 10, nota 10!

A Chef Emi Azambuja finalizando a sobremesa de banana (Foto: Ariel Martini e Mídia Ninja)

No mais, apesar da água ser distribuída gratuitamente (golasso), esta poderia ser servida em estações do tipo bebedouros ao invés de copos e garrafas de plástico. Senti a falta do Copo Eco, que pode ser reutilizado e que já marca presença em vários festivais.

Palheta sonora diversa e regional

O Bananada caprichou na seleção musical para a comemoração dos seus 20 anos.

Vi um pouco do Gil, que se apresentou na sexta, e fiquei com a impressão de que o show poderia ter rolado no domingo de tarde. Neste dia, curti a sonoridade folktronica do projeto colombiano Meridian Brothers.

Sempre Gil – Foto Divulgação

No sábado, me surpreendi com a presença de palco da Ava Rocha (mais performance, por favor!) e com o pós-axé eletrônico e pesadão do ÀTTØØXXÁ. Pablo Vittar trouxe dançarinos para o palco, participações especiais e lacrou a noite de sábado.

A Pablo lacrou – Foto Divulgação

Mas as apresentações mais impressionantes foram mesmo as do rapper Rincón Sapiência e do grupo de rock psicodélico Boogarins. O primeiro, pela vitalidade, energia e presença de palco. Rincón pôs o dedo na cara e fez todo mundo dançar. Já os camaradas do Boogarins estavam tocando em casa, encerrando uma turnê mundial. Mais à vontade, impossível.

O show do Rincón foi um dos pontos altos do festival – Foto Divulgação

Infelizmente não assisti ao Nação Zumbi e nem ao Baianasystem. Domingo de madruga não rola. Fica o pedido para que este encerramento possa terminar mais cedo nas próximas edições.

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Parabéns pelos 20 anos de Bananada! Que venham os próximos 20!

Ps: em breve estrearemos uma coluna no blog da Sympla. Nosso primeiro review em vídeo será do Bananada 20 anos. Fiquem ligadxs!

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